Quais são os benefícios e os riscos dos colírios que aumentam o tamanho da pupila como tratamento adicional para a inflamação após um traumatismo no olho?

Porque é que esta questão é importante
Os departamentos de emergência hospitalar tratam frequentemente pessoas com lesões oculares. Existem dois tipos principais de lesões oculares:

- lesões por traumatismo contuso (estando o olho íntegro, sem perfuração), quando um objecto ou força atinge o olho. As causas comuns de traumatismos oculares contusos incluem acidentes de veículos motorizados, acidentes desportivos ou relacionados com o trabalho, ou violência física;

- lesões por traumatismo penetrante, quando um objecto cortante ou um objecto que viaja a alta velocidade (por exemplo, de balas disparadas por armas de fogo) perfura o olho.

O trauma contuso é a forma mais comum de lesão ocular. As pessoas que têm estas lesões desenvolvem frequentemente uma iridociclite traumática, uma inflamação da íris (a parte colorida do olho que envolve a pupila) e do corpo ciliar (os músculos e tecidos à volta da íris). A iridociclite traumática pode desenvolver-se após traumatismos de vários graus e pode afectar tanto crianças como adultos. Os sintomas associados a danos na íris e no corpo ciliar incluem dor ocular e sensibilidade à luz. Se a inflamação passar despercebida ou não for tratada adequadamente, pode causar perda de visão.

O tratamento standard para a iridociclite traumática são anti-inflamatórios sob a forma de oftálmicas (corticosteróides). Colírios (gotas) que aumentam o tamanho da pupila (midriáticos) são normalmente utilizadas como tratamento adicional, para reduzir a dor e o desconforto ocular, e para encurtar a duração dos sintomas.

O nosso objectivo ao rever a evidência foi perceber se o uso de midiráticos juntamente com corticosteróides para tratar a iridociclite traumática é benéfico ou causa mais efeitos indesejados do que apenas os corticosteróides usados de forma isolada. Especificamente, queríamos saber se os midriáticos aliviam a dor e inflamação ocular e melhoram a visão. Também queríamos saber se os midriáticos causam complicações como dor crónica, e se têm algum efeito negativo grave na visão (incluindo a cegueira).

Como procurámos evidência
A nossa equipa de investigadores pesquisou na literatura médica:

- ensaios controlados aleatorizados: são estudos médicos em que as pessoas são colocadas aleatoriamente em um de dois ou mais grupos de tratamento. Este tipo de estudos fornece provas mais fiáveis sobre se um tratamento faz a diferença;

- estudos sobre pessoas de todas as idades com iridociclite traumática;

- estudos que compararam os efeitos dos midriáticos juntamente com corticosteróides em relação a corticosteróides dados de forma isolada.

O que encontrámos
Não encontrámos ensaios controlados aleatorizados para nos ajudar a responder à nossa pergunta. Por este motivo, não sabemos se a adição de midriáticos aos corticosteróides é benéfica ou causa mais efeitos indesejados do que apenas os corticosteróides dados de forma isolada no tratamento da iridociclite traumática. São necessários estudos futuros que comparem os midriáticos administrados juntamente com corticosteróides em relação a corticosteróides dados de forma isolada, para que possamos avaliar os benefícios e riscos dos midriáticos como tratamento adicional para a iridociclite traumática.

Quão actualizada é esta revisão?
Pesquisámos evidência médica publicada até 12 de Junho de 2019. Esta revisão abrangeu a investigação que estava disponível até essa data, mas não considerou quaisquer evidência que possam ter sido produzidas desde então.

Notas de tradução: 

Notas de tradução CD013260.pub2 Traduzido por Inês Leal, Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal

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