Gestão da dor na interrupção medicamentosa da gravidez até às 14 semanas de gestação

Mensagens-chave

- O ibuprofeno tem a melhor evidência para controlar a dor durante a interrupção medicamentosa da gravidez nas primeiras 14 semanas de gestação, mas não é clara a dosagem mais apropriada. 

- São necessários mais estudos, bem como uma forma sólida e consistente de registar a dor.

 

O que é a interrupção medicamentosa da gravidez?

Existem dois tipos principais interrupção da gravidez - cirúrgica ou medicamentosa. A interrupção da gravidez cirúrgica é realizada por médicos especialistas numa clínica (NE: na realidade portuguesa, ocorre numa instituição de saúde). Na interrupção medicamentosa da gravidez, as mulheres tomam medicamentos (compostos por mifepristona e misoprostol) para interromper a gravidez. A interrupção medicamentosa da gravidez é cada vez mais comum em todo o mundo, mas pode causar cólicas e dor abdominal inferior. Nas primeiras 14 semanas de gravidez, a interrupção medicamentosa da gravidez pode ser realizada numa instituição de saúde ou em casa, pelo que é importante que as mulheres tenham acesso a estratégias de controlo da dor. 

 

O que pretendíamos descobrir?

É pouco claro qual será o melhor método para tratar a dor relacionada com este procedimento. Estávamos interessados em saber qual era a evidência para medicamentos analgésicos, como o ibuprofeno ou os opioides, e outros métodos não farmacológicos como o saco de água quente ou o mindfulness.

 

O que é que fizemos?

Procurámos estudos que comparassem diferentes tratamentos de alívio da dor para a interrupção medicamentosa da gravidez nas primeiras 14 semanas de gravidez.

 

O que é que descobrimos?

Encontrámos cinco estudos diferentes, todos eles sobre diferentes tipos de tratamento. Dois estudos foram realizados em Israel, tendo um comparado o ibuprofeno com o placebo, e o outro o ibuprofeno com o paracetamol. Foram realizados dois estudos nos EUA. Um comparou a administração de ibuprofeno em resposta à dor com a administração profilática, e outro comparou a pregabalina com o placebo. O último estudo foi realizado no Reino Unido e comparou a mobilidade durante o tratamento com o repouso.

 

Principais resultados

Encontrámos alguma evidência para o uso de ibuprofeno quer quando administrado por rotina com o misoprostol, quer em resposta à dor, conforme a necessidade. 

Não é clara a melhor dosagem de ibuprofeno, mas uma dose única de ibuprofeno de 1600 mg mostrou-se provavelmente eficaz, tendo sido menos claro se 800 mg seria eficaz. O paracetamol 2000 mg mostrou menor probabilidade de melhorar a intensidade da dor do que o ibuprofeno 1600 mg, mas a sua utilização não pareceu causar efeitos adversos e não afetou o sucesso da a interrupção da gravidez.

Uma dose única de pregabalina 300 mg poderá não afetar a intensidade da dor durante a interrupção medicamentosa da gravide, mas, tal como o paracetamol, não resultou em qualquer efeito adverso relatado. Mobilizar-se ou permanecer em repouso durante a interrupção medicamentosa da gravidez parece não afetar a intensidade da dor, o sucesso da interrupção da gravidez ou o tempo necessário para o fim da gravidez. 

 

Limitações da evidência

Todos os estudos eram relativamente pequenos e nenhum estudo comparou o mesmo tratamento. Como tal, não pudemos comparar os seus resultados.

 

Quão atualizada se encontra esta evidência?

Esta revisão encontra-se atualizada até 21 de agosto de 2019.

Notas de tradução: 

Traduzido por Beatriz Leal, Serviço de Anestesiologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

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