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A terapia laser transcraniana (terapia com luz de baixa intensidade aplicada na cabeça) não reduz o número de pessoas que morrem ou têm incapacidade moderada a grave 90 dias após um AVC isquémico (em que o fluxo sanguíneo para o cérebro é bloqueado por um coágulo sanguíneo).
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Os estudos existentes fornecem evidência que é insuficiente para apoiar a utilização de rotina da terapia laser transcraniana em pessoas com AVC isquémico.
O que é o AVC isquémico e como é tratado?
Um AVC isquémico ocorre quando um coágulo de sangue bloqueia uma artéria no cérebro, cortando o fluxo sanguíneo e matando as células cerebrais. Uma pessoa que tenha sofrido um AVC isquémico pode sentir-se confusa, fraca ou ter dificuldade em falar ou mover-se.
Atualmente, os principais tratamentos para o AVC isquémico incluem medicamentos injetados numa veia para dissolver os coágulos sanguíneos e cirurgia para remover os coágulos sanguíneos dos vasos cerebrais. Ambas as opções são conhecidas como terapias de reperfusão: tratamentos que visam reabrir os vasos sanguíneos bloqueados e restaurar o fornecimento de sangue ao tecido cerebral.
Porque é que esta revisão é importante?
A extensão da lesão cerebral após um AVC isquémico depende do tempo que o cérebro fica privado de oxigénio, porque as células cerebrais só conseguem sobreviver sem oxigénio durante um período limitado. Por conseguinte, as terapias de reperfusão devem ser administradas o mais cedo possível. No entanto, algumas pessoas que recebem terapias de reperfusão continuam a ter incapacidade grave e podem mesmo morrer. Isto exige a exploração de novos tratamentos.
A terapia laser transcraniana é também conhecida como fotobiomodulação, terapia de luz de baixa intensidade ou terapia laser de infravermelhos próximos. Esta tecnologia não invasiva transmite energia laser através do couro cabeludo e do crânio para estimular a cicatrização no cérebro. É considerado um tratamento promissor para melhorar os resultados após um AVC isquémico.
O que pretendíamos descobrir?
Queríamos saber se a terapia laser transcraniana poderia ajudar a reduzir a incapacidade e a morte em pessoas com AVC isquémico, e se estava associada a danos.
O que fizemos?
Procurámos estudos que compararam a terapia laser transcraniana com terapia simulada (falsa) ou nenhuma terapia em pessoas que tinham tido um AVC isquémico, com ou sem tratamento habitual em ambos os grupos. Avaliámos a qualidade dos estudos incluídos, comparámos e resumimos os seus resultados e classificámos a nossa confiança nos resultados.
O que descobrimos?
Incluímos quatro estudos com 1.420 pessoas que tinham tido um AVC isquémico. Os estudos incluídos foram publicados entre 2007 e 2014 e foram realizados em diferentes hospitais na Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia ou em mais do que um destes continentes. Os participantes eram maioritariamente homens (59,6%), com uma idade média de 68,3 anos. Todos foram incluídos nos estudos no prazo de 24 horas após terem tido sintomas de AVC.
Em comparação com o tratamento simulado, a terapia laser transcraniana resulta em pouca ou nenhuma diferença no número de pessoas com incapacidade moderada a grave ou morte 90 dias após o AVC isquémico. A terapia com laser transcraniano pode ter pouco ou nenhum efeito na taxa de mortalidade e na melhoria da gravidade do AVC, e provavelmente tem pouco ou nenhum efeito nos danos. No entanto, pode reduzir ligeiramente os danos graves.
Quais são as limitações da evidência?
Os estudos incluídos eram geralmente pequenos e foram realizados há pelo menos 10 anos. Houve inconsistências nos resultados entre os estudos, o que limitou a nossa capacidade de tirar conclusões. Um estudo não esclareceu se as pessoas que mediram o resultado sabiam a que grupo pertenciam os participantes, o que poderia ter influenciado a forma como registaram ou interpretaram os resultados relativos à incapacidade moderada a grave, à melhoria da gravidade do AVC e aos danos graves.
Quão atualizada se encontra a evidência?
Esta evidência encontra-se atualizada até agosto de 2024.
Tradução e revisão final por: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.