Testes viscoelásticos do sangue (TEG ou ROTEM) versus qualquer comparação para orientar o uso de hemoderivados em adultos ou crianças com hemorragia.

Contexto:

A capacidade de formar um coágulo sanguíneo é crucial em doentes com hemorragia. A coagulação pode ser avaliada por vários testes. Os testes TEG e ROTEM têm a vantagem de mostrar a capacidade total de formação do coágulo. Estes são testes de cabeceira e proporcionam um resultado rápido e útil, orientando os clínicos para um manejo transfusional mais direcionado a objetivos.

Objetivos

Nesta revisão sistemática, propusemo-nos a avaliar os benefícios e malefícios do uso de produtos sanguíneos guiado pelo TEG ou ROTEM, em comparação com os testes padrão, ou com a avaliação clínica dos médicos, no tratamento de doentes com hemorragia. A evidência está atualizada até janeiro de 2016.

Características do estudo:

Identificamos 17 ensaios clínicos controlados e randomizados comparando o uso de transfusão sanguínea guiado por TEG ou ROTEM com o uso orientado pela avaliação clínica dos médicos, exames laboratoriais padrão, ou ambos. Os ensaios incluídos foram realizados maioritariamente em adultos que necessitavam de cirurgia cardíaca e envolveram 1493 participantes.

Resultados principais:

Em termos de eficácia, o uso dos testes TEG ou ROTEM parece reduzir a necessidade de todos os tipos de transfusões de sangue. No entanto, não se associaram a menor necessidade de cirurgia subsequente por hemorragia mantida ou a menor risco de hemorragia maciça com necessidade de transfusão. Apesar de haver vantagens em termos de sobrevivência, os nossos achados foram prejudicados pela baixa qualidade dos estudos incluídos. A avaliação dos malefícios indicou um risco reduzido de insuficiência renal, e não foram encontrados outros eventos adversos significativos. As taxas de eventos adversos relatadas foram muito baixas. Todos os ensaios incluídos, exceto dois, foram marcados por alto risco de viés.

Qualidade da evidência

Devido a poucos eventos e muitos ensaios mal concebidos, consideramos que os nossos resultados demonstram evidência, de baixa qualidade, a favor do uso de TEG e ROTEM no tratamento de doentes com hemorragia.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Mariana Morgado, Serviço de Cirurgia Pediátrica, Centro Hospitalar Lisboa Norte; Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; com o apoio da Cochrane Portugal.

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