Olanzapina via intramuscular ou oral (velotab) para agitação aguda em pessoas com suspeita de doenças mentais graves.

Às vezes é necessário usar remédios para ajudar a conter a agressividade ou agitação em pessoas com doença mental grave. Nesses casos, a pessoa pode receber uma injeção intramuscular (IM) de olanzapina ou o mesmo remédio pode ser dado pela boca ,na forma de um comprimido que derrete na língua ou uma solução de rápida absorção (comprimidos ´oro-dispersíveis´ ou ´velotab´). Nesta revisão, resumimos os achados de ensaios clínicos randomizados sobre os efeitos destas duas via de administração da olanzapina.
Dados relevantes sobre os efeitos da olanzapina IM foram coletados de alguns estudos que podem não ser considerados éticos em muitos lugares e todos foram patrocinados por empresas com interesses financeiros nos resultados. Além disso, estes estudos frequentemente relataram de forma inadequada alguns desfechos que são difíceis de interpretar no manejo habitual desses casos. Esses estudos também deixaram de apresentar outros desfechos importantes. Apesar desses problemas, os estudos indicam que a olanzapina IM provavelmente tem algum valor para controlar episódios agudos de agitação ou agressão, especialmente nos casos que não podem receber os tratamentos mais tradicionais. A olanzapina provoca menos desordens de movimentos do que o haloperidol e mais do que o lorazepam. Os estudos não testaram as preparações orais do tipo velotab.

Conclusão dos autores: 

Dados relevantes sobre os efeitos da olanzapina IM foram coletados de alguns estudos que podem não ser considerados éticos em muitos lugares e todos foram patrocinados por empresas com interesses financeiros nos resultados. Além disso, esses estudos frequentemente relataram de forma inadequada alguns desfechos que são difíceis de interpretar no manejo habitual desses casos. Esses estudos também deixaram de apresentar outros desfechos importantes. Apesar desses problemas, os estudos indicam que a olanzapina IM provavelmente tem algum valor para controlar episódios agudos de agitação ou agressão, especialmente nos casos que não podem receber os tratamentos mais tradicionais. A olanzapina provoca menos desordens de movimentos do que o haloperidol e mais do que o lorazepam. Não encontramos ECRs que tenham avaliados as preparações orais do tipo velotab. É necessário realizar ECRs bem elaborados, conduzidos e reportados sobre esse assunto. Acreditamos que esses ECRs são possíveis e deveriam ser desenhados tendo em mente os pacientes e os médicos. Eles deveriam reportar desfechos relevantes
no manejo de pessoas que passam por esses difíceis momentos no curso da sua doença.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Pessoas com doença mental grave que apresentam comportamento agitado ou violento podem precisar de sedação farmacológica urgente. Na atualidade, diversas preparações de olanzapina, uma droga antipsicótica, estão sendo usadas para controlar esse tipo de agitação.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos da olanzapina por via intramuscular (IM), oral velotab ou oral habitual versus outros tratamentos para controlar episódios agudos de agressividade ou agitação causada por doença mental grave.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nas bases de dados Cochrane Controlled Trials Register (Issue 1, 2002), Cochrane Schizophrenia Group's Register (novembro de 2004) e nas listas de referências dos estudos. Também contatamos os autores dos estudos e os fabricantes de olanzapina.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECRs) que compararam olanzapina IM ou oral (velotab ou convencional) versus qualquer outro tratamento para pessoas com doença mental grave em surto de agressividade ou agitação.

Coleta dos dados e análises: 

Fizemos a seleção, a extração dos dados e a avaliação da qualidade dos estudos da forma recomendada. Para os desfechos binários,calculamos o risco relativo (RR) e o intervalo de confiança (IC) de 95% e usamos o modelo de efeito fixo. Também calculamos o número necessário para tratar/causar dano (NNT/NNH) ponderado. Para os desfechos contínuos, preferimos usar os dados finais em vez dos dados de mudança. Combinamos os dados contínuos não enviesados obtidos por meio de escalas válidas usando a diferença de média ponderada (WMD).

