Fazer uso de esteroides inalados antes ou depois de ser entubado (ter um tubo na garganta para ajudar a respirar) evita o inchaço doloroso que isso pode causar?

Quando as pessoas em cuidados intensivos precisam de assistência para respirar, elas podem precisar de ter um tubo de respiração colocado através de sua garganta (traqueia ou vias aéreas, a passagem para os pulmões). Depois que ele é retirado (extubação), as vias aéreas podem estar inchadas (inflamação). Este inchaço pode tornar difícil respirar, causando estridor (respiração ruidosa), e o tubo pode precisar ser recolocado. Os corticosteroides são drogas anti-inflamatórias que podem reduzir o inchaço. A revisão de 11 estudos envolvendo 2.301 pessoas encontrou que o uso de corticosteroides para prevenir (ou tratar) estridor após a extubação não foi efetivo no geral para bebês ou crianças, mas essa intervenção necessita mais estudos, particularmente para aqueles com alto risco de a extubação falhar. Para os adultos de alto risco, múltiplas doses de corticosteroides, iniciando 12-24 horas antes da extubação, parecem ser úteis.

Conclusão dos autores: 

Uso de corticosteroides para prevenir (ou tratar) estridor após a extubação não provou ser efetivo para recém-nascidos ou crianças. No entanto, dadas as tendências consistentes no sentido de benefício, esta intervenção merece um estudo mais aprofundado, especialmente para as crianças e recém-nascidos de alto risco . Em adultos, múltiplas doses de corticosteroides iniciando 12-24 horas antes da extubação parecem ser benéficas para pacientes com alta probabilidade de estridor pós-extubação.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Estridor pós-extubação pode prolongar o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva, particularmente se a obstrução das vias aéreas é grave e reintubação se mostre necessária. Alguns médicos utilizam corticosteroides para prevenir ou tratar o estridor pós-extubação, mas corticosteroides podem estar associados com efeitos adversos, que vão desde hipertensão até hiperglicemia. Por isso, uma avaliação sistemática da eficácia desta terapia é indicada.

Objetivos: 

Determinar se corticosteroides são efetivos na prevenção ou tratamento do estridor pós-extubação em lactentes, crianças ou adultos criticamente doentes.

Métodos de busca: 

Nós procuramos no Registro de Ensaios Controlados da Central Cochrane (CENTRAL), MEDLINE, EMBASE e em listas de referências de artigos. As pesquisas mais recentes foram realizadas em janeiro de 2011.

Critério de seleção: 

Ensaios clínicos randomizados comparando a administração de corticosteroides por qualquer via com placebo, em lactentes, crianças ou adultos submetidos a ventilação mecânica através de um tubo endotraqueal em uma unidade de terapia intensiva.

Coleta dos dados e análises: 

Três revisores avaliaram independentemente a qualidade dos ensaios e extraíram os dados.

Principais resultados: 

Onze ensaios envolvendo 2.301 pessoas foram incluídos: seis em adultos, dois em recém-nascidos, três em crianças. Dez estudos examinaram o uso de esteroides para a prevenção de estridor pós-extubação; um estudo focou no tratamento do estridor pós-extubação já existente em crianças. Os pacientes foram retirados de populações médico/cirúrgicas heterogêneas. Dexametasona administrada por via intravenosa pelo menos uma vez antes da extubação foi o regime de esteroides mais comum utilizado (uniformemente em recém-nascidos e crianças). Os dois estudos em recém-nascidos encontraram resultados heterogêneos, sem redução global estatisticamente significativa no estridor pós-extubação (RR 0,42; IC 95% 0,07 a 2,32). Um destes estudos foi realizado com pacientes de alto risco tratados com várias doses de esteroides próximo ao momento da extubação, e demonstrou uma redução significativa no estridor. Em crianças, os dois estudos foram clinicamente heterogêneos. Um estudo incluiu crianças com anormalidades das vias aéreas subjacentes e o outro excluiu este grupo. Corticosteroides profiláticos tenderam a reduzir reintubação e reduziram significativamente estridor pós-extubação no estudo que incluiu crianças com anomalias subjacentes das vias aéreas (N = 62), mas não no estudo que excluía essas crianças (N = 153). Em seis estudos com adultos (total n = 1.953), o uso de administração profilática de corticosteroides não reduziu significativamente o risco de reintubação (RR 0,48; IC 95% 0,19 a 1,22). Embora tenha havido uma redução significativa na incidência de estridor pós-extubação (RR de 0,47; IC de 95% 0,22-0,99), houve significativa heterogeneidade (I2 = 81%, X2 = 26.36, df = 5, p < 0.0001). A análise de subgrupo revelou que o estridor pós-extubação poderia ser reduzido em adultos com uma alta probabilidade de estridor pós-extubação quando corticosteroides foram administrados em doses múltiplas, começando 12-24 horas antes da extubação, em comparação com dose única mais próxima da extubação. O teste para a interação de múltiplas doses versus dose única indicou RRR de 0,22 (IC de 95% 0,10-0,47) para estridor com múltiplas doses. Os efeitos colaterais foram incomuns e não puderam ser agregados.

Notas de tradução: 

Tradução revisada pelo Cochrane Brazil (Patricia Logullo). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.com.br.

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