Dose única de aspirina via oral para dor aguda pós-operatória em adultos

Aspirina é uma medicação vendida sem receita, comumente utilizada no mundo para tratar várias condições dolorosas e reduzir a febre. Essa revisão avaliou a eficácia analgésica e os efeitos adversos da dose única de aspirina na dor aguda pós-operatória de intensidade moderada a severa. Nós incluímos 67 estudos, com 3111 participantes que receberam aspirina em comparação a 2632 que receberam placebo. A maioria da informação foi para uma dose de 600 mg ou 650 mg. Os resultados confirmaram que em pacientes com dor pós-operatória moderada a severa, cerca de 40% daqueles tratados com aspirina 600/650 mg vão experimentar bons níveis de alívio analgésico, comparados com os cerca de 15% tratados com placebo. Esse nível de alívio analgésico é comparável ao experimentado com a mesma dose de parecetamol. Nesses estudos de dose única não existiu diferença significante entre aspirina 600/650 mg e placebo para o número de participantes que apresentaram efeitos adversos, mas na dose de 900/1000 mg, o dobro apresentou efeitos adversos, como: tontura, sonolência, irritação gástrica, nausea, e vômitos sendo os eventos mais comuns.

Conclusão dos autores: 

Aspirina é um analgésico eficaz para a dor aguda de moderada a severa intensidade. Doses maiores são mais eficazes, entretanto são associadas ao aumento de efeitos adversos, incluindo sonolência e irritação gástrica. O alívio da dor alcançado com aspirina foi muito semelhante miligrama por miligrama com o observado com parecetamol. Não há mudanças nas conclusões dessa atualização.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Essa revisão é uma atualização de uma publicação prévia da Cochrane Database of Systematic Reviews em "Dose única de aspirina por via oral para dor aguda". Aspirina foi reconhecida por muitos anos como um analgésico eficaz para diferentes condições dolorosas. Embora o uso com um analgésico está limitado a países desenvolvidos, ela é disponível largamente, barata, e permanece comumente utilizada pelo mundo.

Objetivos: 

Avaliar a eficácia analgésica e os eventos adversos associados de dose única da aspirina via oral na dor aguda pós-operatória.

Métodos de busca: 

Na revisão anterior, nós identificamos ensaios clínicos randomizados buscando na CENTRAL (The Cochrane Library) (1998, Edição 1), MEDLINE (1966 até Março de 1998), EMBASE (1980 até Janeiro de 1998), e Oxford Pain Relief Database (1950 até 1994). Nós atualizamos as buscas da CENTRAL, MEDLINE, e EMBASE até Janeiro de 2012.

Critério de seleção: 

Dose única via oral, randomizado, duplo-cego, ensaios clínicos controlados por placebo de aspirina para alívio de dor pós-operatória moderada a severa em adultos.

Coleta dos dados e análises: 

Nós avaliamos os estudos para a qualidade metodológica e dois autores da revisão extraíram os dados independentemente. Nós utilizamos a soma total do alívio da dor (TOTPAR) ao longo de quatro a seis horas para calcular o número de participantes que obtiveram pelo menos 50% de alívio analgésico. Nós utilizamos esses resultados derivados para calcular, com intervalos de confiança de 95%, o benefício relativo comparado ao placebo, e o número necessário para tratar (NNT) para um participante experimentar ao menos um alívio da dor em 50% ao longo de quatro a seis horas. Nós procuramos os números de participantes utilizando medicação de resgate ao longo de períodos específicos, e o tempo de uso dessas medicações de resgate, como medida adicional de eficácia. Foram coletadas informações sobre eventos adversos e desistências.

Principais resultados: 

Nós incluímos 68 estudos nos quais a aspirinas foi utilizada em doses de 300mg até 1200mg, mas a vasta maioria dos participantes recebeu 600/650 mg (2409 participantes, 64 estudos) ou 990/1000 mg (380 participantes, oito estudos). Houve apenas um novo estudo.

Os estudos foram, esmagadoramente, de qualidade metodológica boa ou adequada. NNTs para o alívio da dor de pelo menos 50% ao longo de quatro a seis horas foram de 4,2 (3,9 a 4,8), 3,8 (3,0 a 5,1), e 2,7 (2,0 a 3,8) para 600/650mg, 900/1000mg e 1200mg, respectivamente, comparado com placebo. O tipo de modelo de dor não teve impacto significativo sobre os resultados. Doses mais baixas não forma significativamente diferentes do placebo. Os resultados não foram diferentes daqueles da revisão anterior.

Um menor número de participantes requereram a medicação de resgate com aspirina do que com placebo ao longo de quatro a oito horas, mas nas 12 horas não houve diferença. O número de participantes que experimentaram efeitos adversos não foi significativamente diferente do placebo para 600/650mg de aspirina, mas para 900/1000mg o número necessário para causar danos foi de 7,5 (4,8 a 17). Os eventos mais comumente relatados foram tonturas, sonolência, irritação gástrica, náuseas e vômitos, quase todos foram de leve a moderada gravidade.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Vinicius Sepúlveda Lima, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil. Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com

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