Principais resultados: 

Quatro ECRs compararam olanzapina IM versus placebo IM. Esses estudos envolveram um total de 769, pacientes, dos quais 217 receberam placebo. Menos pessoas no grupo da olanzapina IM apresentaram ´ausência de resposta importante´ dentro de 2 horas do que no grupo placebo: 4 ECRs, n = 769, RR 0,49, IC 95% 0,42 a 0,59, NNT 4, IC 95% 3 a 5 pessoas. A olanzapina IM foi tão aceitável quanto o placebo: 2 ECRs, n = 354, RR de abandonar o estudo precocemente 0,31, IC 95% 0,06 a 1,55. As pessoas do grupo olanzapina IM precisaram de substancialmente menos injeções adicionais depois da dose inicial do que as pessoas no grupo placebo: 4 ECRs, n = 774, RR 0,48, IC 95% 0,40 a 0,58, NNT 4, IC 95% 4-5 pessoas. A olanzapina IM não pareceu estar associada a efeitos extrapiramidais: 4 ECRs, n = 570, RR de experimentar qualquer efeito adverso que requeira medicação anticolinérgica nas primeiras 24 horas 1,27, IC 95% 0,49 a 3,26.

Dois ECRs compararam olanzapina IM versus haloperidol IM (total n = 482, 166 alocados no grupo do haloperidol). Não houve diferença entre olanzapina versus haloperidol IM para o desfecho “ausência de resposta clínica importante”: dentro de 2 horas: 2 ECRs, n = 482, RR 1,00, IC 95% 0,73 a 1,38. Também não houve diferença entre os grupos quanto à necessidade de novas injeções IM: 2 ECRs, n = 482, RR 0,99, IC 95% 0,71 a1,38. Mais pessoas no grupo do haloperidol tiveram acatisia (incapacidade de sentar) durante o período de cinco dias de uso oral do que no grupo que recebeu olanzapina IM: 1 ECR, n = 257, RR 0,51, IC 95% 0,32 a 0,80, NNT 6, IC 95% 5 a 15 pessoas. Menos pessoas no grupo da olanzapina IM precisaram usar medicação anticolinérgica dentro de 24 horas do que no grupo do haloperidol IM: 2 ECRs, n = 432, RR 0,20, IC 95% 0,09 a0,44, NNT 8, IC 95% 7 a 11 pessoas.

Dois estudos compararam olanzapina IM versus lorazepam IM (total n = 355, 119 alocados no grupo lorazepam). Não houve diferença entre os grupos olanzapina versus lorazepam IM para o desfecho “ausência de resposta clínica relevante” nas primeiras duas horas: 2 ECRs, n = 355, RR 0,92, IC 95% 0,66 a 1,30. Porém, menos pessoas no grupo olanzapina IM do que no grupo lorazepam precisaram receber injeções adicionais dentro de 24 horas: 2 ECRs, n = 355, RR 0,68, IC 95% 0,49 a 0,95, NNT 10, IC 95% 6 a 59 pessoas. As pessoas no grupo olanzapina IM tiveram menor probabilidade de ter algum evento adverso decorrente do tratamento do que no trupo lorazepam: 1 ECR, n = 150, RR com 24 horas 0,62, IC 95% 0,43 a 0,89, NNT 5, IC 95% 4 a 17 pessoas. Não houve diferença entre os grupos no uso de medicação anticolinérgica nas primeiros 24 horas: 1 ECR, n = 150, RR 1,16, IC 95% 0,38 a 3,58.

Nenhum estudo avaliou desfechos relacionados ao uso de serviços de saúde ou hospitalares. Nenhum dos estudos avaliou os seguintes desfechos: grau de satisfação com os cuidados, suicídio, automutilação ou ferimentos em outrem. Nenhum estudo avaliou o uso da olanzapina na forma oro-dispersível (velotab).

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane Brasil (Karen Medeiros Gonçalves)

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