Medicamentos analgésicos (AINEs: anti-inflamatórios não esteroides) no perioperatório em mulheres submetidas a cirurgia da mama

Qual é o objetivo desta revisão?

O objetivo desta revisão foi descobrir se os AINEs reduzem a dor no perioperatório de qualquer cirurgia da mama em comparação com nenhuma medicação (placebo) ou outro analgésico (por exemplo, opioides). Os possíveis efeitos secundários dos AINEs foram revistos e comparados com os efeitos secundários para os doentes a cumprir quer nenhuma medicação, quer outro tipo de analgésicos. Os AINEs incluem cetorolac, flurbiprofeno, ibuprofeno e celecoxib.

Porque é que isto importa?

Os AINEs têm demonstrado diminuir a inflamação, a dor e a febre, ao mesmo tempo que aumentam potencialmente os riscos de complicações hemorrágicas. Embora existam preocupações sobre a segurança dos AINEs durante a cirurgia da mama, os mesmos poderão ser mais benéficos do que outros medicamentos (opioides) os quais têm outros efeitos adversos a considerar.

O que foi estudado na revisão?

Os estudos incluíram mulheres que receberam ou um AINE, ou placebo, ou outro analgésico, ou nenhum medicamento. Pretendemos avaliar hemorragia mamária, dor após cirurgia, náuseas e vómitos pós-operatórios, hemorragia a partir de qualquer local, necessidade de transfusão de sangue, quaisquer outros efeitos secundários relacionados com AINEs, uso de opioides nas 24 horas seguintes à cirurgia, duração da hospitalização, recorrência do cancro da mama, e uso de AINE não prescrito.

O que é que encontrámos?

Encontrámos 12 estudos com um total de 1596 participantes. A evidência encontra-se atualizada até setembro de 2020. Sete estudos compararam os AINEs (cetorolac, diclofenac, flurbiprofeno, parecoxib e celecoxib) ao placebo. Quatro estudos compararam os AINEs (cetorolac, flurbiprofeno, ibuprofeno, e celecoxib) a outros medicamentos para a dor. Um estudo comparou os AINEs (diclofenac) a nenhum medicamento.

AINEs em comparação com placebo : : a utilização de AINEs parece fazer pouca diferença na incidência de hematoma mamário (uma coleção de sangue axilar ou no local cirúrgico de mama), ou de hemorragia em qualquer local, ou no aumento de transfusões de sangue nos 90 dias após a cirurgia da mama. Não houve aumento de náuseas e vómitos pós-operatórios. Os AINEs podem reduzir a dor nas 24 horas após a cirurgia e reduzir o uso de opioides nas 24 horas após a cirurgia.

AINEs em comparação com outros analgésicos : a utilização de AINEs parece fazer pouca diferença na incidência de hematoma mamário, ou hemorragia de qualquer local, ou necessidade de transfusão de sangue nos 90 dias após a cirurgia da mama. Os AINEs podem reduzir a dor em 24 horas e reduzir a possibilidade de náuseas e vómitos após a cirurgia. Há pouca ou nenhuma diferença na incidência de outros efeitos secundários. Os AINEs podem reduzir o uso de opioides nas 24 horas após à cirurgia, em comparação com outros analgésicos.

AINEs em comparação com nenhum medicamento : a utilização de AINEs parece fazer pouca ou nenhuma diferença na dor nas 24 horas após a cirurgia, em comparação com a ausência de medicamentos.

Muitos estudos não recolheram nem relataram dados sobre a necessidade de transfusões de sangue, duração da hospitalização, recorrência do cancro da mama e uso de AINEs não prescritos.

O que significam as conclusões?

Em resumo, os estudos foram pequenos, diferentes uns dos outros e não relataram todos os possíveis efeitos secundários. Por conseguinte, não pudemos retirar conclusões firmes sobre os benefícios ou danos dos AINEs. Esta revisão fornece provas preliminares, mas são necessários mais estudos para garantir que não existem danos resultantes do uso de AINEs após a cirurgia mamária. São necessários estudos de boa qualidade em grande escala antes de se poderem retirar conclusões definitivas.

Quão atualizada se encontra esta revisão?

Os autores desta revisão pesquisaram estudos publicados até 21 de setembro de 2020.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Beatriz Leal, Serviço de Anestesiologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Cochrane Portugal.

Tools
Information