Literatura cinzenta em metanálises de ensaios clínicos randomizados de intervenções na área da saúde

Esta revisão metodológica identificou cinco estudos que avaliaram o efeito da inclusão de estudos da literatura cinzenta (ou seja, literatura que não foi formalmente publicada) em revisões sistemáticas de intervenções na área da saúde. Estas evidências indicam que os estudos encontrados na literatura publicada tendem a ser maiores (com mais participantes) e mostram efeitos maiores de uma intervenção em saúde do que os estudos encontrados na literatura cinzenta. Encontramos poucas evidências para determinar se os estudos de literatura cinzenta eram de menor qualidade metodológica do que os estudos publicados. Isto significa que, para minimizar os efeitos do viés de publicação em sua revisão, os autores de revisões sistemáticas devem buscar tanto os estudos publicados quanto os estudos da literatura cinzenta.

Conclusão dos autores: 

Esta revisão mostra que os estudos publicados tendem a ser maiores (com mais participantes) e mostram um efeito geral de tratamento maior do que os estudos da literatura cinzenta. Isto tem implicações importantes para os autores de revisões, uma vez que, para minimizar o risco de viés em sua revisão, eles precisam garantir que os estudos da literatura cinzenta sejam identificados.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Devido à disponibilidade seletiva de dados na literatura, pode ocorrer viés de publicação. Consequentemente, alguns problemas podem surgir em revisões sistemáticas da literatura. A inclusão de literatura cinzenta (ou seja, literatura que não foi formalmente publicada) em revisões sistemáticas pode ajudar a superar alguns destes problemas.

Objetivos: 

Revisar de forma sistemática os estudos que avaliaram o impacto da literatura cinzenta em metanálises de ensaios clínicos randomizados de intervenções em saúde.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas no Cochrane Methodology Register (The Cochrane Library Edição 3, 2005), MEDLINE (1966 a 20 de Maio de 2005), no Science Citation Index (Junho de 2005) e entramos em contato com pesquisadores que pudessem ter realizado estudos relevantes.

Critério de seleção: 

Um estudo foi considerado elegível para esta revisão se comparasse o efeito da inclusão versus exclusão da literatura cinzenta nos resultados de uma coorte de metanálises de ensaios clínicos randomizados.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores da revisão, trabalhando de forma independente, extraíram os dados de cada estudo incluído. A principal medida de desfecho foi o impacto dos estudos da literatura cinzenta nas estimativas de efeito agrupadas em metanálises. Também coletamos informações sobre a área da saúde, o número de metanálises, o número de estudos, o número de participantes nos estudos, o ano de publicação dos estudos, o idioma e o país de publicação dos estudos, o número e o tipo de literatura cinzenta e publicada, e a qualidade metodológica.

Principais resultados: 

Cinco estudos preencheram os critérios de inclusão. Todos os cinco estudos identificaram que os estudos publicados mostravam um efeito de tratamento globalmente maior do que os estudos da literatura cinzenta. Esta diferença foi estatisticamente significativa em um dos cinco estudos. Pudemos agrupar os dados de três dos cinco estudos incluídos. Os resultados destes estudos agrupados mostraram que, em média, os estudos publicados mostravam um efeito de tratamento 9% maior do que os estudos da literatura cinzenta (razão de odds ratios para estudos da literatura cinzenta versus estudos publicados 1,09; intervalo de confiança (IC) 95% 1,03 a 1,16). Em geral, as metanálises incluíram mais estudos publicados do que estudos da literatura cinzenta (mediana 224, amplitude interquartil (IQR) 108 a 365 versus 45, IQR 40 a 102). Os estudos publicados tinham, em média, mais participantes. Os tipos mais comuns de literatura cinzenta foram resumos (55%) e dados não publicados (30%). Encontramos poucas evidências para determinar se os estudos de literatura cinzenta eram de menor qualidade metodológica do que os estudos publicados.

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Mayara Rodrigues Batista e Ana Carolina Pereira Nunes Pinto). Contato: tradutores.cochrane.br@gmail.com

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