Qual é o objetivo desta revisão?
Esta Revisão Cochrane teve como objetivo descobrir se a administração de doses repetidas de tratamento antimalárico a lactentes que vivem na África Subsariana pode prevenir a malária. Encontrámos e analisámos os resultados de 12 estudos relevantes realizados entre 1999 e 2013 que abordaram esta questão em lactentes (definidos como crianças pequenas com idades compreendidas entre 1 e 12 meses).
Mensagens-chave
Tratamento preventivo intermitente com sulfadoxina-pirimetamina (SP)
A administração de SP como tratamento preventivo antimalárico a lactentes reduziu provavelmente o risco de paludismo clínico, anemia e internamentos hospitalares nos países africanos que foram avaliados. No entanto, este efeito foi atenuado em estudos mais recentes.
Tratamento preventivo intermitente com terapia combinada à base de artemisinina (ACT)
A administração de ACT como tratamento antimalárico preventivo a lactentes pode reduzir o risco de paludismo clínico. Pode também reduzir a proporção de lactentes com parasitas da malária no sangue.
O que foi estudado nesta revisão?
Em zonas onde a malária é comum, os lactentes sofrem frequentemente episódios repetidos de doença da malária. Em zonas onde a transmissão da malária ocorre durante todo o ano, algumas autoridades recomendam o tratamento preventivo intermitente, que requer a administração de medicamentos a intervalos regulares (nas visitas de vacinação da criança), independentemente de a criança ter ou não sintomas de malária, para prevenir a doença da malária.
Estudámos os efeitos da IPTi com SP e outros medicamentos (incluindo ACTs) nos resultados relacionados com a malária. Os resultados da revisão incluíram malária clínica, malária grave, morte, internamento hospitalar, parasitemia, anemia, alteração do nível de hemoglobina e efeitos secundários.
Quais são os resultados principais desta revisão?
Incluímos 12 estudos que incluíram 19.098 bebés. Todos os estudos foram realizados na África subsariana (Gabão, Gana, Quénia, Mali, Moçambique, Tanzânia e Uganda). Estes estudos compararam os lactentes que receberam IPTi com os que receberam comprimidos de placebo ou nada. Os lactentes do grupo IPTi receberam diferentes medicamentos, em diferentes doses e durante diferentes períodos de tempo.
Dez estudos avaliaram a IPTi com SP de 1999 a 2013. O efeito da SP parece diminuir com o tempo, com os ensaios realizados depois de 2009 a mostrarem pouco ou nenhum efeito da intervenção. Os estudos mostram que a IPTi com SP provavelmente resultou em menos episódios de malária clínica, anemia, internamento hospitalar e parasitas no sangue sem sintomas (grau de certeza moderado da evidência). A IPTi com SP provavelmente fez pouca ou nenhuma diferença no risco de morte (evidência de qualidade moderada).
Desde 2009, alguns pequenos estudos avaliaram os medicamentos combinados à base de artemisinina e indicaram o seu impacto na malária clínica e nos parasitas do sangue. Um pequeno estudo de IPTi com dihidroartemisinina-piperaquina em 2013 mostrou uma redução de até 58% nos episódios de malária clínica (evidência de qualidade moderada) e reduções na proporção de lactentes com parasitas no sangue (evidência de qualidade moderada).
Quão atualizada se encontra esta revisão?
Os autores da revisão procuraram por estudos publicados até 3 de dezembro de 2018.
Tradução e revisão final por: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.