Comparação de treinamentos dos músculos do assoalho pélvico para mulheres com incontinência urinária

A perda involuntária de urina (ou incontinência urinária) é um problema comum que afeta cerca de um quarto das mulheres. Muitas vezes, o primeiro tratamento proposto para essas mulheres é o exercício dos músculos do assoalho pélvico. Melhorar a força, resistência e coordenação dos músculos do assoalho pélvico pode ajudar a diminuir a perda de urina. Esta revisão incluiu 21 estudos envolvendo 1.490 mulheres e procurou descobrir se alguma maneira de ensinar, supervisionar ou executar estes exercícios seria melhor do que as outras. Houve maior probabilidade de haver melhora entre as mulheres que tiveram contato regular e repetido com a pessoa que as ensinou a fazer os exercícios e monitorou seu progresso. Mais pesquisas são necessárias porque houve problemas na interpretação dos estudos. Isso quer dizer que não pudemos chegar a conclusões firmes sobre muitas das possíveis maneiras de ensinar, supervisionar ou realizar estes exercícios.

Conclusão dos autores: 

Esta revisão concluiu que a evidência existente é insuficiente para fazer qualquer recomendação forte sobre a melhor abordagem para o treinamento da musculatura do assoalho pélvico. Sugerimos que sejam oferecidas consultas razoavelmente frequentes durante o período de treinamento porque os poucos dados consistentes mostraram que as mulheres que receberam supervisão regular (por exemplo, semanalmente) tiveram maior probabilidade de relatar melhora do que as mulheres que fizeram o treinamento com pouca ou nenhuma supervisão.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

O treinamento da musculatura do assoalho pélvico é o tratamento fisioterapêutico mais comumente recomendado para mulheres com incontinência urinária de esforço. Por vezes, esse treinamento também é recomendado para incontinência urinária mista e, mais raramente, para incontinência associada à urgência miccional (urge-incontinência). Existe muita variação quanto ao tipo de supervisão e ao conteúdo dos programas de treinamento da musculatura do assoalho pélvico, e alguns programas usam estratégias adicionais para aumentar a aderência ou os efeitos do treinamento.

Objetivos: 

Comparar os efeitos de diferentes abordagens de treinamento da musculatura do assoalho pélvico em mulheres com incontinência urinária.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas no Cochrane Incontinence Group Specialised Trials Register, que contém estudos identificados no Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE e CINAHL, e busca manual de periódicos e anais de conferências (pesquisado 17 de maio de 2011). Também fizemos buscas nas listas de referências de artigos relevantes.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECR) ou quasi-randomizados envolvendo mulheres com incontinência urinária de esforço, de urgência ou mista (com base nos sintomas, sinais ou exame urodinâmico). Um dos braços do estudo deveria oferecer treinamento da musculatura do assoalho pélvico. O outro braço do estudo deveria oferecer uma abordagem alternativa de treinamento da musculatura do assoalho pélvico, como por exemplo, uma maneira diferente de ensinar, supervisionar ou executar esse treinamento.

Coleta dos dados e análises: 

Trabalhando de forma independente, avaliamos a elegibilidade e qualidade metodológica dos estudos. Fizemos a extração e verificação dos dados. Discutimos as divergências para chegarmos a um acordo. Processamos os dados conforme descrito no Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions (versão 5.2.2). Agrupamos os estudos conforme o tipo de intervenção.

Principais resultados: 

Avaliamos 574 citações e incluímos 21 estudos na revisão. Os 21 estudos randomizaram 1.490 mulheres e avaliaram as seguintes 11 comparações: diferentes tipos de supervisão (quantidade, individual versus grupo), diferentes abordagens (uma versus outra, o efeito de um componente adicional) e o treinamento físico em si (tipo de contração, frequência do treinamento). Em mulheres com incontinência urinária de esforço, 10% das que receberam supervisão grupal semanal ou duas vezes por semana, além de consultas individuais com o terapeuta, não relataram melhora pós-tratamento, em comparação com 43% do grupo que participou apenas de consultas individuais: razão de risco (RR) para nenhuma melhora 0,29, intervalo de confiança (IC) de 95% 0,15 - 0,55, 4 estudos. Em outras palavras, 90% das mulheres que receberam tanto supervisão individual como em grupo relataram melhora versus 57% das mulheres que receberam apenas supervisão individual. Apesar de as mulheres que receberam a combinação de supervisão em grupo frequente mais supervisão individual do treinamento da musculatura do assoalho pélvico terem maior probabilidade de relatar melhora, o intervalo de confiança foi amplo, e mais da metade do grupo "controle" (mulheres que não receberam a supervisão adicional semanal ou duas vezes por semana) relatou melhora. Esta constatação, de melhora subjetiva em ambos os grupos de tratamento ativo, com melhora mais acentuada no grupo que teve mais contato com profissionais de saúde, foi consistente em toda a revisão.

Existem várias razões pelas quais é necessário ter cautela na interpretação dos resultados da revisão: a) havia poucos dados em todas as comparações, b) vários estudos tiveram dois braços com várias diferenças nas abordagens para treinamento da musculatura do assoalho pélvico, c) existe o risco de existir uma relação entre a atenção e o relato de mais melhora nos estudos que não usaram sigilo de alocação, d) alguns estudos escolheram intervenções que tinham pouca probabilidade de produzir um efeito de treinamento muscular e f) alguns estudos não descreveram adequadamente a intervenção.

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Felipe Haddad Lovato). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br

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