Hipotermia terapêutica como terapia neuroprotetora após parada cardiopulmonar em crianças

A parada cardiopulmonar em crianças é incomum porém os números de crianças que sobrevivem são muito baixos. Os danos cerebrais nos sobreviventes podem ser devastadores para a criança e os familiares. O resfriamento do paciente a temperatura de de 32 °C a 34 °C, que é 3 °C a 4 °C abaixo do normal (hipotermia terapêutica), já tem mostrado melhora na sobrevida e redução de danos cerebrais em recém nascidos privados de oxigênio durante o nascimento e também em adultos que sofreram parada cardiopulmonar. As causas de parada cardiopulmonar são diferentes nas crianças e adultos, e a asfixia ao nascimento também é diferente e assim os efeitos da hipotermia terapêutica na proporção de crianças que sobrevivem ou tem dano cerebral não é clara.

Nós conduzimos uma revisão sistemática da Cochrane na literatura, procurando em bases de dados médicas (CENTRAL, MEDLINE, EMBASE) até Dezembro de 2011 e entramos em contato com especialistas internacionais para a maior qualidade de evidências publicadas e não publicadas. Nossas buscas falharam em encontrar estudos controlados randomizados que se enquadravam em nosso critério de inclusão. Entretanto, nós encontramos quatro ensaios clínicos em andamento, que quando prontos, poderão contribuir para a nossa revisão.

Até o momento não há evidência de ensaios clínicos controlados randomizados para apoiar ou refutar o uso da hipotermia terapêutica dentro de poucas horas após o retorno da circulação espontânea em crianças após parada cardiopulmonar. Os guidelines internacionais de ressuscitação atualmente recomendam que os médicos considerem o uso da terapia em lactentes e crianças apesar de mais pesquisas serem necessárias para ter certeza dessa recomendação como tratamento, além dos cuidados intensivos em unidade de terapia intensiva.

Conclusão dos autores: 

Baseado nessa revisão, nós não podemos fazer nenhuma recomendação para a prática clínica. Ensaios clínicos controlados e randomizados são necessários e os resultados de estudos em andamento serão avaliados quando disponíveis.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A parada cardiopulmonar em pacientes pediátricos geralmente resulta em morte ou sobrevida com danos cerebrais severos. A hipotermia terapêutica, diminuindo a temperatura corporal a 32 °C a 34 °C, pode reduzir os danos ao cérebro no período após o restabelecimento da circulação espontânea. Essa terapia tem sido efetiva em neonatos com encefalopatia hipóxica isquêmica e em adultos após parada cardiopulmonar em fibrilação ventricular testemunhada. O efeito da hipotermia terapêutica após a parada cardiopulmonar em pacientes pediátricos é desconhecida.

Objetivos: 

Avaliar da efetividade clínica da hipotermia terapêutica após parada cardiopulmonar em pediatria.

Métodos de busca: 

Buscamos no Cochrane Anaesthesia Review Group Specialized Register; Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2011, Edição 11); Ovid MEDLINE(1966 a Dezembro de 2011); Ovid EMBASE (1980 a Dezembro de 2011); Ovid CINAHL (1982 a Dezembro de 2011); Ovid BIOSIS (1923 a Dezembro de 2011); e Web of Science (1945 a Dezembro de 2011)Nos buscamos nos registros dos banco de dados dos ensaios clínicos em andamento. Nos também entramos em contato com especialistas internacionais em hipotermia terapêutica e em medicina intensiva pediátrica para localizar mais estudos publicados e não publicados.

Critério de seleção: 

Nós planejamos incluir ensaios clínicos controlados randomizados e quasi-randomizados comparando a hipotermia terapêutica com normotermia ou aos cuidados intensivos padrão, com idade entre 24 horas e 18 anos, após parada cardiopulmonar pediátrica.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores buscaram os artigos para inclusão de forma independente.

Principais resultados: 

Nós não encontramos estudos que satisfaziam os critérios de inclusão. Nós encontramos quatro estios clínicos controlados e randomizados em andamento que podem estar disponíveis para análises futuras. Nós excluímos 18 estudos não randomizados. Entre esses 18 estudos não randomizados, três compararam hipotermia terapêutica com terapias normalmente utilizadas e não demonstraram diferença na mortalidade ou na proporção de crianças com bom desfecho neurológico; um relato de caso foi apresentado.  

Notas de tradução: 

Traduzido por Marcelo Tabary de Oliveira Carlucci, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil. Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com

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