Batata doce para o diabetes mellitus tipo 2

A batata doce (Ipomoea batatas) é uma planta encontrada nas regiões tropicais e subtropicais e é um dos vegetais mais nutritivos destas áreas. Além de ser popular na culinária de países da Ásia, região do Pacífico, África e América do Norte, a batata doce também é utilizada na medicina tradicional para o tratamento do diabetes mellitus. Nós decidimos investigar se existe evidência suficiente, proveniente de pesquisas médicas, mostrando que a batata doce funciona para o tratamento do diabetes. Esta revisão buscou ensaios clínicos randomizados e encontrou apenas três estudos (com um total de 140 participantes) que compararam os efeitos da batata doce versus usar um placebo (um remédio falso) para o tratamento do diabetes tipo 2. A qualidade dos três estudos era muito baixa. Dois estudos (com um total de 122 participantes) mostraram melhor controle metabólico dos níveis de açúcar no sangue no longo prazo nos participantes que receberam comprimidos diários contendo 4g de batata doce, por três a cinco meses. A taxa de açúcar no sangue foi avaliada pela concentração de hemoglobina glicosilada A1c (HbA1c); a HbA1c ficou 0,3% menor nos participantes que receberam batata doce. A duração do tratamento variou de seis semanas a cinco meses. Nenhum estudo investigou complicações diabéticas, morte por qualquer causa, qualidade de vida relacionada à saúde, bem estar, resultados funcionais ou custos. Os efeitos adversos foram leves e incluíram distensão (inchaço) e dor abdominal. Existem muitas variedades de batata doce e de preparações da mesma. Mais estudos são necessários para avaliar a qualidade de várias preparações de batata doce, além de avaliar o uso de diferentes tipos de batata doce na dieta de pessoas diabéticas.

Conclusão dos autores: 

Existe evidência insuficiente sobre o uso de batata doce para o diabetes mellitus tipo 2. Além de melhorar a metodologia dos ECRs, é necessário padronizar e controlar a qualidade das preparações de batata doce, incluindo outras variedades de batata doce em futuros estudos. É necessário realizar mais estudos observacionais e ECRs sobre os efeitos da batata doce para guiar qualquer recomendação para a prática clínica.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A batata doce (Ipomoea batatas) está entre os vegetais mais nutritivos das zonas tropicais e subtropicais. Ela também é utilizada em práticas medicinais tradicionais para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2. Pesquisas em modelos animais e humanos sugerem uma possível função da batata doce no controle glicêmico.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos da batata doce no diabetes mellitus tipo 2.

Métodos de busca: 

Pesquisamos vários bancos de dados eletrônicos, incluindo The Cochrane Library(2013, Issue 1), MEDLINE, EMBASE, CINAHL, SIGLE e LILACS (todos até fevereiro de 2013). Também fizemos buscas manuais. Não houve restrições de idiomas.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECRs) que compararam batata doce versus um placebo ou uma intervenção comparadora, com ou sem intervenções farmacológicas ou não farmacológicas.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores, trabalhando de forma independente, fizeram a seleção dos estudos e extraíram os dados dos mesmos. Avaliamos o risco de viés dos estudos pela avaliação da randomização, ocultação da sequência de alocação, mascaramento, integridade dos dados de desfecho, relato seletivo e outras fontes potenciais de viés.

Principais resultados: 

Encontramos três ECRs que preenchiam os critérios de inclusão. Esses estudos incluíram um total de 140 participantes e tinham duração entre seis semanas a cinco meses. Os três estudos foram realizados pelo mesmo investigador. No geral, o risco de viés desses estudos foi incerto ou alto. Os três ECRs compararam o efeito de preparações da batata doce versus um placebo no controle glicêmico do diabetes mellitus tipo 2. O grupo que recebeu 4g/dia de uma preparação de batata doce teve uma melhora estatisticamente significante na concentração de hemoglobina glicosilada A1c (HbA1c), avaliada entre três a cinco meses, em comparação com o grupo placebo: diferença média -0,3%, intervalo de confiança (IC) de 95% -0,6 a -0,04, P = 0,02; 122 participantes, 2 estudos. Nenhum efeito adverso grave foi reportado. As complicações e a morbidade associadas ao diabetes, morte por qualquer causa, qualidade de vida relacionada à saúde, bem estar, resultados funcionais e custos não foram pesquisados.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Liliane de Abreu Rosa)

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