Pergunta da revisão
Esta revisão tinha como objetivo avaliar o quão eficaz eram diferentes abordagens no tratamento de dentes da frente permanentes que tenham sido sujeitos a trauma e que posteriormente se fundiram com o osso (dentes anteriores anquilosados).
Contexto
Por vezes os dentes fundem-se ao osso dos maxilares depois de uma lesão no dente, nomeadamente quando o dente bate e é empurrado para dentro do osso maxilar. Esta fusão é denominada de "anquilose". Normalmente as raízes de dentes fundidos (anquilosados) são reabsorvidas pelo corpo e substituídas pelo osso circundante. Em algumas pessoas, isto pode levar a que os dentes fundidos se percam. Estes dentes não crescem acompanhando o normal crescimento do osso dos maxilares, e por isso poderão mudar progressivamente de posição na arcada caso a lesão ocorra durante a infância. Não é claro qual o melhor tratamento para os dentes anquilosados, e é por isso que realizamos esta revisão.
Caraterísticas dos estudos
Os autores do Cochrane Oral Health Group realizaram a revisão dos estudos existentes, e a evidência está atualizada até ao dia 3 de outubro de 2015. Nenhum estudo cumpriu os critérios de inclusão desta revisão.
Resultados-chave e qualidade da evidência
Esta revisão concluiu que atualmente não existe evidência de alto nível disponível para a comparação da eficácia de diferentes métodos de tratamento de dentes anquilosados. É necessária mais pesquisa para fornecer evidência sobre diferentes tratamentos e a sua eficácia relativa e segurança.
Ler o resumo científico
Dentes que sofreram trauma podem fundir-se com o osso da região, num processo designado por anquilose dentária. Os dentes anteriores permanentes anquilosados não conseguem erupcionar durante o crescimento facial e poderão ficar deslocados da sua posição natural, resultando em perturbações funcionais e estéticas. A anquilose dentária é também associada a reabsorção radicular, a qual poderá levar à perda do dente afetado. Diferentes procedimentos para o tratamento de dentes anteriores permanentes anquilosados foram descritos, mas não é evidente quais são os mais eficazes.
Objetivos
Avaliar a eficácia dos procedimentos usados no tratamento de dentes anteriores permanentes anquilosados.
Métodos de busca
As bases de dados eletrónicas usadas foram: o Cochrane Oral Health Group Trials Register (até 5 de agosto de 2015), o Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) ( The Cochrane Library , 2015, Issue 7), MEDLINE via OVID (1946 até 3 de agosto de 2015), EMBASE via OVID (1980 até 3 de agosto de 2015) e LILACS via BIREME (1982 até 3 de agosto de 2015). Efetuámos uma busca no US National Institutes of Health Trials Register ( http://clinicaltrials.gov ) e na WHO Clinical Trials Registry Platform por ensaios a decorrer. Não existiram restrições ao idioma ou data de publicação aquando da pesquisa nas bases de dados eletrónicas.
Critério de seleção
Incluímos ensaios clínicos aleatorizados (ECAs) que comparassem qualquer intervenção para o tratamento de dentes anteriores permanentes anquilosados deslocados, em indivíduos de qualquer idade. As comparações podiam ser entre tratamentos, entre tratamento e placebo, e entre tratamento e a sua ausência.
Coleta dos dados e análises
Dois autores desta revisão selecionaram estudos de forma independente. Os artigos integrais de ensaios potencialmente relevantes foram obtidos. Embora nenhum estudo tenha sido incluído, os autores tinham planeado extrair dados independentemente e analisá-los de acordo com o Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions .
Principais resultados
Não foi identificado qualquer ensaio controlado aleatorizado que cumprisse os critérios de inclusão.
Conclusão dos autores
Fomos incapazes de identificar qualquer ensaio clínico aleatorizado que testasse a eficácia de diferentes opções de tratamentos para dentes anteriores permanentes anquilosados. A falta de evidência de alto nível sobre o tratamento deste problema de saúde enfatiza a necessidade da realização de ensaios clínicos bem planeados que abordem este assunto, cumprindo simultaneamente a declaração do CONSORT (www.consort-statement.org/).
Traduzido por: Carlota Duarte de Mendonça, Bruno Rosa, Joana Faria Marques, João Silveira e António Mata, Centro de Estudos de Medicina Dentária Baseada na Evidência, Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.