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Estimulação magnética do cérebro para melhorar a capacidade funcional de pessoas que tiveram um derrame

O cérebro humano tem dois hemisférios. Nas pessoas que tiveram um derrame (AVC), a atividade do hemisfério lesado fica prejudicada não só pelos danos causados pelo próprio AVC, mas também pela reação do hemisfério não afetado, que tenta limitar o dano causado pelo derrame. Este efeito limitante, embora benéfico na fase inicial logo após o AVC, pode posteriormente tornar-se prejudicial porque ele interfere com a capacidade do cérebro de recuperar sua capacidade funcional. A estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS) é um método de estimulação cerebral não-invasivo que pode ajudar o hemisfério afetado a reparar os danos causados pelo AVC e também controla o efeito limitante causado pelo hemisfério não lesado. A rTMS já foi estudada no tratamento de muitos problemas de saúde como a depressão, distúrbios do movimento e zumbido. O objetivo desta revisão foi avaliar estudos randomizados que testaram o rTMS na recuperação funcional de pacientes que tiveram um derrame. Esta revisão incluiu 19 estudos que envolveram um total de 588 pacientes. Chegamos à conclusão que o tratamento com rTMS não foi associado com melhora das atividades de vida diária nem modificou de forma estatisticamente significativa a função motora dos pacientes. A evidência atual ainda não é suficiente para apoiar o uso rotineiro do rTMS para o tratamento de pacientes que tiveram um derrame.

Introdução

Acredita-se que a estimulação magnética transcraniana repetitiva de baixa frequência (inglês: rTMS) possa ser útil na recuperação funcional cerebral após um acidente vascular cerebral (AVC). Essa intervenção atuaria suprimindo o córtex motor não danificado contrário à lesão ou aumentando a excitabilidade do córtex do hemisfério lesionado.

Objetivos

Avaliar a eficácia e a segurança da rTMS para melhorar a função cerebral de pessoas que tiveram um AVC.

Métodos de busca

As seguintes bases de dados eletrônicas foram pesquisadas: Cochrane Stroke Group Trials Register (abril de 2012), o Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2012, Issue 4), o Chinese Stroke Trials Register (abril de 2012), MEDLINE (1950 a maio de 2012), EMBASE (1980 até maio de 2012), Science Citation Index (1981 a abril de 2012), Conference Proceedings Citation Index-Science (1990 a abril de 2012), CINAHL (1982 a maio de 2012), AMED (1985 a maio de 2012), PEDro (abril de 2012), REHABDATA (abril de 2012) e CIRRIE Database of International Rehabilitation (abril de 2012). A estratégia foi complementada por busca em cinco bases de dados chinesas, em plataformas de registros de ensaios clínicos em andamento e nas listas de referências relevantes.

Critério de seleção

Foram incluídos ensaios clínicos randomizados comparando a terapia com rTMS versus placebo ou nenhuma terapia. Excluímos estudos que avaliaram apenas parâmetros laboratoriais como desfechos.

Coleta dos dados e análises

Dois revisores independentes selecionaram os estudos, avaliaram sua qualidade e extraíram os dados. As discordâncias foram resolvidas através de discussão.

Principais resultados

Incluímos 19 estudos envolvendo um total de 588 participantes. Segundo dois estudos heterogêneos que incluíram um total de 183 participantes, o tratamento com rTMS não foi associado com um aumento significativo na pontuação do índice de Barthel (diferença média (MD) 15,92, IC95% -2,11 a 33,95). Segundo quatro estudos envolvendo um total de 73 participantes, o tratamento com rTMS não produziu um efeito estatisticamente significativo na função motora (diferença média padronizada (SMD) 0,51, ICV -0,99 a 2,01). Foram feitas análises de subgrupos com diversas frequências de estimulação e com grupos com diferentes durações da doença. Essas análises de subgrupo também não encontraram nenhuma diferença significativa. Alguns eventos adversos leves foram observados nos grupos tratados com rTMS; os eventos mais comuns foram dores de cabeça leves ou transitórias (2,4%, 8/327) e desconforto local no local da estimulação.

Conclusão dos autores

As evidências atualmente existentes não apoiam o uso rotineiro de rTMS para o tratamento de pacientes com AVC. São necessários mais estudos com tamanhos amostrais maiores para se encontrar um protocolo adequado de rTMS e para avaliar o desfecho funcional a longo prazo dos pacientes tratados com essa intervenção.

Notas de tradução

Translated by: Brazilian Cochrane Centre

Translation supported by: None

Citation
Hao Z, Wang D, Zeng Y, Liu M. Repetitive transcranial magnetic stimulation for improving function after stroke. Cochrane Database of Systematic Reviews 2021, Issue 7. Art. No.: CD008862. DOI: 10.1002/14651858.CD008862.pub2.

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