Corrente elétrica direta para o cérebro para melhorar os resultados da reabilitação

Pergunta da revisão

Revimos a evidência sobre o efeito da corrente elétrica direta no cérebro (estimulação transcraniana por corrente contínua, ETCC) para reduzir as limitações nas atividades da vida diária (AVD), função de braço e perna, força muscular e habilidades cognitivas (incluindo negligência espacial), desistências e eventos adversos em pessoas após o acidente vascular cerebral (AVC).

Introdução

O AVC é uma das principais causas de deficiência em todo o mundo. A maioria dos AVC acontece quando um coágulo bloqueia um vaso sanguíneo que leva sangue para o cérebro. Sem um fluxo adequado de sangue, o cérebro rapidamente sofre uma lesão, que pode ser permanente. Esta lesão frequentemente causa prejuízo nas AVD, funções motoras e cognitivas entre os sobreviventes de AVC. De acordo com pessoas com AVC, cuidadores e profissionais de saúde, melhorar as capacidades cognitivas após o AVC é a prioridade número um da investigação neste campo da medicina. Portanto, a reabilitação neurológica, incluindo estratégias eficazes de treino, é necessária para facilitar a recuperação e reduzir a carga do AVC. As terapias adaptadas às necessidades dos pacientes e dos cuidadores são especialmente importantes. As estratégias de reabilitação atuais têm eficácia limitada para melhorar esses défices. Uma possibilidade de potencializar os efeitos da reabilitação pode ser a adição de estimulação cerebral sem romper a pele, por meio da ETCC. Esta técnica pode alterar a forma como o cérebro funciona e pode ser usada para reduzir as limitações nas AVD e a função cognitiva. No entanto, a eficácia desta intervenção para melhorar os resultados da reabilitação ainda é desconhecida.

Período de pesquisa

A revisão está atualizada até janeiro de 2019.

Características do estudo

Incluímos 67 estudos envolvendo um total de 1729 adultos com acidente vascular cerebral (AVC) isquémico agudo, pós-agudo ou crônico, ou com AVC hemorrágico. A idade média nos grupos experimentais variou entre 43 anos e 70 anos, e entre 45 anos e 75 anos nos grupos de controlo. O nível de limitação dos participantes variou de grave a moderado. A maioria dos estudos envolveu doentes internados. Vários tipos de estimulação diferentes com diferentes durações e dosagens de estimulação foram administrados e comparados com sham ETCC ou uma intervenção de controlo ativo. Sham ETCC significa que a estimulação é desligada secretamente no primeiro minuto da intervenção.

Resultados principais

Esta revisão mostrou que a ETCC pode aumentar as AVD, mas não melhora a função de braço e perna, força muscular e habilidades cognitivas. As proporções de eventos adversos e pessoas que desistiram do tratamento foram comparáveis entre os grupos. Os estudos incluídos diferiam em termos de tipo, localização e duração da estimulação, quantidade de corrente fornecida, tamanho e posicionamento do elétrodo, bem como tipo e localização do AVC. Estudos futuros são necessárias nesta área para promover a base de evidências destes achados, especialmente em relação à função de braço e perna, força muscular e habilidades cognitivas (incluindo negligência espacial).

Qualidade da evidência:

A qualidade da evidência para ETCC para melhorar as AVD variou de muito baixa a alta. Foi baixo a moderado para a função dos membros superiores e moderado para eventos adversos e pessoas que desistiram do tratamento.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Mariana Alves, Serviço Medicina III, Hospital Pulido Valente, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal.

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