Intervenções farmacológicas para pacientes com emocionalismo após acidente vascular cerebral

Essa tradução não está atualizada. Por favor clique aqui para ver a versão mais recente em inglês desta revisão.

Pergunta da revisão

O tratamento farmacológico, comparado ao placebo, reduz a frequência de episódios emocionais indesejados em pessoas que tiveram um derrame e estão com emocionalismo?

Introdução

É comum as pessoas que tiveram um derrame (ou acidente vascular cerebral-AVC) desenvolverem emocionalismo. O emocionalismo é uma dificuldade de a pessoa controlar seu comportamento emocional. Depois de ter um derrame, algumas pessoas podem de repente começar a chorar ou, mais raramente, rir sem razão aparente. Isso é angustiante para a própria pessoa e para seus cuidadores. Os antidepressivos, conhecidos por serem úteis em pessoas com depressão, podem ser um tratamento eficaz para o emocionalismo após AVC. Porém, existem poucos ensaios clínicos randomizados nesta área.

Data da busca

Fizemos buscas por estudos que tivessem sido publicados até 14 de maio de 2018.

Características do estudo

Incluímos na revisão sistemática sete estudos controlados randomizados envolvendo 239 participantes. Esses estudos testaram o uso de antidepressivos no tratamento de pessoas com emocionalismo. O número de participantes em cada estudo variou de 10 até 92. A idade média/mediana dos participantes variou de 57,8 a 73 anos. Os estudos foram realizados na Europa (Reino Unido: 1, Dinamarca: 1, Escócia: 1 e Suécia: 1); Ásia (Coreia do Sul: 1; e Japão: 1); e nos EUA: 1.

Principais resultados

Incluímos sete estudos envolvendo 239 participantes (não identificamos novos estudos publicados depois da versão anterior dessa revisão sistemática). Dois estudos eram do tipo cruzado e não apresentavam dados dos resultados da primeira fase (antes do cruzamento) em um formato que permitisse que fossem incluídos juntos com os dados dos estudos do tipo paralelo. Portanto, só pudemos usar os dados provenientes de cinco estudos envolvendo 213 participantes. Observamos os seguintes efeitos do tratamento: redução de 50% no emocionalismo, melhora (redução) da labilidade emocional avaliada pela escala Impressão de Mudança Baseada em Entrevista com o Médico (CIBIC), diminuição dos episódios de choro, e dos escores na Escala de Riso e Choro Patológico (PLCS). No entanto, os intervalos de confiança foram amplos, indicando que o tratamento pode ter tido apenas um pequeno efeito positivo, ou mesmo um pequeno efeito negativo (em um estudo). Seis estudos avaliaram morte como um dos eventos adversos e não encontraram diferenças entre os grupos.

Qualidade da evidência

A qualidade da evidência foi muito baixa a moderada devido ao fato dos estudos serem pequenos e terem algum grau de viés.

Conclusão

Os antidepressivos parecem reduzir as crises de choro ou riso. Para ter certeza que esses benefícios superam os riscos desse tratamento, são necessários mais estudos que avaliem e relatem adequadamente os eventos adversos.

Conclusão dos autores: 

Existe evidência de qualidade muito baixa de que o uso de antidepressivos pode reduzir a frequência e a gravidade dos episódios de choro ou riso. Apesar do efeito ser muito grande, nossas conclusões devem ser interpretadas com cautela porque os estudos primários tinham várias deficiências metodológicas. O efeito não parece ser específico para uma droga ou classe de drogas. Precisamos de dados mais confiáveis para chegarmos a conclusões definitivas sobre o tratamento de pessoas com emocionalismo pós-AVC. Futuros investigadores desse tema deveriam desenvolver e usar métodos padronizados para o diagnóstico do emocionalismo, sua gravidade, e sua evolução ao longo do tempo. Além disso, para melhor avaliar as taxas de recidiva e a manutenção dos benefícios, o tratamento deveria ter uma duração maior e os participantes deveriam ser seguidos cuidadosamente ao longo do tempo.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Os antidepressivos podem ser úteis no tratamento do choro excessivo observado em pacientes que tiveram um AVC. Esta é uma atualização de uma revisão sistemática Cochrane publicada pela primeira vez em 2004 e atualizada pela última vez em 2010.

