Antibioticoterapia preventiva (profilaxia) em cirurgias limpas e limpas-contaminadas da orelha

Cirurgias da orelha, como cirurgias de forma geral, podem ser divididas em diversas categorias como limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e sujas. Complicações no pós-operatório podem incluir infecção local, otorréia, labirintite e falha do enxerto. Esta revisão teve como objetivo demonstrar se o uso profilático de antibiótico em cirurgias de orelha podem ajudar a reduzir as complicações pós-operatórias nas cirurgias limpas ou limpas-contaminadas. Não há atualmente evidências de ensaios clínicos randomizados sobre os efeitos de quaisquer antibióticos administrados por qualquer via na redução das complicações em cirurgias limpas ou limpas-contaminadas na orelha.

Conclusão dos autores: 

Não há fortes evidências que o uso em grande escala de profilaxia com antibiótico em cirurgias limpas ou limpas-contaminadas da orelha reduzem as complicações pos-operatórias como infecção local, otorréia, labirintite, e falha do enxerto.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Trata-se da atualização de uma revisão da Biblioteca Cochrane publicada pela primeira vez na edição 3 de 2004 e com atualização anterior datada em 2007.

Cirurgias da orelha podem ser indicadas para o tratamento da otite média crônica, alterações na cadeia ossicular, perfurações da membrana timpânica e para a otite média com efusão. As infecções no pós-operatório das cirurgias de orelha podem resultar em infecções da incisão, infecções do ouvido médio ou da mastoide, causando otorréia, falha do fechamento da membrana timpânica ou labirintite pela infecção no ouvido interno ou adjacente ao mesmo. Estas complicações são associadas a desconforto e inconveniência do paciente, maior morbidade e maior custo para o seguro saúde.

Objetivos: 

Analisar os efeitos dos antibióticos locais ou sistêmicos para a prevenção de complicações como otorréia, falha do enxerto e labirintite em pacientes submetidos a cirurgias limpas ou limpas-contaminadas da orelha.

Métodos de busca: 

Foram analisadas as bases de dados the Cochrane Ear, Nose and Throat Disorders Group Trials Register, The Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), PubMed, EMBASE, CINAHL, Web of Science, BIOSIS Previews, Cambridge Scientific Abstracts, mRTC e outras fontes adicionais de ensaios clínicos publicados ou não publicados. A data da busca mais recente foi 31 de agosto de 2009.

Critério de seleção: 

Foram incluídos ensaios clínicos randomizados ou quase-randomizados de pacientes submetidos a cirurgias limpas ou limpas-contaminadas de orelha. Foram excluídas cirurgias de base de crânio. Incluímos os estudos com o uso de qualquer profilaxia de antibiótico local ou sistêmico, administrado no intra- ou peri-operatório comparado a placebo, nenhum antibiótico ou a um grupo de pacientes submetidos a intervenção alternativa. Os desfechos analisados incluíram infecção, otorréia, falha de enxerto, labirintite e evento adverso da profilaxia.

Coleta dos dados e análises: 

Quando possível contatamos os investigadores para informações adicionais nos dados e referente ás questões metodológicas. Ao menos dois autores extraíram os dados e analisaram a qualidade dos ensaios clínicos de forma independente.

Principais resultados: 

Onze estudos foram incluídos nesta revisão. A qualidade da metodologia destes ensaios clínicos foi considerada de moderada a boa. Porém, a maioria dos estudos apresentou detalhes insuficientes sobre a metodologia. Foi possível fazer o agrupamento dos resultados, apesar da definição heterogênea dos dados de desfecho. Não foi observada diferença significante entre o grupo que recebeu profilaxia com antibiótico ou o grupo controle, considerando uma redução de infeção no período pos-operatório, falhas do enxerto, otorréia e efeitos adversos aos medicamentos.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Silke Anna Theresa Weber, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com

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