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Os suplementos de antioxidantes ajudam as pessoas com doença falciforme (glóbulos vermelhos com forma invulgar)?

Mensagens-chave

- Em comparação com um comprimido simulado (placebo), o zinco e a N-acetilcisteína (NAC; 1.200 mg) podem não reduzir a frequência dos episódios dolorosos (crises) que as pessoas com doença falciforme (SCD) sofrem.

- O zinco pode melhorar ligeiramente o estado da hemoglobina (número de glóbulos vermelhos), mas a L-arginina não. A L-arginina também reduz provavelmente a gravidade da dor, mas pode não reduzir a frequência de hospitalização.

- São necessários estudos mais amplos para avaliar os efeitos da vitamina C mais vitamina E, zinco, NAC, L-arginina e ómega 3. Estudos futuros devem avaliar o número e a gravidade dos episódios dolorosos que as pessoas com DF apresentam, a sua qualidade de vida, os efeitos nocivos do tratamento e a frequência de hospitalização.

O que é a doença falciforme (SCD) e como é tratada?

A doença das células falciformes é uma doença hereditária que afeta as células sanguíneas que transportam o oxigénio através do corpo. Os glóbulos vermelhos das pessoas com esta doença ficam em forma de foice (quase como a letra C) quando os níveis de oxigénio são baixos. Os glóbulos vermelhos em forma de foice levam à produção de substâncias nocivas chamadas radicais livres.

"Antioxidante" é um termo geral utilizado para descrever qualquer substância capaz de proteger as células do nosso corpo contra substâncias químicas chamadas radicais livres, que são capazes de danificar as células.

Os antioxidantes podem ajudar a reduzir o processo de falcização e melhorar a recuperação das complicações das células falciformes, conhecidas como crises falciformes. Uma crise de células falciformes é a dor que ocorre quando os glóbulos vermelhos ficam em forma de foice devido à falta de oxigénio no sangue.

O que pretendíamos descobrir?

Queríamos descobrir se a administração de suplementos antioxidantes a pessoas com SCD reduzia a frequência das crises, reduzia a dor e melhorava a sua qualidade de vida. Também queríamos descobrir se havia danos associados aos suplementos antioxidantes para pessoas com SCD.

O que fizemos?

Procurámos estudos que comparassem antioxidantes com placebo ou outros antioxidantes, ou que comparassem duas doses diferentes do mesmo antioxidante. Comparámos e resumimos as suas conclusões e classificámos a nossa confiança na evidência, com base em fatores como os métodos e as dimensões dos estudos.

O que encontrámos?

Incluímos 26 estudos que avaliaram 11 antioxidantes, envolvendo 1.609 crianças e adultos com DF. Os estudos tiveram lugar na Bélgica, Brasil, Índia, Jamaica, Países Baixos, Nigéria, Sudão, Reino Unido e EUA. Treze estudos foram financiados com fundos públicos, três estudos foram financiados por empresas farmacêuticas e quatro estudos foram financiados por uma mistura de ambos. Um estudo não recebeu financiamento e cinco estudos não forneceram informações sobre as suas fontes de financiamento.

Apenas oito estudos relataram os nossos resultados importantes seis meses após o tratamento:

- frequência das crises (quatro estudos);
- gravidade da dor (três estudos);
- qualidade de vida (um estudo);
- efeitos adversos (ou seja, efeitos indesejáveis; dois estudos);
- frequência de hospitalização (dois estudos);
- frequência de complicações relacionadas com a MSC (três estudos);
- alteração do estado da hemoglobina (cinco estudos).

Os oito estudos investigaram diferentes antioxidantes: vitamina C e E, zinco, N-acetilcisteína (NAC), L-arginina e ómega 3.

Principais resultados

Não sabemos ao certo se a vitamina C (1.400 mg) e a vitamina E (800 mg) são melhores do que o placebo para reduzir a frequência das crises ou a gravidade da dor, ou se causam mais efeitos indesejáveis (1 estudo, 83 participantes). Também não temos a certeza se a vitamina C mais a vitamina E são melhores do que o placebo na redução dos problemas de saúde relacionados com a DF e no aumento dos níveis sanguíneos nas pessoas com DF.

O zinco pode não ser melhor do que o placebo na redução da frequência das crises, mas pode resultar num ligeiro aumento do nível sanguíneo (1 estudo, 36 pessoas). Estamos muito incertos sobre os efeitos do zinco nas complicações relacionadas com a SCD, como as úlceras nas pernas (1 estudo, 34 participantes).

A NAC (1.200 mg) pode não ser melhor do que o placebo na redução da frequência das crises, da gravidade da dor e dos níveis sanguíneos. Não temos certezas quanto ao seu efeito na qualidade de vida, efeitos indesejáveis, frequência de hospitalização e complicações relacionadas com a doença coronária (1 estudo, 96 participantes).

A L-arginina pode não ser melhor do que o placebo na redução da frequência das crises (dores mensais) (1 estudo, 50 participantes). No entanto, a L-arginina pode ser melhor do que o placebo na redução da gravidade da dor (2 estudos, 125 participantes). Além disso, a taxa de eventos indesejáveis foi semelhante em ambos os grupos de tratamento. A L-arginina pode não ser melhor do que o placebo na redução do tempo de internamento hospitalar (2 estudos, 125 participantes) ou no aumento dos níveis sanguíneos (2 estudos, 106 participantes).

Não sabemos ao certo se os ómega-3 causam mais efeitos indesejáveis em pessoas com SCD do que o placebo, ou se são melhores a aumentar os níveis sanguíneos (1 estudo, 67 participantes).

Quais são as limitações da evidência?

De um modo geral, não estamos muito confiantes sobre os efeitos dos antioxidantes no tratamento da doença falciforme, porque o número de estudos para cada comparação foi muito pequeno para se ter certeza sobre os resultados. Também nos preocupou a forma como alguns dos estudos foram efetuados. É provável que novos estudos venham a alterar estes resultados.

Quão atualizada se encontra a evidência?

A evidência encontra-se atualizada até 15 de agosto de 2023.

Notas de tradução

Tradução e revisão final por: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

Citation
Bolarinwa AB, Oduwole O, Okebe J, Ogbenna AA, Otokiti OE, Olatinwo AT. Antioxidant supplementation for sickle cell disease. Cochrane Database of Systematic Reviews 2024, Issue 5. Art. No.: CD013590. DOI: 10.1002/14651858.CD013590.pub2.

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