Locais de acesso venoso central para a prevenção de coágulo sanguíneo venoso, estreitamento do vaso sanguíneo e infecção

O acesso venoso central (AVeC) envolve um cateter de grosso calibre inserido em uma veia no pescoço, na parte superior do tórax ou na área da virilha (femoral) para administrar fármacos que não podem ser administradas por boca ou por acesso venoso convencional (cânula ou tubo em veia do braço). O AVeC é amplamente empregado. No entanto, suas complicações trombóticas (causando um coágulo sanguíneo) e infecciosas podem ser fatais e envolver um tratamento de custo elevado. Pesquisas têm revelado que os riscos de complicações relacionadas ao cateter variam de acordo com o local de inserção do cateter venoso central (CVC). Seria útil determinar um local preferível de inserção do cateter que minimizasse o risco de complicações relacionadas ao cateter. Esta revisão examinou a possibilidade de existência de evidências mostrando que o AVeC por alguma via (pescoço, parte superior do tórax, ou área femoral) é melhor do que outra via. Quatro estudos foram identificados, comparando dados de 1.513 participantes. Para o propósito desta revisão, três comparações foram avaliadas: 1) via jugular interna de AVeC versus via subclávia; 2) via femoral de AVeC versus subclávia; e 3) via femoral de AVeC versus via jugular interna. Comparamos cateterização aguda com cateterização crônica. Definimos cateterização crônica como aquela por mais de um mês e aguda como aquela por menos de um mês, de acordo com o Food and Drug Administration (FDA). Não encontramos ensaios clínicos randomizados comparando todas as três vias de AVeC e relatando complicações de estenose venosa.

As vias subclávia e jugular interna de AVeC tiveram riscos similares para complicações relacionadas ao cateter em cateterização crônica em pacientes oncológicos. A via subclávia de AVeC foi preferível à via femoral em cateterização aguda devido aos menores riscos de colonização do cateter e complicações trombóticas. Em inserção de cateter para hemodiálise aguda, as vias femoral de AVeC e jugular interna tiveram riscos similares para complicações relacionadas ao cateter, mas a via jugular interna foi associada com maior risco de complicações mecânicas. Mais ensaios clínicos comparando as vias subclávia, femoral e jugular de AVeC são necessários.

Conclusão dos autores: 

As vias subclávia e jugular interna de AVeC apresentam riscos similares para complicações relacionadas ao cateter em cateterização crônica em pacientes oncológicos. A via subclávia de AVeC é preferível à via femoral em cateterização aguda devido ao menor risco de colonização do cateter e de complicações trombóticas. Em cateterização aguda para hemodiálise, as vias femoral e jugular interna têm riscos similares para complicações relacionadas ao cateter, mas a via jugular interna está associada com maior risco de complicações mecânicas.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

O acesso venoso central (AVeC) é amplamente usado. No entanto, suas complicações como a trombose, a estenose e as infecções podem ser fatais e envolver um tratamento de custo elevado. Pesquisas revelaram que o risco de complicações relacionadas ao cateter variam de acordo com o local do AVeC. Seria útil determinar o local preferido para inserção para minimizar o risco de ocorrência de complicações relacionadas ao cateter. Esta revisão foi originalmente publicada em 2007 e foi atualizada em 2011.

Objetivos: 

1. Nosso objetivo primário foi estabelecer se alguma das vias de AVeC, jugular, subclávia ou femoral, resultou em menor incidência de trombose venosa, estenose venosa ou infecção relacionada aos dispositivos de AVeC em pacientes adultos.

2. Nosso objetivo secundário foi avaliar se alguma das vias de AVeC, jugular, subclávia ou femoral, influenciou a incidência de complicações mecânicas relacionadas ao cateter em pacientes adultos; e por quais razões os pacientes abandonaram o estudo precocemente.

Métodos de busca: 

Pesquisamos na CENTRAL (The Cochrane Library, 2011, fascículo 9), MEDLINE, CINAHL, EMBASE (desde seu início até Setembro de 2011), quatro banco de dados chineses (CBM, WANFANG DATA, CAJD, VIP) (desde seu início até Novembro de 2011), Google Scholar e bibliografias de revisões publicadas. A busca original foi realizada em Dezembro de 2006. Também contatamos pesquisadores do assunto. Não houve restrição de idiomas.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados comparando as vias de inserção de cateter venoso central.

Coleta dos dados e análises: 

Três autores avaliaram independentemente os estudos potencialmente relevantes. Foram resolvidas discrepâncias por meio de discussões. Dados dicotômicos de complicações relacionadas ao cateter foram analisados. Calculamos o risco relativo (RR) e seus intervalos de confiança (IC) de 95% baseado em modelo de efeito randômico.

Principais resultados: 

Identificamos 5.854 títulos a partir da estratégia de busca inicial; 28 títulos foram então identificados como potencialmente relevantes. Destes, incluímos quatro estudos com dados de 1.513 participantes. Conduzimos inicialmente uma análise de subgrupo de acordo com a duração da cateterização, aguda (< um mês) ou crônica (> um mês), definida de acordo com o Food and Drug Administration (FDA).

Nenhum ensaio clínico randomizado (ECR) foi identificado comparando as três vias de AVeC e relatando complicações de estenose venosa.

Em relação ao AVeC pela via jugular interna versus a via subclávia, as evidências apresentaram-se moderadas e aplicáveis para a cateterização crônica em pacientes oncológicos. As vias subclávia e jugular interna de AVeC apresentaram riscos similares de complicações relacionadas ao cateter. Referente a via femoral de AVeC versus a subclávia, as evidências foram altas e, também, aplicáveis para a cateterização aguda em pacientes criticamente enfermos. A via subclávia de AVeC foi preferível à femoral em cateterização aguda porque a via femoral foi associada com maiores riscos de colonização do cateter (14,18% ou 19/134 versus 2,21% ou 3/136) (n = 270, um ECR, RR 6,43, 95% IC 1,95 a 21,21) e complicações trombóticas (21,55% ou 25/116 versus 1,87% ou 2/107) (n = 223, um ECR, RR 11,53, 95% IC 2,80 a 47,52) do que a via subclávia de AVeC. Em relação a via femoral versus via jugular interna, as evidências apresentaram-se moderadas e aplicáveis para a cateterização aguda para hemodiálise em pacientes criticamente enfermos. Não houve diferenças significativas entre a via femoral de AVeC e a via jugular interna em termos de colonização do cateter, bacteremia relacionada ao cateter e trombose venosa, entretanto houve uma menor ocorrência de complicações mecânicas pela via femoral de AVeC (4,86% ou 18/370 versus 9,56% ou 35/366) (n = 736, um RCT, RR 0,51, 95% IC 0,29 a 0,88).

Notas de tradução: 

Traduzido por: Paulo do Nascimento Jr, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato:portuguese.ebm.unit@gmail.com

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