Posição de recém-nascidos em ventilação mecânica

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Não encontramos evidências claras de que determinadas posições são efetivas em produzir melhoras relevantes e sustentadas nos recém-nascidos que necessitam de ventilação mecânica. Entretanto, o posicionamento desses bebês de barriga para baixo por um curto período de tempo melhora um pouco a oxigenação e eles apresentam menos episódios de baixa oxigenação. Nenhum dos estudos foi considerado como tendo baixo risco de viés, ou seja, como tendo resultados nos quais podemos ter alguma confiança. Cerca de um terço dos estudos teve alto risco de viés, o que significa que não podemos confiar completamente em seus resultados.

Conclusão dos autores: 

A posição prona produziu uma pequena melhora da oxigenação nos recém-nascidos em ventilação mecânica. Todavia, não encontramos evidências se determinadas posições são efetivas em produzir melhoras clínicas relevantes e sustentadas nessas crianças.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Várias posições corporais além da posição supina padrão têm sido usadas em pacientes internados em unidades de cuidados intensivos com a esperança de diminuir a incidência de úlceras de pressão de pele, contraturas ou anquiloses e melhorar o bem-estar. Em pacientes de diferentes faixas etárias em ventilação mecânica, tem sido observado que posições específicas, como a posição prona, podem melhorar alguns parâmetros respiratórios. Os benefícios decorrentes do uso dessas posições não foram claramente estabelecidos em recém-nascidos graves que podem necessitar de ventilação mecânica por longos períodos.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos de diferentes posicionamentos de recém-nascidos em ventilação mecânica nos desfechos respiratórios de curto prazo e nas complicações da prematuridade.

Métodos de busca: 

Pesquisamos as seguintes bases de dados (até dezembro de 2012):Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (Cochrane Library 2012, Edição 3), Oxford Database of Perinatal Trials, MEDLINE, CINAHL e EMBASE. Realizamos buscas manuais nos livros de atas da Society for Pediatric Research de 1990 a julho de 2011 para identificar estudos ainda não publicados. Pesquisamos por estudos em andamento no site clinicaltrials.gov.

Critério de seleção: 

Selecionamos estudos clínicos randomizados ou quasi-randomizados comparando posições diferentes para recém-nascidos em ventilação mecânica.

Coleta dos dados e análises: 

Três autores independentes e não cegos realizaram a seleção dos estudos e extraíram os dados. Os dados foram verificados por dois revisores e inseridos no Review Manager software (RevMan). O risco de viés dos estudos incluídos foi avaliado através da verificação dos métodos usados pelos autores para a randomização e o sigilo de alocação, a taxa de perda de seguimento e o mascaramento dos avaliadores dos desfechos.

Principais resultados: 

Doze estudos envolvendo 285 pacientes foram incluídos nesta revisão. Um dos estudos incluídos (N = 79 pacientes) não foi avaliado na versão anterior da revisão. Várias posições foram comparadas: prona versus supina, prona versus lateral direita, lateral direita versus supina, lateral esquerda versus supina, lateral alternante versus supina, lateral direita versus lateral esquerda, e lado do pulmão bom para baixo versus pulmão bom mais elevado. Todos os estudos eram do tipo crossover exceto por um dos dois estudos que compararam a posição lateral direita versus lateral esquerda, um estudo que comparou alternância lateral com supina e um estudo comparando posição prona com posição supina. Na comparação da posição prona versus a supina, um estudo mostrou um aumento de 2,75 a 9,72 mmHg (intervalo de confiança de 95%) na pressão arterial de oxigênio (PO2) na posição prona. Quando a porcentagem de hemoglobina saturada de oxigênio foi medida com oxímetro de pulso, a melhora na posição prona foi de 1,18% para 4,36% (efeitos típicos baseados em quatro estudos). Além disso, houve uma pequena melhora no número de episódios de dessaturação. Não foi possível saber se esse efeito persistiu depois de interromper a intervenção. Efeitos negativos da intervenção não foram descritos, embora eles não tenham sido estudados com detalhes suficientes. Os efeitos da posição sobre outros desfechos não foram investigados de forma completa. Apenas um estudo analisou culturas traqueais de recém-nascidos após cinco dias de ventilação mecânica, encontrando menorcolonização bacteriana nos bebês com alternância de posição lateral do que naqueles mantidos na postura supina. Não é possível excluir outros efeitos, tanto positivos como negativos, devido ao pequeno número de recém-nascidos estudados.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Christieny Chaipp Mochdece).