A ligação do ducto excretor do pâncreas à segunda porção do intestino delgado é melhor do que outros tipos de reconstrução na prevenção da fuga do suco pancreático para os tecidos abdominais?

Mensagens-chave

- Não sabemos se a pancreaticojejunostomia tipo ducto-mucosa (fixação do canal excretor do pâncreas à segunda parte do intestino delgado) reduz a fístula pancreática pós-operatória (fuga de suco do pâncreas para os tecidos abdominais) em comparação com a pancreaticojejunostomia de invaginação (inserção do pâncreas na segunda parte do intestino delgado).

- Não sabemos se a pancreaticojejunostomia modificada ducto-maucosa é superior, equivalente ou inferior à pancreaticojejunostomia tradicional ducto-mucosa.

- Estudos futuros devem utilizar métodos adequados para melhorar a nossa confiança na evidência.

O que é uma fístula pancreática pós-operatória?

O pâncreas é uma glândula digestiva localizada na parte posterior do abdómen superior; é também vital para o controlo normal do açúcar no sangue. O tratamento cirúrgico padrão para o cancro ou inflamação do pâncreas é a remoção parcial da cabeça do pâncreas, juntamente com o intestino próximo, através de um procedimento conhecido como pancreaticoduodenectomia. A pancreaticoduodenectomia envolve a reconexão do pâncreas e da segunda parte do intestino delgado (um procedimento conhecido como pancreaticojejunostomia) para permitir que o sumo pancreático contendo enzimas digestivas entre no sistema digestivo. Uma fístula ocorre quando a união do pâncreas ao intestino ou o coto não cicatriza adequadamente, criando uma fuga de suco pancreático do pâncreas para os tecidos abdominais. Isto atrasa a recuperação da cirurgia e muitas vezes requer um tratamento adicional para assegurar a cura completa.

O que podemos fazer para reduzir a fístula pancreática pós-operatória?

Os métodos de reconexão do pâncreas e da segunda parte do intestino delgado para pessoas submetidas a pancreaticoduodenectomia incluem:

- pancreaticojejunostomia tipo ducto-mucosa;

- pancreaticojejunostomia de invaginação;

- ligação da pancreaticojejunostomia (ligando o pâncreas e a segunda parte do intestino delgado).

A pancreaticojejunostomia ducto-mucosa é um método frequentemente utilizado em todo o mundo para reduzir a fístula pancreática pós-operatória após a pancreatoduodenectomia. No entanto, a segurança e eficácia da pancreaticojejunostomia ducto-maucosa é ainda incerta.

O que pretendemos descobrir?

Queríamos saber se a pancreaticojejunostomia ducto-mucosa é melhor do que qualquer outro tipo de pancreaticojejunostomia para melhorar:

- taxa de fístula pancreática pós-operatória (proporção de participantes com fístula pancreática pós-operatória);

- taxa de mortalidade.

Também queríamos saber se a pancreaticojejunostomia ducto-mucosa está associada a quaisquer efeitos indesejados.

O que fizemos?

Procurámos por estudos que comparassem:

- pancreaticojejunostomia ducto-mucosa contra qualquer outro tipo de pancreaticojejunostomia; ou

- diferentes tipos de pancreaticojejunostomia ducto-mucosa após pancreaticoduodenectomia.

Comparámos e resumimos os resultados dos estudos e classificámos a nossa confiança na evidência com base em fatores como a metodologia e tamanho dos estudos.

O que descobrimos?

Encontrámos 10 estudos envolvendo 1472 pessoas em que a pancreaticojejunostomia ducto-mucosa foi comparada com a pancreaticojejunostomia de invaginação em pessoas submetidas à pancreaticoduodenectomia. O estudo maior incluiu 308 pessoas e o estudo menor 64 pessoas. Os estudos foram realizados em 4 países diferentes ao redor do mundo. A maioria dos estudos durou aproximadamente 2 anos; apenas três estudos duraram 4 anos ou mais. As subvenções não comerciais financiaram quatro dos estudos. Os resultados destes estudos não nos permitem saber se a pancreaticojejunostomia ducto-mucosa reduz:

- taxa de fístula pancreática; ou

- taxa de mortalidade.

Nenhum dos estudos reportou a ocorrência de eventos adversos.

Encontrámos 224 estudos envolvendo 1472 pessoas em que a pancreaticojejunostomia ducto-mucosa foi comparada com a pancreaticojejunostomia de invaginação em pessoas submetidas à pancreaticoduodenectomia. O estudo foi conduzido no Japão e durou aproximadamente 4 anos. Um dos estudos não relatou nada sobre fontes de financiamento. Os resultados destes estudos não nos permitem saber se a pancreaticojejunostomia ducto-mucosa reduz:

- taxa de fístula pancreática; ou

- taxa de mortalidade.

Nenhum dos estudos reportou a ocorrência de eventos adversos.

Quais são as limitações desta evidência?

Temos muito pouca confiança nas provas porque a maioria dos estudos incluídos tinham algumas limitações em termos de como eram conduzidos ou relatados.

Quão atualizada está esta evidência?

As evidências são atuais até janeiro de 2021.

Notas de tradução: 

Traduzido por: João Pedro Bandovas, Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

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