Fenobarbital pós-natal para para prevenir a hemorragia intraventricular em bebês prematuros

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Os bebês prematuros que têm grandes hemorragias no centro do cérebro podem morrer ou ficar com sequelas. A instabilidade na pressão arterial e no fluxo de sangue para o cérebro pode causar hemorragia intraventricular (HIV). A HIV é o acúmulo de sangue dentro das cavidades do cérebro (ventrículos) que deveriam conter apenas líquido. O fenobarbital estabiliza a pressão arterial e, portanto, poderia ajudar a prevenir a HIV. Revisamos os ensaios clínicos randomizados (um tipo de estudo) sobre esse assunto e chegamos à conclusão que não existe evidência suficiente de que o fenobarbital pós-natal seja eficaz na prevenção da HIV. Além disso, o fenobarbital pode suprimir a respiração de bebês que estão respirando espontaneamente, o que faz com que eles possam precisar de ventilação mecânica.

Conclusão dos autores: 

A administração pós-natal de fenobarbital não pode ser recomendada para prevenir a HIV em bebês prematuros e está associada a uma maior necessidade de ventilação mecânica.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A hemorragia intraventricular (HIV) é uma complicação importante nos prematuros. As grandes hemorragias estão associadas a um alto risco de incapacidade e hidrocefalia. Acredita-se que a instabilidade da pressão arterial e do fluxo sanguíneo cerebral sejam os fatores causais da HIV. Outro mecanismo pode envolver danos de reperfusão causados pelos radicais livres de oxigênio. O fenobarbital foi apontado como um possível tratamento seguro para estabilizar a pressão arterial e proteger contra os radicais livres.

Objetivos: 

Avaliar o efeito da administração pós-natal de fenobarbital em prematuros sobre o risco de HIV, comprometimento do desenvolvimento neurológico ou morte.

Métodos de busca: 

Usamos a estratégia de busca do Grupo de Revisão Neonatal. O autor original da revisão (A Whitelaw) era um pesquisador ativo nesta área e tinha contato pessoal com muitos grupos que trabalhavam com esse assunto. Ele pesquisou revistas desde 1976 (quando surgiu a tomografia computadorizada craniana-TC) até outubro de 2000. As revistas pesquisadas incluíram: Pediatrics, Journal of Pediatrics, Archives of Disease in Childhood, Pediatric Research, Developmental Medicine and Child Neurology, Acta Paediatrica, European Journal of Pediatrics, Neuropediatrics, New England Journal of Medicine, Lancet e British Medical Journal. Em 31 de outubro de 2012, fizemos buscas na National Library of Medicine (USA) (via PubMed) e no Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL, 2012, Issue 10). Incluímos estudos publicados em outros idiomas, contanto que tivessem um resumo em inglês. Fizemos a leitura dos artigos identificados no idioma original ou fizemos uma tradução.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados controlados (ECRs) ou quasi-randomizados que avaliaram o uso de fenobarbital em prematuros com risco para HIV devido à idade gestacional < 34 semanas, peso <1500 g ou insuficiência respiratória. Os estudos também tinham que ter diagnóstico de HIV for ultra-som ou TC.

Coleta dos dados e análises: 

Extraímos dados sobre a seleção dos pacientes, o risco de viés e detalhes sobre a administração do fenobarbital. Os principais desfechos foram: HIV (com graduação), dilatação ventricular pós-hemorrágica ou hidrocefalia, comprometimento do neurodesenvolvimento e morte. Além disso, avaliamos os efeitos adversos do fenobarbital, como hipotensão, ventilação mecânica, pneumotórax, hipercapnia e acidose.

Principais resultados: 

Incluímos 12 ECRs que recrutaram 982 bebês. Houve heterogeneidade nos resultados dos estudos para o desfecho HIV: 3 estudos relataram uma diminuição significativa na HIV e 1 estudo encontrou um aumento na HIV no grupo que recebeu fenobarbital. A metanálise não mostrou diferença entre o grupo tratado com fenobarbital e o grupo controle para HIV (razão de risco -RR 0,91; IC 95% 0,77 a 1,08), HIV grave (RR 0,77; IC 95% 0,58 a 1.04), dilatação ventricular pós-hemorrágica (RR 0,89; IC 95% 0,38 a 2,08), comprometimento grave do neurodesenvolvimento (RR 1,44; IC 95% 0,41 a 5,04) ou morte antes da alta hospitalar (RR 0,88; IC 95% 0,64 a 1,21). Os estudos mostraram uma tendência consistente para o aumento do uso de ventilação mecânica no grupo tratado com fenobarbital. Isso foi confirmado na metanálise (RR 1,18; IC 95% 1,06 a 1,32; diferença de risco- RD 0,129; IC 95% 0,04 a 0,21). Porém, não houve diferença significativa na incidência de pneumotórax, acidose ou hipercapnia.

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (André Felipe P Duarte e Maria Regina Torloni). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br