Anticorpos monoclonais e policlonais destinados ao tratamento de episódios agudos de rejeição em doentes transplantados renais

Qual é o problema?
A transplantação renal é o tratamento de escolha para a maioria dos doentes com doença renal crónica estádio 5. A investigação de estratégias destinadas a aumentar a disponibilidade de orgãos para transplante e a prolongar a sobrevida do rim transplantado tem sido uma das prioridades da transplantação renal. Cerca de 10% a 35% dos doentes transplantados renais terá um episódio de rejeição aguda durante o primeiro ano. As opções para tratar estes episódios incluem o tratamento com pulsos de corticóides, a utilização de preparações contendo anticorpos, a alteração da imunossupressão de base ou a combinação destas opções.

O que fizemos?
Esta revisão investigou o papel da utilização de anticorpos monoclonais ou policlonais no tratamento de rejeição aguda celular ou mediada por anticorpos em doentes transplantados renais. Foram incluídos 32 estudos (1680 doentes).

O que descobrimos?
Identificámos 31 estudos incluindo 1680 doentes. Qualquer dos anticorpos avaliados apresentou eficácia superior à do tratamento com corticóides para reverter o primeiro episódio de rejeição aguda celular e prevenir a perda de enxerto, mas mostrou ausência de benefício ou benefício ligeiro em reverter os episódios de rejeição resistente aos corticóides. Os doentes medicados com anticorpos policlonais apresentaram maior probabilidade de apresentar uma reação imediata de febre, calafrios e mal-estar geral comparativamente aos doentes que receberam tratamento com corticóides.

Conclusões
O tratamento com anticorpos apresentou eficácia superior ao tratamento com corticóides na reversão do primeiro episódio de rejeição celular aguda e na prevenção da perda de enxerto, mas este tratamento associou-se a uma incidência superior de efeitos adversos. A principal limitação desta revisão é o facto de muitos dos estudos incluídos terem sido realizados durante a era da transplantação renal na qual a ciclosporina/azatioprina era utilizada. Neste sentido, as conclusões não podem ser necessariamente extrapoladas para doentes tratados com regimes terapêuticos contemporâneos, os quais incluem tacrolimus/micofenolato de mofetil ou sirolimus.

Notas de tradução: 

Notas de tradução: Tradução por Miguel Bigotte Vieira, Serviço de Nefrologia e Transplantação Renal, Centro Hospitalar Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal

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