Remoção cirúrgica versus retenção para o tratamento de dentes do siso impactados assintomáticos

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Dentes do siso, ou terceiros molares, geralmente erupcionam na boca entre 17 e 24 anos de idade. Esses são, normalmente, os últimos dentes a erupcionar, na maioria das vezes, numa posição logo atrás dos últimos dentes permanentes (segundos molares). O espaço para esses dentes erupcionarem pode ser limitado e, mais do que outros dentes, dentes do siso frequentemente falham ao erupcionar ou erupcionam apenas parcialmente. A falha dos terceiros molares em erupcionar completamente deve-se, frequentemente, à impactação dos mesmos contra os segundos molares (dentes diretamente à frente dos dentes do siso). Isso ocorre quando os segundos molares estão bloqueando o caminho de erupção dos terceiros molares e agem como uma barreira física, prevenindo mais erupção. Um dente impactado é dito assintomático se o paciente não apresenta sinais ou sintomas de dor ou desconforto associado com esse dente.

Dentes do siso impactados podem estar associados com alterações patológicas, tais como edema e ulceração da gengiva ao redor dos dentes do siso, dano às raízes dos segundos molares, cárie nos segundos molares, doença óssea e gengival em torno dos segundos molares, e o desenvolvimento de cistos e tumores. Existe consenso que a remoção de dentes do siso é apropriada se sintomas de dor ou condições patológicas, associadas aos dentes do siso, estiverem presentes. Essa revisão não encontrou evidências que suportem ou refutem a remoção profilática de rotina de dentes do siso impactados assintomáticos em adultos. O único ensaio clínico incluído não apresentou evidências de que a remoção de dentes do siso impactados tenha efeito no apinhamento tardio dos dentes da frente.

Conclusão dos autores: 

Não foram encontradas evidências suficientes que sustentem ou refutem a remoção profilática de rotina de dentes do siso impactados assintomáticos, em adultos. Um único ensaio clínico, comparando remoção versus retenção, não encontrou evidências na diferença entre o apinhamento tardio de incisivos inferiores em 5 anos, contudo, outros desfechos relevantes não foram mensurados.

O monitoramento atento dos terceiros molares assintomáticos pode ser a estratégia mais prudente.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A remoção profilática de dentes do siso assintomáticos é definida como a remoção (cirúrgica) de dentes do siso, na ausência de doença local. Dentes do siso impactados podem estar associados a alterações patológicas, tais como inflamação das gengivas ao redor dos dentes, reabsorção radicular, doença gengival e doença óssea alveolar, dano aos dentes adjacentes e desenvolvimento de cistos e tumores. Outra razão para justificar a remoção profilática tem sido prevenir o apinhamento tardio dos incisivos. Quando a remoção cirúrgica é realizada em pacientes mais velhos, seguido de desenvolvimento de sintomas, o risco de complicações pós-operatória, dor e desconforto aumentam. Entretanto, na maioria dos países desenvolvidos, a remoção de dentes do siso sem problemas, tanto impactados ou completamente erupcionados, tem sido considerada 'tratamento apropriado' e é um procedimento bastante comum. Há a necessidade de definir se há evidências que suportem essa prática.

Objetivos: 

Avaliar o efeito da remoção profilática de dentes do siso impactados, assintomáticos, em adolescentes e adultos, comparando-se com a retenção (tratamento conservador) dos dentes do siso.

Métodos de busca: 

As seguintes bases de dados eletrônicas foram pesquisadas: Cochrane Oral Health Group's Trials Register (até 30 de Março de 2012), Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2012, Volume 1) MEDLINE via OVID (1950 até 30 de Março de 2012), e EMBASE via OVID (1980 até 30 de Março de 2012). Não houve restrições à lingua ou data de publicação.

Critério de seleção: 

Todos os ensaios clínicos randomizados (ECR), em adolescentes e adultos, comparando o efeito da remoção profilática de dentes do siso impactados assintomáticos, com o não-tratamento (retenção).

Coleta dos dados e análises: 

Seis autores da revisão analisaram os resultados da pesquisa e avaliaram se os ensaios clínicos preenchiam os critérios de inclusão para a revisão. A extração de dados e a avaliação do risco de viés foi conduzida em duplicata e independentemente por seis autores da revisão. Quando a informação era pouco clara, os autores dos estudos foram contatados para informações adicionais.

Principais resultados: 

Não foi encontrado nenhum ECR que comparou a remoção de dentes do siso assintomáticos com retenção e relatasse qualidade de vida. Foi identificado um ECR em adolescentes que comparou a remoção de dentes do siso mandibulares impactados com retenção e examinou apenas o efeito tardio no apinhamento dos incisivos inferiores. Esse estudo, com alto risco de viés, não forneceu evidência de que a extração de dentes do siso tenha efeito no apinhamento de incisivos inferiores ao longo de 5 anos.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Leonardo A. R. Righesso, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com