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Quais os testes rápidos mais precisos para a detecção de Chlamydia?

Questão de revisão
A infecção por Chlamydia trachomatis (C. trachomatis) é comum e sexualmente transmissível. Esta, pode causar graves problemas de saúde quando não tratada. No entanto, muitas pessoas com C. trachomatis não denotam qualquer tipo de sintomatologia e necessitam de um teste, urinário ou por zaragatoa, para confirmação da infecção. Esta revisão teve como objectivo compreender quão precisos são os novos métodos de teste, como testes rápidos, para o diagnóstico de infecção por C. Trachomatis

Contexto
Mundialmente, há cerca de 90 milhões de casos de C. Trachomatis e anualmente, entre jovens e população sexualmente activa, há cerca de 3 milhões de casos. Os testes rápidos podem ser realizados em menos de 30 minutos, sem necessidade de equipamentos caros ou sofisticados. A principal vantagem desta tecnologia é a disponibilidade imediata dos resultados permitindo um início rápido do tratamento.

Características dos estudos
Procurámos evidência em Novembro de 2019 e encontrámos 19 estudos relevantes com 13.676 participantes, publicados entre 1999 e 2016. Os estudos compararam a precisão dos actuais testes, considerados como «gold standard» - testes de amplificação de ácidos nucleicos (TAAN)- , com um total de nove marcas diferentes de testes rápidos.

Resultados principais
Esta revisão incidiu sobre a precisão dos testes rápidos para o diagnóstico de infecção por C. Trachomatis em homens e mulheres não-grávidas. Os nossos resultados mostram que existe uma probabilidade entre 42 e 62% de um resultado incorrecto do teste - indicando ausência de infecção por C. Trachomatis e perto de 2% dos testes têm um resultado incorrecto - indicando presença de infecção por C. Trachomatis. Isto, significa que por cada 1000 pacientes testados, o teste-rápido pode falhar no diagnóstico de 420 a 620 pessoas, que poderão vir, futuramente, a desenvolver graves probelmas de saúde devido ao diagnóstico incorrecto.

Qualidade da evidência:
Todos os estudos incluídos utilizaram métodos confiáveis para analisar os testes, pelo que acreditamos serem de elevada qualidade. No entanto, em alguns estudos, a maioria dos participantes apresentava alto risco de infecção por C. Trachomatis, pelo que existe algum grau de incerteza sobre o quão úteis poderão ser estes resultados numa população de baixo risco que se apresente assintomática. Além disto, alguns estudos relataram resultados muito díspares entre si e não foi conseguido explicar estas diferenças.

Conclusão
A infecção por C. Trachomatis é potencialmente muito grave e por isso, os profissionais de saúde não devem confiar em testes rápidos para o diagnóstico de infecção por C.Trachomatis. No futuro, os estudos devem investigar diferentes tecnologias.

Notas de tradução

Traduzido por: Inês Tlemçani, Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal.

Citation
Grillo-Ardila CF, Torres M, Gaitán HG. Rapid point of care test for detecting urogenital Chlamydia trachomatis infection in nonpregnant women and men at reproductive age. Cochrane Database of Systematic Reviews 2020, Issue 1. Art. No.: CD011708. DOI: 10.1002/14651858.CD011708.pub2.