Corticoides para dor relacionada ao câncer em adultos

Introdução: A dor é um dos sintomas mais temidos pelas pessoas com câncer. Os opioides continuam sendo o principal tipo de tratamento para dores. Porém, os corticoides também são frequentemente usados, junto com analgésicos comuns. Esta revisão avaliou os ensaios clínicos randomizados (um tipo de estudo) que haviam sido publicados até 29 de setembro de 2014 e que testaram a eficácia dos corticoides no tratamento da dor relacionada ao câncer em adultos e que avaliaram a tolerância dos pacientes a esses remédios.

Características do estudo: Encontramos 15 estudos relevantes envolvendo um total de 1926 participantes. Cada um desses estudos incluiu de 20 a 598 pacientes. A duração dos estudos variou entre 7 dias até 42 semanas. A maioria dos estudos comparou corticoides, particularmente dexametasona, versus terapia padrão.

Resultados principais e qualidade da evidência: No geral, a evidência atualmente disponível é baseada em estudos que incluíram poucos pacientes. Podemos chegar às seguintes conclusões a partir da evidência disponível: 1) a evidência sobre a eficácia dos corticoides para o controle da dor em pacientes com câncer é fraca (evidência de baixa qualidade GRADE); 2) alguns estudos relataram uma melhora significativa da dor, por um curto período de tempo; isso pode ser importante para pacientes com pouco tempo de vida; 3) no geral, mais estudos relataram que os corticoides não foram benéficos; 4) não foi possível descobrir se os corticoides são mais efetivos para o alívio da dor em determinados tipos de câncer; e 5) os efeitos colaterais dos corticoides, especialmente no longo prazo, não foram bem descritos.

Conclusão dos autores: 

A evidência para a eficácia dos corticoides no controle da dor, em pacientes com câncer é fraca. Alguns estudos relataram alívio significante da dor. Porém o efeito foi por apenas um curto período de tempo. Isto pode ser importante para pacientes em estado terminal. Mais estudos, com maior tamanho amostral, são necessários para avaliar a segurança e a efetividade dos corticoides no manejo de adultos com dores devido ao câncer, e para estabelecer a dose, duração e a via de administração ideais.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A dor é um dos sintomas mais temidos pelas pessoas com câncer. Os opioides continuam sendo o tratamento principal para o controle da dor. Porém, os corticoides são frequentemente usados como analgésicos coadjuvantes ou adjuvantes. Os corticoides têm um mecanismo de ação anti-inflamatório. Devido a essa propriedade, acredita-se que eles promoveriam o alívio da dor associada à inflamação em pacientes oncológicos com complicações como metástases cerebrais e compressão da medula espinhal. Por outro lado, os corticoides têm muitos efeitos adversos que são dependentes da dose e do tempo de uso.

Objetivos: 

Avaliar a eficácia dos corticoides no tratamento da dor oncológica em adultos.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL 2014, Issue 4), MEDLINE (OVID) (1966 a 29 de setembro de 2014), EMBASE (OVID) (1970 a 29 de setembro de 2014), CINAHL (1982 a 29 de setembro de 2014), Science Citation Index (Web of Science) (1899 a 29 setembro de 2014) e Conference Proceedings Citation Index - Science (Web of Science) (1990 a 29 de setembro 2014)

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados ou prospectivos controlados que incluíram pacientes acima de 18 anos com dor relacionada ao câncer. Os corticoides foram comparados com placebo ou tratamentos usuais e/ou apoio terapêutico.

Coleta dos dados e análises: 

Os autores da revisão, trabalhando de forma independentemente, avaliaram a qualidade dos estudos e fizeram a extração dos dados. Para cada um dos desfechos, usamos as médias aritméticas e os desvios padrão e apresentamos as diferenças médias (MD) com os respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%.

Principais resultados: 

Incluímos na revisão um total de 15 estudos envolvendo 1926 participantes. O tamanho amostral de cada estudo variou de 20 a 598 pacientes. A maioria dos estudos comparou corticoides, particularmente dexametasona, versus terapia padrão. Na metanálise de intensidade da dor com uma semana, incluímos 6 estudos. Os outros estudos não tinham dados para esse período de tempo. Na avaliação feita após uma semana de tratamento, o grupo que usou corticoides, em comparação com o grupo controle, teve menor intensidade da dor (medida em uma escala de 0 a 10 na qual valores mais baixos indicam dor menos intensa): MD 0,84 menor, IC 95% 1,38 a 0,30 menor, evidência de baixa qualidade. Os estudos não apresentaram uma boa descrição dos eventos adversos. As análises estatísticas foram prejudicadas devido a problemas como a falta de medidas padronizadas para dor e a diferenças quanto ao tipo de corticoide, doses e vias de administração usados e o grupo de comparação. Não pudemos fazer análises de subgrupos por tipo específico de câncer. A qualidade da evidência foi limitada devido ao risco de viés e ao pequeno tamanho amostral dos estudos. A perda de participantes (viés de atrito) e a falta de dados dos pacientes recrutados também comprometeram os resultados.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Mariana Vendramin Mateussi) - contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br

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