Avaliação cega versus não-cega do risco de viés dos estudos incluídos em uma revisão sistemática

Quando os pesquisadores quiserem responder a uma pergunta, podem utilizar uma abordagem chamada revisão sistemática. Esta abordagem visa avaliar todos os estudos que foram feitos em uma determinada área de interesse. Ao avaliar e resumir a literatura, espera-se que os pesquisadores determinem quais dos estudos foram bem conduzidos (ou seja, de alta qualidade) e aqueles que não o foram. Não sabemos como os pesquisadores devem conduzir as avaliações para determinar quais estudos foram de alta qualidade. Isto é importante porque se o pesquisador estiver ciente de certas características do estudo (por exemplo, em que revista o estudo foi publicado), ele pode inadvertidamente avaliar o estudo de uma certa maneira. Por exemplo, se o autor do estudo for “renomado” na opinião do avaliador, é mais provável que ele assuma que o estudo é de 'alta qualidade'. Nossa pesquisa avalia se, quando o objetivo é resumir a literatura, faz diferença que os pesquisadores sejam cegos quanto às características do estudo. Encontramos apenas alguns poucos estudos que relataram dados relevantes para nossa pergunta. Os resultados destes estudos foram inconsistentes. Entretanto, estes resultados sugerem que pode não fazer diferença se a qualidade for avaliada de forma cega ou não-cega durante uma revisão sistemática.

Conclusão dos autores: 

Nossa revisão destaca que existe discordância entre estudos que avaliam o risco de viés de forma cega e não-cega em revisões sistemáticas. A melhor abordagem para as avaliações do risco de viés permanece pouco clara. Entretanto, dado o aumento do tempo e dos recursos necessários para ocultar relatos de forma eficaz, pode não ser necessário que as avaliações do risco de viés sejam conduzidas de forma cega em uma revisão sistemática.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A importância de avaliar o risco de viés de estudos incluídos em revisões sistemáticas está bem estabelecida. Entretanto, não está claro qual método para avaliação do risco de viés deve ser utilizado. Especificamente, não existe um resumo de evidências que responda se avaliações com o cegamento do avaliador (ou seja, o avaliador desconhece o nome do autor do estudo, da instituição, do financiador, do periódico, etc.) produzem resultados sistematicamente diferentes em comparação com avaliações sem o cegamento do avaliador em uma revisão sistemática.

Objetivos: 

Determinar se avaliações cegas do risco de viés levam a resultados sistematicamente diferentes quando comparadas às avaliações não-cegas do risco de viés de estudos incluídos em uma revisão sistemática.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: MEDLINE (1966 até a semana de setembro 4 de 2009), CINAHL (1982 até a semana de maio 3 de 2008), All EBM Reviews (início até 6 de outubro de 2009), EMBASE (1980 até 2009 semana 40) e HealthStar (1966 até a semana de setembro 4 de 2009) (toda a interface Ovid). Não aplicamos restrições quanto ao idioma de publicação, status de publicação ou desenho de estudo. Verificamos as listas de referências dos estudos incluídos e contatamos especialistas para obter estudos potencialmente relevantes.

Critério de seleção: 

Incluímos qualquer estudo que comparou o efeito da avaliação de risco de viés de estudos incluídos em uma revisão sistemática de forma cega versus de forma não-cega.

Coleta dos dados e análises: 

Extraímos informações de cada um dos estudos incluídos com um formulário pré-especificado de 16 itens. Resumimos o nível de concordância entre as avaliações cegas e não-cegas do risco de viés de forma descritiva. Sempre que possível, calculamos a diferença média padronizada.

Principais resultados: 

Incluímos seis ensaios clínicos randomizados (ECRs). Quatro estudos tinham risco incerto de viés e dois tinham alto risco de viés. Os resultados destes ECRs não foram consistentes. Dois estudos mostraram não haver diferenças entre avaliações cegas e não-cegas; dois constataram que as avaliações cegas tinham pontuações de qualidade significativamente mais baixas; e outro observou pontuações de qualidade significativamente mais altas para avaliações cegas. O estudo restante não relatou o nível de significância. Agrupamos em uma metanálise os resultados de cinco estudos que relataram informações suficientes. Não observamos nenhuma diferença estatisticamente significativa entre as avaliações do risco de viés realizadas de forma cega e não-cega (diferença média padronizada -0,13, intervalo de confiança de 95% -0,42 a 0,16). A diferença média pode ser um pouco imprecisa, pois não fizemos ajustes para clustering em nossa metanálise. Observamos inconsistência nos resultados visualmente e notamos uma heterogeneidade estatística.

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Ana Carolina Pinto). Contato: tradutores.cochrane.br@gmail.com

Tools
Information