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Os benefícios do uso de remédios anti-hipertensivos não são claros para pessoas com hipertensão leve

A maioria das pessoas candidatas a receber alguma medicação para controlar a hipertensão leve é composta de indivíduos com pressão arterial levemente elevada mas sem eventos cardiovasculares anteriores (isto é, sem derrame ou infarto). A decisão de tratar essa população tem importantes consequências para os pacientes, como por exemplo, efeitos adversos dos medicamentos, o longo período de tratamento e o custo. Traz também consequências para quem paga o tratamento (convênios, serviços públicos), tais como o custo elevado dos remédios, consultas médicas, exames laboratoriais etc. Esta revisão sistemática da literatura resumiu as evidências existentes comparando os desfechos de saúde entre indivíduos tratados e não tratados para hipertensão leve. Com base nos dados disponíveis a partir dos poucos estudos incluindo poucos participantes, não há diferenças entre indivíduos tratados e não tratados quanto a ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (derrame) e morte. Cerca de 9% dos pacientes tratados com esses medicamentos para hipertensão interromperam o tratamento devido a efeitos adversos. Portanto, os benefícios e prejuízos de terapia com drogas anti-hipertensivas para pessoas com hipertensão leve precisam ser melhor investigados.

Introdução

As pessoas sem eventos cardiovasculares anteriores ou doenças cardiovasculares constituem a população alvo para a prevenção primária. Na atualidade, não se sabe quais são os benefícios e os prejuízos de se tratar a hipertensão leve nessa população. Esta revisão analisa as evidências existentes a partir de ensaios clínicos randomizados.

Objetivos

Objetivo primário: quantificar os efeitos do tratamento medicamentosa anti-hipertensivo na mortalidade e morbidade em adultos com hipertensão leve (sistólica entre140-159 mmHg e/ou diastólica entre 90-99 mmHg) e sem doença cardiovascular.

Métodos de busca

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: CENTRAL (2013, número 9), MEDLINE (1946 a outubro de 2013) e EMBASE (1974 até outubro de 2013) e ClinicalTrials.gov (até outubro de 2013). A busca foi complementada pela avaliação das listas de referência dos artigos. Buscamos também nas bases The Cochrane Database of Systematic Reviews e Database of Abstracts of Reviews of Effectiveness (DARE) por revisões sistemáticas e metanálises sobre uso de anti-hipertensivos em comparação com placebo ou nenhum tratamento até o final de 2011.

Critério de seleção

Incluímos ensaios clínicos randomizados com duração de pelo menos um ano.

Coleta dos dados e análises

Os desfechos avaliados foram: mortalidade, acidente vascular cerebral, doença coronariana, total de eventos cardiovasculares e abandonos de tratamento devido a efeitos adversos.

Principais resultados

Dos 11 ensaios clínicos randomizados identificados, 4 (com 8.912 participantes) foram incluídos nesta revisão. O tratamento com drogas anti-hipertensivas por 4 a 5 anos não reduziu a mortalidade total, quando comparado com o placebo (risco relativo, RR, de 0,85, com intervalo de confiança de 95%, 95% CI, de 0,63 a 1,15). Em estudos envolvendo 7.080 participantes, o tratamento com drogas anti-hipertensivas, em comparação com o placebo, não reduziu a doença cardíaca coronariana (RR 1,12, 95% CI 0,80 a 1,57), o acidente vascular cerebral (RR 0,51, 95% CI 0,24 a 1.08), ou o total de eventos cardiovasculares (RR 0,97, 95% CI 0,72 a 1,32). O grupo que usou terapia medicamentosa teve maior taxa de abandono do tratamento devido à presença de efeitos adversos (RR 4,80, 95% CI 4,14 a 5,57), com aumento do risco absoluto de 9%.

Conclusão dos autores

Segundo os resultados de ensaios clínicos randomizados, o tratamento de adultos (prevenção primária) com hipertensão leve (sistólica entre 140-159 mmHg e/ou diastólica de 90-99 mmHg) não reduziu a mortalidade ou morbidade. Os efeitos adversos fizeram com que 9% dos pacientes interrompessem o tratamento. Mais ensaios clínicos randomizados são necessários nesta população para se saber se os benefícios do tratamento superam os danos.

Notas de tradução

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Arnaldo Silva)

Citation
Diao D, Wright JM, Cundiff DK, Gueyffier F. Pharmacotherapy for mild hypertension. Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 8. Art. No.: CD006742. DOI: 10.1002/14651858.CD006742.pub2.

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