Os investigadores analisaram ensaios realizados até junho de 2014 sobre o efeito dos medicamentos anti-TNF (adalimumab (Humira®), etanercept (Enbrel®), golimumab (Simponi®) e infliximab (Remicade®)) na espondilite anquilosante. Encontraram 21 estudos com 3.308 participantes. A maioria dos estudos foi financiada por empresas farmacêuticas.
O que é a espondilite anquilosante e o que são os medicamentos anti-TNF?
A espondilite anquilosante é um tipo de artrite que afeta geralmente as articulações e os ligamentos da coluna vertebral, mas também pode afetar outras articulações. Ocorre dor e rigidez que limitam o movimento das costas e das articulações afetadas. Pode ir e vir, durar longos períodos e ser bastante grave.
Os medicamentos anti-TNF têm como alvo uma proteína chamada "fator de necrose tumoral" que causa inflamação. Estes medicamentos suprimem o sistema imunitário e reduzem a inflamação nas articulações, com o objetivo de evitar danos. Embora a supressão do sistema imunitário possa dificultar ligeiramente a luta contra as infeções, também ajuda a estabilizar um sistema imunitário hiperativo.
A revisão mostra que, em pessoas com espondilite anquilosante, a utilização de medicamentos anti-TNF durante um período máximo de 24 semanas:
- melhora a dor, a função e outros sintomas da espondilite anquilosante;
- pode aumentar as hipóteses de conseguir uma remissão parcial dos sintomas da espondilite anquilosante;
- provavelmente melhora ligeiramente a inflamação da coluna vertebral, medida por ressonância magnética (MRI); e
- provavelmente faz com que um número ligeiramente superior de pessoas abandone os estudos devido aos efeitos secundários.
Não dispomos de informações exatas sobre os efeitos secundários e as complicações, mas nestes estudos de curto prazo não houve evidência de um aumento de acontecimentos adversos graves. Os efeitos secundários possíveis podem incluir uma infeção grave (como tuberculose) ou infeção respiratória superior. As complicações raras podem incluir certos tipos de cancro.
Melhor estimativa do que acontece às pessoas com espondilite anquilosante que tomam medicamentos anti-TNF durante um período máximo de 24 semanas:
ASAS40 (melhoria de 40% na dor, função e inflamação, medida pela rigidez matinal, e bem-estar geral do doente)
Em comparação com 13 pessoas em cada 100 que registaram uma melhoria com um placebo, entre as pessoas que tomaram:
- adalimumab: 46 pessoas em 100 registaram melhorias (33% de melhorias);
- etanercept: 43 pessoas em 100 registaram melhorias (30% de melhorias);
- golimumab: 38 pessoas em 100 registaram melhorias (25% de melhorias); e
- infliximab: 53 pessoas em 100 registaram melhorias (40% de melhorias);
Remissão parcial (definida como um valor inferior a 2 numa escala de 0 a 10 em cada um dos fatores
dor, função e inflamação, medida pela rigidez matinal, e bem-estar geral do doente)
Em comparação com 3 pessoas em cada 100 que registaram uma melhoria com um placebo, entre as pessoas que tomaram:
- adalimumab: 19 pessoas em 100 tiveram uma remissão parcial (16% de melhoria);
- etanercept: 13 pessoas em 100 tiveram uma remissão parcial (10% de melhoria);
- golimumab: 16 pessoas em 100 tiveram uma remissão parcial (13% de melhoria);
- infliximab: 47 pessoas em 100 tiveram uma remissão parcial (44% de melhoria);
Função física (pontuação mais baixa significa melhor função; escala de 0 a 10)
Em comparação com uma pontuação de 5 nas pessoas que tomaram placebo, entre as pessoas que tomaram:
- adalimumab, classificaram a sua função como 3,4 (16% de melhoria);
- adalimumab, classificaram a sua função como 3,9 (11% de melhoria);
- golimumab, classificaram a sua função como 3,5 (melhoria de 15%); e
- infliximab, classificaram a sua função como 2,9 (melhoria de 21%).
Inflamação da coluna vertebral medida por ressonância magnética (MRI)
Em comparação com as pessoas que tomaram placebo, foi observada uma pequena melhoria na inflamação da coluna vertebral:
- adalimumab (6% de melhoria);
- golimumab (melhoria de 2,5%); e
- infliximab (melhoria de 3%).
Radiografias das articulações
Apenas um estudo analisou as radiografias e concluiu que as alterações nas articulações eram semelhantes em ambos os grupos (dados pormenorizados não fornecidos).
Efeitos colaterais
Quando todos os medicamentos anti-TNF foram combinados, 16 pessoas em 1.000 abandonaram o estudo devido a efeitos secundários, em comparação com 7 pessoas em 1.000 que tomaram placebo (aumento absoluto de 1%).
Pode haver pouca ou nenhuma diferença no número de pessoas que têm um efeito secundário grave com um medicamento anti-TNF em comparação com as pessoas que tomam um comprimido falso.
Tradução e revisão final por: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.