Intervenções não farmacológicas para auxiliar a indução da anestesia em crianças

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O início do processo de administração de anestesia geral (isto é, indução da anestesia) em crianças pode ser aflitivo para elas e também para seus pais. As crianças podem receber fármacos para sedá-las quando a anestesia está sendo induzida, mas esses fármacos podem ter efeitos deletérios indesejáveis, tais como possível obstrução respiratória e mudanças no comportamento após a operação. Algumas alternativas não farmacológicas têm sido testadas para verificar se podem ser empregadas em vez dos fármacos sedativos quando a anestesia está sendo induzida em crianças. A presença dos pais na indução da anestesia da criança tem sido a mais comumente investigada (oito estudos), mas não se tem mostrado que reduz a ansiedade ou a aflição das crianças, ou que eleva sua cooperação durante a indução da anestesia. Uma intervenção pode ser oferecida para a criança ou para seus pais. Um estudo com acupuntura para os pais mostrou que os pais estavam menos ansiosos e as crianças mais cooperativas durante a indução da anestesia. Outro estudo com informações para os pais, por meio de panfletos ou vídeos, falhou em mostrar qualquer efeito. . Em estudos de único centro, médicos da alegria, ambiente silencioso, videogames e programas de computador (mas não musicoterapia) evidenciaram benefícios tais como melhor cooperação das crianças. Essas intervenções promissoras precisam ser testadas em estudos adicionais.

Conclusão dos autores: 

Esta revisão mostra que a presença dos pais durante a indução da anestesia geral não reduz a ansiedade de seus filhos. Intervenções não farmacológicas promissoras tais como acupuntura nos pais; médicos da alegria, hipnose; ambientes mais calmos; e videogames necessitam mais investigação.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A indução da anestesia geral pode ser aflitiva para as crianças. Métodos não farmacológicos para reduzir a ansiedade e melhorar a cooperação podem evitar os efeitos adversos da sedação pré-operatória.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos das intervenções não farmacológicas para auxiliar a indução da anestesia em crianças, pela redução da ansiedade, da aflição ou melhorando sua cooperação.

Métodos de busca: 

Pesquisamos a CENTRAL (The Cochrane Library, 2009, fascículo 1). Pesquisamos os seguintes bancos de dados, desde seu início até 14 de Dezembro de 2008: MEDLINE, PsycINFO, CINAHL, DISSERTATION ABSTRACTS, Web of Science e EMBASE.

Critério de seleção: 

Incluímos os ensaios clínicos randomizados de intervenções não farmacológicas instituídas no dia da cirurgia ou da anestesia.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores independentemente extraíram os dados e avaliaram o risco de viés dos estudos.

Principais resultados: 

Incluímos 17 ensaios clínicos, todos de países desenvolvidos, envolvendo 1.796 crianças, seus pais ou ambos. Oito ensaios clínicos avaliaram a presença dos pais. Nenhum estudo mostrou diferenças significantes na ansiedade ou cooperação das crianças durante a indução, exceto por um estudo no qual a presença dos pais foi significantemente menos efetiva que o midazolam na redução da ansiedade das crianças na indução. Seis ensaios clínicos avaliaram intervenções para as crianças. A preparação com o uso de programa de computador melhorou a cooperação em comparação com a presença dos pais (um ensaio clínico). Crianças jogando videogame antes da indução apresentaram-se significantemente menos ansiosas que as do grupo controle ou que as crianças pré-medicadas (um ensaio clínico). Em comparação com os controles, os médicos da alegria (“doutores palhaços”) reduziram a ansiedade das crianças (Yale Preoperative Anxiety Scale modificada (mYPAS): diferença média (DM) 30,75, 95% IC 15,14 a 46,36; um ensaio clínico). Em crianças sendo submetidas à hipnose, houve tendência não significante para a redução da ansiedade durante a indução (mYPAS < 24: risco relativo (RR) 0,59, 95% IC 0,33 a 1,04 - 39% versus 68%: um ensaio clínico) em comparação com o midazolam. Um ambiente mais calmo melhorou a cooperação das crianças na indução (RR 0,66, 95% IC 0,45 a 0,95; um ensaio clínico) e nenhum efeito na ansiedade das crianças foi verificado com a musicoterapia (um ensaio clínico).

Intervenções com os pais foram avaliadas em três ensaios clínicos. Crianças de pais submetidos à acupuntura em comparação com acupuntura sham estavam menos ansiosas durante a indução (mYPAS DM 17, 95% IC 3,49 a 30,51) e mais crianças estavam cooperativas (RR 0,63, 95% IC 0,4 a 0,99). A ansiedade dos pais também foi significantemente reduzida nesse estudo. Em dois ensaios clínicos, um vídeo assistido no pré-operatório não evidenciou efeitos nos resultados das crianças ou dos pais.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Paulo do Nascimento Jr, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato:portuguese.ebm.unit@gmail.com