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Níveis de pressão positiva contínua nas vias aéreas por via nasal para a prevenção da morbidade e mortalidade em bebês prematuros

Pergunta da revisão

Como é que dar aos bebês prematuros níveis baixos versus moderados-altos de pressão positiva contínua nas vias aéreas(CPAP) através das narinas (via nasal) afeta desfechos importantes para a saúde?

Introdução

Os bebês prematuros nascem mais cedo do que o esperado. Em comparação com os bebês a termo, os bebês prematuros têm pulmões imaturos, que estão em risco de colapso parcial. Este colapso dificulta o transporte de oxigênio dos pulmões para o corpo e a remoção do dióxido de carbono do corpo. Assim, tais bebês são comumente tratados com CPAP nasal. Esta terapia mantém uma pressão positiva nas vias aéreas para deixar os pulmões abertos e prevenir a insuficiência respiratória. A pressão é aplicada por meio de uma máscara ou de prongas presas ao nariz. O CPAP nasal pode ser usado na admissão na unidade de terapia intensiva neonatal como suporte respiratório inicial e também após um período de ventilação mecânica (uso de uma máquina de respiração) e extubação (remoção de um tubo que auxilia na respiração). A equipe de saúde escolhe a pressão a ser dada. A quantidade de pressão é chamada de nível de CPAP, que é medida em unidades de centímetros de água (cm H2O). Tanto a pressão insuficiente quanto a excessiva pode ser prejudicial. Não se sabe quais níveis de CPAP levam aos melhores desfechos. Realizamos uma busca abrangente na literatura médica para resumir o impacto do uso de níveis de CPAP iniciais baixos (≤ 5 cm H2O) versus moderados-altos (> 5 cm H2O) em bebês prematuros.

Características dos estudos

A busca está atualizada até 6 de novembro de 2020. Incluímos 11 estudos na revisão. Quatro estudos relataram desfechos de saúde que tínhamos pré-selecionado como sendo relevantes para os bebês prematuros. Os demais estudos relataram desfechos fisiológicos a curto prazo, tais como os níveis de oxigênio, freqüência cardíaca e pressão sanguínea.

Resultados principais

Dos quatro estudos que relataram desfechos de saúde pré-selecionados, só pudemos combinar dados de dois estudos que compararam os níveis de CPAP nasal para suporte respiratório inicial e dois estudos que compararam os níveis de CPAP para suporte após a extubação. Com base nos dados destes estudos, não sabemos se níveis de CPAP nasal baixos ou moderados-altos melhoram estes desfechos. Estudos futuros são necessários para responder nossa pergunta de revisão.

Certeza (qualidade) da evidência

O número total de estudos e participantes era pequeno. Além disso, alguns dos estudos incluídos tinham falhas que limitavam a acurácia (precisão) de seus resultados. Portanto, julgamos nossas conclusões como sendo de muito baixa certeza (qualidade).

Introdução

Os bebês prematuros correm risco de ter atelectasias pulmonares, devido à imaturidade anatômica e funcional do sistema respiratório. Estes fatores aumentam o risco de estes bebês desenvolverem insuficiência respiratória e danos associados. A pressão positiva contínua nas vias aéreas nasais (CPAP) é uma intervenção em que há a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas através das narinas (via nasal). Ela ajuda a prevenir atelectasias e facilita a troca gasosa adequada em bebês que estão respirando espontaneamente. A CPAP nasal é utilizada no cuidado de bebês prematuros em todo o mundo. Apesar de ser comumente utilizada, os níveis de pressão apropriados a serem aplicados durante o uso da CPAP nasal permanecem incertos.

Objetivos

Avaliar os efeitos de níveis de CPAP nasal iniciais "baixos" (≤ 5 cm H2O) versus "moderados-altos" (> 5 cm H2O) em bebês prematuros para: 1) suporte respiratório inicial após o nascimento e ressuscitação neonatal ou 2) uso após ventilação mecânica e extubação endotraqueal.

Métodos de busca

Fizemos uma busca abrangente em 6 de novembro de 2020 nas seguintes bases de dados: CENTRAL via CRS Web e MEDLINE via Ovid. Também buscamos por ensaios clínicos controlados randomizados (ECRs) e ensaios quase-randomizados em bases de registros de ensaios clínicos e nas listas de referências dos artigos recuperados.

Critério de seleção

Incluímos ECRs, ensaios quase-randomizados, ECRs do tipo cluster e ECRs do tipo cross over com bebês pré-termo de idade gestacional < 37 semanas ou peso ao nascer < 2500 gramas que utilizaram diferentes níveis de CPAP nasal nos primeiros 28 dias de vida.

Coleta dos dados e análises

Utilizamos os métodos padrão da Cochrane Neonatal para coletar e analisar os dados. Utilizamos a abordagem GRADE para avaliar a certeza (qualidade) das evidências para os desfechos primários pré-especificados.