Objetivos: 

Avaliar se o tratamento farmacológico reduz a frequência de crises emotivas em pessoas com emocionalismo pós-AVC.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas na base de dados de ensaios clínicos do grupo Cochrane Stroke (última busca em maio de 2018). Além disso, fizemos buscas nas seguintes bases de dados: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL; até maio de 2018), MEDLINE (1966 a 14 de maio de 2018), Embase (1980 a 14 de maio de 2018), CINAHL (1982 a 14 de maio de 2018), PsycINFO (1967 a 14 de maio de 2018), BIOSIS Previews (2002 a 14 de maio de 2018), Web of Science (2002 a 14 de maio de 2018), WHO ICTRP (até 14 de maio de 2018), ClinicalTrials.gov (até 14 de maio de 2018) e ProQuest Dissertations and Theses Database (até 14 de maio 2018).

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados controlados (ECRs) e ensaios clínicos quasi-randomizados que compararam psicotrópicos versus placebo em pessoas pós-AVC com emocionalismo (também conhecido como labilidade emocional, choro ou riso patológicos, incontinência emocional, transtorno de expressão emocional involuntária e afeto pseudobulbar).

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores da revisão, trabalhando de forma independente, selecionaram estudos, avaliaram o risco de viés, extraíram os dados de todos os estudos incluídos, e utilizaram o GRADE para avaliar a qualidade do conjunto das evidências. Calculamos a diferença média (MD) ou diferença média padronizada (SMD) para dados contínuos, e o risco relativo (RR) para dados dicotômicos, com seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%. Avaliamos a heterogeneidade utilizando a estatística I2. Os desfechos primários relacionados ao emocionalismo foram a proporção de participantes que alcançaram pelo menos 50% de redução no comportamento emocional anormal ao final do tratamento, melhora nos escores das escalas Center for Neurologic Study - Lability Scale (CNS-LS) e Clinician Interview-Based Impression of Change (CIBIC), ou diminuição dos episódios de choro.

Principais resultados: 

Incluímos sete ECRs com um total de 239 participantes. Dois estudos eram do tipo cross-over e não apresentavam dados dos resultados da primeira fase (antes do cruzamento) em um formato que permitisse que fossem incluídos como se fossem ECR do tipo paralelo. Portanto, os resultados da revisão são provenientes de cinco ECRs com 213 participantes. Os resultados para os desfechos primários relacionados ao emocionalismo foram: Existe evidência de qualidade muito baixa, proveniente de um pequeno ECR, que o uso de antidepressivos aumenta o número de pessoas com redução de 50% no emocionalismo (RR 16,50, IC 95% 1,07 a 253,40, 19 participantes). Existe evidência de baixa qualidade, proveniente de um ECR , que o uso de antidepressivos melhora os escores CNS-LS e CIBIC (RR 1,44, IC 95% 0,95 a 2,19, 28 participantes). Existe evidência de qualidade moderada, proveniente de três ECRs,que o uso de antidepressivos aumenta o número de pessoas que tiveram uma diminuição dos episódios de choro (RR 2,18, IC 95% 1,29 a 3,71, 164 participantes). Existe evidência de baixa qualidade,proveniente de um ECR, que o uso de antidepressivos melhora os escores da escala Pathological Laughter and Crying Scale-PLCS (DM 8,40, IC 95% 11,56 a 5,24, 28 participantes).

Seis estudos avaliaram eventos adversos (morte) e não encontraram diferenças entre os grupos (RR 0,59; IC 95% 0,08 a 4,50; 6 ECRs, 172 participantes, evidência de qualidade moderada).

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Afiliado Paraíba, Cochrane Brazil (Renan Furtado de Almeida Mendes e Maria Regina Torloni). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br