Ultrassom para síndrome do túnel do carpo

A síndrome do túnel do carpo é uma condição na qual um dos dois principais nervos do punho é comprimido, fazendo com que a mão, o punho e, às vezes, o antebraço fiquem doloridos. Além disso, podem ocorrer dormência e formigamento no polegar, indicador e dedo médio. Nos casos mais graves, pode haver perda de força de alguns músculos da mão. A síndrome do túnel do carpo é mais comum em mulheres e em pessoas mais idosas. Muitas pessoas acabam sendo operadas para tratar desse problema. Porém, às vezes, as pessoas podem ser tratadas sem cirurgia, por exemplo com ultrassom. A terapia com ultrassom (terapia ultrassônica) é feita passando a ponta arredondada (transdutor) de um aparelho de ultrassom na área dolorosa. Esse instrumento emite ondas sonoras que são absorvidas pelo tecido que está embaixo e que servem para ajudar a aliviar a dor e diminuir a disfunção. Nós procuramos por estudos sobre isso e encontramos 11 ensaios clínicos randomizados envolvendo 443 participantes ao todo. Esses estudos avaliaram a segurança e os benefícios do ultrassom para pessoas com síndrome do túnel do carpo. Em alguns estudos, o risco de viés do estudo (que indica a qualidade) foi baixo e, em alguns outros estudos, esse risco de viés foi incerto ou alto. Existe apenas evidência de qualidade baixa, proveniente de estudos com dados bastante limitados, sugerindo que o ultra-som pode ser mais efetivo do que um placebo (medicamento falso) na melhora dos sintomas da síndrome do túnel do carpo a curto ou a longo prazo. Não existe evidência suficiente mostrando que um tipo de regime da ultrassom seja melhor do que outro ou que o ultrassom seja um tratamento mais eficiente do que outras intervenções não cirúrgicas para a síndrome do túnel do carpo, tais como o uso de talas, exercícios e comprimidos. Poucos estudos mediram os efeitos adversos do tratamento com ultrassom. Mais pesquisas são necessárias para descobrir qual é a eficiência e a segurança do ultrassom no tratamento de pessoas com síndrome do túnel do carpo, particularmente a longo prazo.

Conclusão dos autores: 

Existem apenas evidências de baixa qualidade, provenientes de estudos com dados muito limitados, sugerindo que a terapia ultrassônica pode ser mais efetiva que o placebo para melhora de sintomas, a curto e a longo prazo, em pessoas com STC. Não há evidência suficiente sobre a superioridade de nenhum protocolo específico de terapia ultrassônica ou para apoiar o uso do ultrassom como sendo um tratamento mais efetivo do que outras intervenções não cirúrgicas para STC, tais como o uso de talas, exercícios e medicamentos orais. São necessários mais estudos com boa metodologia para avaliar a efetividade e segurança da terapia ultrassônica para STC.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

O ultrassom terapêutico pode ser usado em pessoas com sintomas leves a moderados da síndrome do túnel do carpo (STC). A efetividade e a duração dos benefícios dessa intervenção não cirúrgica permanecem incertos.

Objetivos: 

Revisar os efeitos da terapia ultrassônica, comparada com nenhum tratamento, placebo ou outra intervenção não cirúrgica em pacientes com STC.

Métodos de busca: 

As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados, em 27 de novembro de 2012: Cochrane Neuromuscular Disease Group Specialized Register, CENTRAL (2012, Issue 11 in The Cochrane Library), MEDLINE (janeiro de 1966 a novembro de 2012), Embase (janeiro de 1980 a novembro de 2012), CINAHL Plus (janeiro de 1937 a novembro de 2012), and AMED (janeiro de 1985 a novembro de 2012).

Critério de seleção: 

Ensaios clínicos randomizados comparando qualquer tipo de terapia ultrassônica versus nenhum tratamento, placebo ou outra intervenção não cirúrgica em pacientes com STC.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores, trabalhando de forma independente, selecionaram os estudos para inclusão, extraíram os dados e avaliaram o risco de viés dos estudos incluídos. Calculamos os riscos relativos (RR) e as diferenças médias (MD), juntamente com os intervalos de confiança de 95% (CI) para os desfechos primários e secundários. Para obter estimativas de efeito, quando possível, combinamos os resultados de estudos clinicamente homogêneos em metanálises usando o modelo de efeitos randômicos.

Principais resultados: 

Incluímos 11 estudos com 414 participantes nesta revisão. Dois estudos comparavam terapia ultrassônica versus placebo, dois comparavam diferentes protocolos ultrassônicos entre si, dois comparavam ultrassom versus outra intervenção não cirúrgica e seis comparavam ultrassom como parte de uma intervenção multifacetada versus outra intervenção não cirúrgica (por exemplo, exercícios e uso de tala). O risco de viés foi baixo em alguns estudos e incerto ou alto em outros estudos. Apenas dois estudos relatavam o uso de ocultação da sequência de alocação e seis estudos relatavam cegamento dos participantes. No geral, existe evidência insuficiente de que um protocolo de terapia ultrassônica seja mais eficaz que outro. Apenas dois estudos reportaram o desfecho primário de interesse, que era a melhora geral a curto prazo. Essa melhora geral foi medida usando qualquer instrumento para avaliar a intensidade das queixas do paciente antes e depois do tratamento, como por exemplo, a avaliação global de melhora ou a satisfação com o tratamento dentro dos primeiros três meses de terapia. Um estudo de baixa qualidade com 68 participantes encontrou que, quando comparado com placebo, a terapia ultrassônica aumentou a chance de o paciente ter uma melhora geral a curto prazo no final de sete semanas de tratamento (RR 2,36; 95% CI 1,40 a 3,98). Porém, esse resultado deve ser interpretado com cautela devido às perdas de seguimento dos participantes e ao fato de os autores do estudo não terem feito ajustes para a correlação entre os punhos nos participantes com STC bilateral. Um outro estudo com baixa qualidade e com 60 participantes concluiu que o tratamento com ultra-som mais uso de tala por três meses aumentou a melhora geral a curto prazo (satisfação do paciente) quando comparado com o uso isolado de tala (RR 3,02; 95% CI 1,36 a 6,72). Por outro lado, o ultrassom mais tala diminuiu (de forma não significativa) a melhora a curto prazo quando comparado com laser-terapia de baixa intensidade associada ao uso da tala (RR 0,87; 95% CI 0,57 a 1,33). Porém, não houve cegamento dos participantes para o tratamento, os autores não deixaram claro se houve sigilo da sequência de alocação e houve um possível erro de unidade de análise. O uso de diferentes frequências e intensidade de ultrassom produziu diferenças pequenas e sem significância estatística em relação aos sintomas, à função e aos parâmetros neurofisiológicos. O mesmo foi observado na comparação do ultrassom como parte de uma intervenção multifacetada versus outras intervenções não cirúrgicas. Nenhum estudo relatou efeitos adversos associados ao uso da terapia ultrassônica, mas esse desfecho foi medido em apenas três estudos. Mais dados sobre efeitos adversos são necessários antes de se chegar a uma conclusão definitiva em relação à segurança da terapia ultrassônica.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Mariana Vendramin Mateussi)

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