Intervenções psicossociais para adultos que se auto mutilam

Revimos a literatura interventiva sobre os ensaios de tratamento de intervenção psicossocial nesta área. Um total de 76 ensaios que cumpriam os nossos critérios de inclusão foram identificados. Pode haver efeitos benéficos para a terapia psicológica baseada em abordagens de terapia cognitiva comportamental (TCC) em momentos de seguimento mais longos, e para a terapia baseada na mentalização (TBM), e psicoterapia de regulação emocional na avaliação pós-intervenção. Também pode haver alguma evidência de eficácia da terapia comportamental dialética (TCD) padrão na frequência da repetição dos comportamentos auto-lesivos. Não existiu evidência clara de efeito na gestão de casos, informação e apoio, intervenções de contacto à distância (por exemplo, cartões de emergência, postais, psicoterapia por telefone), fornecimento de informação e apoio, e outras intervenções multimodais.

Porque é que esta revisão é importante?

Os comportamentos auto-lesivos (CAL), que incluem a sobre-medicação/intoxicação intencional e a auto-lesão, são um importante problema em muitos países e estão fortemente relacionados com o suicídio. É, por isso, importante que sejam desenvolvidos tratamentos eficazes para as pessoas que recorrem aos CAL. Tem havido um aumento tanto do número de ensaios como da diversidade de abordagens terapêuticas para os CAL em adultos nos últimos anos. É, assim, importante avaliar a evidência da sua eficácia.

Quem estará interessados nesta revisão?

Administradores hospitalares (por exemplo, prestadores de serviços), responsáveis pelas políticas de saúde e seguradoras de saúde, clínicos que trabalham com pacientes que recorrem a CAL, os próprios pacientes, e os seus familiares.

A que questões pretende esta revisão responder?

Esta revisão é uma atualização de uma revisão Cochrane anterior de 2016 que concluiu que a terapia psicológica baseada em TCC pode resultar na repetição de CAL por menos indivíduos enquanto que a TCD pode levar a uma redução na frequência da repetição dos CAL. Esta revisão atualizada visa avaliar melhor a evidência da eficácia das intervenções psicossociais para as pessoas que recorrem aos CAL, com uma gama mais vasta de resultados.

Quais foram os estudos incluídos nesta revisão?

Para serem incluídos na revisão, os estudos tiveram de ser ensaios controlados aleatórios de intervenções psicossociais para adultos que tinham recorrido recentemente a CAL.

O que é que a evidência desta revisão nos diz?

De um modo geral, houve uma série de limitações metodológicas ao longo dos ensaios incluídos nesta revisão. Pode haver efeitos benéficos para a terapia psicológica baseada em abordagens de terapia cognitivo-comportamental (TCC) em momentos de seguimento mais longos, e para a terapia baseada na mentalização (TBM), e psicoterapia de regulação emocional na avaliação pós-intervenção. Também pode haver alguma evidência de eficácia da terapia comportamental dialética (TCD) padrão na frequência da repetição dos CAL. Contudo, as intervenções de contacto remoto, gestão de casos, informação e apoio, e outras intervenções multimodais não parecem ter benefícios em termos de redução da repetição dos CAL.

O que deve acontecer a seguir?

Os resultados promissores para a psicoterapia baseada em TCC em momentos de seguimento mais longos, e para TBM, regulação emocional baseada em grupo, e TDC, justificam uma investigação mais aprofundada para compreender quais as pessoas que beneficiam deste tipo de intervenções. Uma maior utilização de ensaios head-to-head (onde os tratamentos são diretamente comparados entre si) pode também ajudar a identificar que componente(s) destas intervenções frequentemente complexas pode(m) ser mais eficaz(s).

Notas de tradução: 

Traduzido por: Rosarinho Ribeiro Cunha, Universidade Católica Portuguesa, Eduarda Rodrigues Costa, Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Revisão final: Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

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