Farmacoterapia para a perturbação de ansiedade social (PAS): uma revisão da evidência.

Porque é esta revisão importante?

Os indivíduos com PAS frequentemente experienciam medo, evitamento, e angústia intensos em situações sociais não familiares. Existe evidência de que certas medicações são úteis na minimização destes sintomas.

Quem vai estar interessado nesta revisão?

- Pessoas com PAS.

- Famílias e amigos de pessoas que sofrem de perturbações da ansiedade.

- Clínicos gerais, psiquiatras, psicólogos e farmacêuticos.

A que questões pretende esta revisão responder?

- A farmacoterapia é uma forma eficaz de tratamento para a PAS em adultos?

- A medicação é eficaz e tolerável para as pessoas em termos de efeitos secundários?

- Que fatores (metodológicos ou clínicos) predizem a resposta à farmacoterapia?

Que estudos foram incluídos nesta revisão?

Incluímos estudos comparando a medicação com placebo para o tratamento da PAS em adultos.

Incluímos 66 ensaios nesta revisão, com um total de 11597 participantes.

O que nos diz a evidência da revisão?

Houve evidência de benefício de que os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs) foram mais eficazes que o placebo, embora a evidência fosse de muito baixa qualidade. Houve igualmente evidência de benefício para os inibidores da monoamino-oxidade (MAOIs), inibidores reversíveis da monoamino-oxidase A (RIMAs), e benzodiazepinas, ainda que a evidência fosse de baixa qualidade. Os anticonvulsivantes gabapentina e pregabalina também mostraram evidência de moderada qualidade de uma resposta clínica. Não observámos este efeito para as restantes classes de medicação. Os SSRIs foram a única medicação a demonstrar eficácia na redução das recaídas (baseando-nos na evidência de moderada qualidade). Houve evidência de baixa qualidade de que mais pessoas a tomar SSRIs e SNRIs tenham abandonado a toma devido a efeitos laterais do que aquelas a tomar placebo; todavia as taxas absolutas de abandono foram baixas.

Para o outcome da severidade de sintomas da PAS, houve evidência de benefício para os SSRIs, o inibidor da recaptação de serotonina e norepinefrina (SNRI) venlafaxina, MAOIs, RIMAs, benzodiazepinas, o antipsicótico olanzapina, e o antidepressivo noradrenérgico e serotoninérgico-específico (NaSSA) atomoxetina, mas a maioria da evidência foi de baixa qualidade. Os SSRIs e os RIMAs reduziram os sintomas de depressão, e os SSRIs reduziram a incapacidade funcional em todos os domínios.

Também observámos resposta ao tratamento a longo-prazo com SSRIs (baseados em evidência de baixa qualidade), MAOIs (baseados em evidência de muito-baixa qualidade), e RIMAs (Baseados em evidência de moderada qualidade).

O que deve acontecer a seguir?

A maioria da evidência para a eficácia do tratamento é relativa aos SSRIs. Todavia, os ensaios com SSRI estavam associados a evidência de muito baixa qualidade e a alto risco de viés de publicação. Seria útil para estudos futuros avaliar o tratamento da PAS em pessoas com doenças co-mórbidas, incluindo perturbações do abuso de substâncias. Ensaios que providenciem informação adequada quanto à aleatorização e ocultação da alocação são necessários.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Ricardo Manuel Delgado, MD, Msc. Child and Adolescent Psychiatry Resident Physician @ CHULN - Hospital de Santa Maria & Hospital Pulido Valente, Lisbon, Portugal. www.chln.min-saude.pt; com o apoio da Cochrane Portugal.

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