Principais resultados

Onze estudos preencheram os critérios de inclusão da revisão. Quatro ECRs eram do tipo paralelo e relatavam nossos desfechos primários ou secundários pré-especificados. Dois ECRs randomizaram 316 bebês para receber baixos versus moderados-altos níveis de CPAP nasal para suporte respiratório inicial. Os outros dois ECRs randomizaram 117 bebês para receber baixos versus moderados-altos níveis de CPAP nasal após a extubação endotraqueal. Os sete estudos restantes eram ECRs do tipo cross over e relatavam desfechos fisiológicos a curto prazo. As fontes potenciais mais comuns de viés foram a ausência de mascaramento dos investigadores e avaliadores ou sua realização inadequada ou pouco clara e a incerteza quanto ao relato seletivo.

CPAP nasal para suporte respiratório inicial após o nascimento e para ressuscitação neonatal

Nenhum dos seis desfechos primários pré-estabelecidos para inclusão no nosso resumo dos achados principais foi elegível para meta-análise. Nenhum estudo relatou informações sobre alteração no neurodesenvolvimento moderada a grave após 18 a 26 meses. Os cinco desfechos restantes foram relatados em um único estudo. Com base neste estudo, não sabemos se níveis baixos ou moderados-altos de CPAP nasal melhoram os desfechos: morte ou displasia broncopulmonar (DBP) com 36 semanas de idade pós-menstrual (risco relativo (RR) 1,02, intervalo de confiança (IC) 95% 0,56 a 1,85; 1 estudo, 271 participantes); mortalidade até a alta hospitalar (RR 1,04, IC 95% 0,51 a 2,12; 1 estudo, 271 participantes); DBP aos 28 dias de idade (RR 1,10, IC 95% 0,56 a 2,17; 1 estudo, 271 participantes); DBP aos 36 semanas de idade pós-menstrual (RR 0,80, IC 95% 0,25 a 2,57; 1 estudo, 271 participantes); e falha no tratamento ou necessidade de ventilação mecânica (RR 1,00, IC 95% 0,63 a 1,57; 1 estudo, 271 participantes). Avaliamos a certeza da evidência como muito baixa para todos os cinco desfechos devido à presença de risco de viés, inconsistência entre os resultados dos estudos e imprecisão nas estimativas dos efeitos.

CPAP nasal após ventilação mecânica e extubação endotraqueal

Um dos seis desfechos primários pré-estabelecidos para inclusão no resumo dos principais resultados foi elegível para meta-análise. Com base nesses dados, não sabemos se níveis baixos ou moderados-altos de CPAP nasal melhoram o desfecho falha do tratamento ou necessidade de ventilação mecânica (RR 1,52, IC 95% 0,92 a 2,50; 2 estudos, 117 participantes; I2= 17%; diferença de risco 0,15, IC 95% -0,02 a 0,32; número necessário para tratar para obter um resultado benéfico adicional (NNT) 7, IC 95% -50 a 3). Avaliamos a certeza da evidência como muito baixa devido à presença de risco de viés, inconsistência entre os resultados dos estudos e imprecisão nas estimativas dos efeitos. Nenhum estudo relatou informações sobre alteração no neurodesenvolvimento moderado-grave após 18 a 26 meses ou DBP aos 28 dias de idade. Os três desfechos restantes foram relatados em um único estudo. Com base neste estudo, não sabemos se níveis baixos ou moderados-altos de CPAP nasal melhoram os desfechos: morte ou DBP em 36 semanas de idade pós-menstrual (RR 0,87, IC 95% 0,51 a 1,49; 1 estudo, 93 participantes); mortalidade até a alta hospitalar (RR 2,94, IC 95% 0,12 a 70,30; 1 estudo, 93 participantes); e DBP em 36 semanas de idade pós-menstrual (RR 0,87, IC 95% 0,51 a 1,49; 1 estudo, 93 participantes). Avaliamos a certeza da evidência como muito baixa para todos os três desfechos devido à presença de risco de viés, inconsistência entre os resultados dos estudos e imprecisão nas estimativas de efeito.

Conclusão dos autores

Não há dados suficientes de ECRs para orientar a seleção do nível de CPAP nasal em bebês prematuros, tanto como suporte respiratório inicial, quanto após a extubação da ventilação mecânica invasiva. Temos dúvidas se níveis baixos ou moderados-altos de CPAP nasal melhoram a morbidade e a mortalidade em bebês prematuros. São necessários estudos bem delineados que avaliem este importante aspecto desta terapia comumente usada.

Notas de tradução

Tradução do Cochrane Brazil (Ana Carolina Pinto). Contato: tradutores.cochrane.br@gmail.com

Citation
Bamat N, Fierro J, Mukerji A, Wright CJ, Millar D, Kirpalani H. Nasal continuous positive airway pressure levels for the prevention of morbidity and mortality in preterm infants. Cochrane Database of Systematic Reviews 2021, Issue 11. Art. No.: CD012778. DOI: 10.1002/14651858.CD012778.pub2.

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