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A quimioterapia precoce para as recidivas do cancro do ovário pode não prolongar a vida e pode reduzir a qualidade de vida. Note-se que este ensaio foi realizado antes do tratamento atual, pelo que pode não se aplicar às mulheres que estão a ser tratadas atualmente para o cancro do ovário.
O acompanhamento individualizado após o tratamento, orientado por um enfermeiro, pode melhorar a qualidade de vida mais do que o acompanhamento médico regular, mas pode não fazer grande diferença em termos de ansiedade, depressão ou custos.
O que pretendíamos descobrir?
O cancro do ovário é o oitavo cancro mais comum e a sétima causa mais comum de morte por cancro nas mulheres em todo o mundo. Tradicionalmente, as mulheres eram seguidas após o tratamento nos serviços ambulatórios dos hospitais. Queríamos avaliar a evidência de diferentes tipos de acompanhamento para as mulheres que tinham completado o tratamento para o tipo mais comum de cancro do ovário.
O que fizemos?
Procurámos na literatura médica estudos que avaliassem diferentes tipos de acompanhamento de mulheres que tinham sido submetidas a tratamento para o cancro do ovário. Avaliámos as suas limitações, resumimos os seus resultados e avaliámos o grau de certeza da evidência relativamente a: sobrevivência global, qualidade de vida relacionada com a saúde, efeitos psicológicos (por exemplo, ansiedade, depressão) e custo-eficácia.
O que descobrimos?
Encontrámos dois estudos aleatórios, nos quais as mulheres que tinham completado o seu tratamento para o cancro do ovário foram distribuídas aleatoriamente por um de dois grupos de seguimento. Cada estudo examinou dois tipos diferentes de acompanhamento, pelo que tivemos de analisar cada estudo separadamente, em vez de reunir os seus resultados.
Evidência limitada de um estudo sugere que, independentemente de as mulheres receberem quimioterapia imediatamente após descobrirem que o seu cancro recidivou (identificado pelo aumento de um marcador tumoral no sangue, chamado CA125), ou adiarem o tratamento até desenvolverem sintomas, não há uma diferença real no tempo de sobrevivência. O tratamento precoce da recidiva com quimioterapia pode reduzir a qualidade de vida global.
Evidência limitada de um estudo sugere que as mulheres que recebem um acompanhamento individualizado orientado por enfermeiros registam melhores resultados em termos de qualidade de vida relacionada com a saúde, em comparação com as que recebem um acompanhamento médico convencional. Os efeitos psicológicos (ansiedade e depressão) e os custos foram semelhantes nos dois grupos de mulheres.
Quais são as limitações da evidência?
A evidência destes dois ensaios é limitada no que diz respeito ao seguimento adequado das mulheres com cancro do ovário. O grau de certeza da evidência varia entre baixo e moderado, devido ao risco de viés e à imprecisão. Além disso, estes ensaios são anteriores a outros estudos que demonstram um benefício do tratamento de manutenção (medicamentos para reduzir o crescimento do tumor que são continuados depois de terminada a quimioterapia de rotina) e estudos que demonstram um benefício de uma nova cirurgia na altura da recidiva para algumas mulheres com doença de baixo volume, que podem não ser sintomáticas. Não é certo que os resultados dos estudos de acompanhamento se apliquem atualmente, com estas novas opções de tratamento disponíveis em caso de recaída.
Quão atualizada se encontra a evidência?
Novembro de 2022
Tradução e revisão final por: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.