Incentivos e desincentivos à participação pelos clínicos em ensaios clínicos controlados randomizados

Os ensaios controlado randomizados (ECRs) são necessários para fornecer evidências robustas sobre a eficácia relativa e segurança dos tratamentos. Em muitos ECRs, os clínicos (ou seja, profissionais de saúde que convidam os pacientes a participar de um ECR no qual eles fornecem pelo menos uma das intervenções) convidam apenas uma pequena proporção das pessoas que são elegíveis para os estudos a participar. Foram realizados estudos observacionais para explorar as razões para isto. Entretanto, os resultados não identificam nenhum fator que pareça ter um impacto consistente no recrutamento.

Conclusão dos autores: 

O impacto dos fatores variou de estudo para estudo. Os pesquisadores precisam estar cientes de que aspectos do desenho e da condução dos estudos podem afetar a disposição dos clínicos para convidar os pacientes a participar de pesquisas. É necessário fazer mais pesquisas sobre esta questão.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Os pacientes e médicos precisam de informações confiáveis e atualizadas a partir de ensaios controlados randomizados (ECRs) sobre os custos e benefícios dos tratamentos. As dificuldades de recrutamento surgem quando os clínicos não convidam os pacientes a participar de estudos.

Objetivos: 

Primário: avaliar as evidências sobre os efeitos dos desincentivos e incentivos no convite feito pelos clínicos aos pacientes elegíveis a participar de intervenções de ECRs de saúde.
Secundário: avaliar as evidências em relação à vontade de convidar a participação.

Métodos de busca: 

1. Fizemos buscas na Cochrane Methodology Register and Cochrane Database of Methodology Reviews em maio de 2006 e no Cochrane Central Register of Controlled Trials, National Research Register e ClinicalTrialsGov em abril de 2005.
2. Fizemos buscas no EMBASE, MEDLINE, CINAHL, PsycINFO e AMED em abril de 2005.
3. Verificamos as listas de referência dos estudos incluídos.

Critério de seleção: 

Incluímos estudos que exploraram o efeito dos (des)incentivos na opinião dos clínicos e nas atividades de recrutamento.

Coleta dos dados e análises: 

As informações sobre os estudos incluídos foram insuficientes para uma avaliação completa da qualidade. Extraímos dados sobre (des)incentivos e avaliamos a sua associação com o recrutamento.

Principais resultados: 

Não identificamos ECRs de intervenções. Incluímos onze estudos observacionais: duas revisões de prontuários médicos, um estudo de pares combinados, um estudo de entrevista clínica, dois estudos que documentam as decisões dos médicos e cinco pesquisas enviadas pelos correios. Foram utilizadas três medidas de recrutamento: convite para participar, entrada no ECR e relatório de entrada ao ECR. Cinco estudos exploraram os efeitos das características dos pacientes. O efeito da idade e do prognóstico variou entre os estudos. Seis estudos consideraram a associação entre os pontos de vista dos médicos e o recrutamento. Os médicos que concordaram em participar porque foram informados pelos pesquisadores tinham menos probabilidade de participar do que aqueles motivados (1 estudo, p bicaudal = 0,04 teste exato de Fisher) e (Odds Ratio [OR] 0,4, Intervalo de Confiança [IC] 95% 0,2 a 0,9, 1 estudo). Os médicos que haviam recrutado eram mais propensos a relatar algumas dificuldades, incluindo "estudos que envolvem trabalho extra" (OR 92,94, IC 95% 4,54 - 1902,11; p ≤ 0,01, 1 estudo) e "convidar pacientes para participar é embaraçoso" (qui-quadrado 15,55, df = 1, p < 0,0001, 1 estudo). O efeito da necessidade de discutir a incerteza clínica não era claro. No entanto, a preocupação de que a relação médico-paciente seria prejudicada pela participação era um fator dissuasivo (qui-quadrado = 7,25, df = 1, p = 0,007, 1 estudo).

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Ana Carolina Pereira Nunes Pinto). Contato: tradutores.cochrane.br@gmail.com

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