Prostaglandinas para o tratamento de adultos submetidos a transplante de fígado

As prostaglandinas (um medicamento administrado para proteger o fígado) são um tratamento útil em adultos que foram submetidos a cirurgia de transplante de fígado?

Mensagens-chave

Em adultos que foram submetidos a cirurgia de transplante hepático, as prostaglandinas podem reduzir a mortalidade por qualquer causa, até um mês após a cirurgia, em comparação com placebo (tratamento simulado) ou cuidados padrão. As prostaglandinas podem resultar numa grande redução do desenvolvimento de insuficiência renal aguda que requer diálise.

As prostaglandinas podem resultar em pouca ou nenhuma diferença nos acontecimentos adversos graves (efeitos secundários), e não conhecemos o efeito das prostaglandinas nos acontecimentos adversos considerados não graves.

Outras atualizações desta revisão, baseadas em estudos futuros, poderão ajudar a chegar a conclusões mais seguras sobre as prostaglandinas.

O que é o transplante de fígado?

O tratamento da doença hepática avançada e da insuficiência hepática é o transplante de fígado. Implica a substituição de um fígado doente por um fígado novo e saudável.

O que são as prostaglandinas?

As prostaglandinas são medicamentos que podem ajudar no bom funcionamento do novo fígado. As prostaglandinas são também produzidas pelo organismo e aumentam a irrigação sanguínea do fígado e dos rins.

O que queríamos investigar?

Queríamos saber se as prostaglandinas são um tratamento útil após o transplante de fígado e se causam efeitos secundários quando comparadas com placebo ou cuidados habituais.

Analisámos os seguintes resultados: mortes por qualquer causa até um mês após o tratamento; quaisquer efeitos secundários; efeitos na qualidade de vida; se a necessidade de retransplante diminuiu; se a função hepática inicial deficiente ou não funcional diminuiu; se a lesão renal precoce que necessitou de diálise diminuiu; e se o tempo de internamento hospitalar diminuiu.

O que fizemos?

Procurámos estudos sobre prostaglandinas usadas para tratar adultos que receberam um transplante de fígado, em comparação com placebo ou tratamento padrão. Os participantes podem ser de qualquer sexo ou etnia.

Comparámos os resultados dos estudos e classificámo-los, com base em fatores como os métodos e as dimensões dos estudos.

O que descobrimos?

Encontrámos 11 estudos com 771 participantes. Destes, 378 participantes receberam prostaglandinas. Com exceção de um estudo, todos os outros estudos foram realizados em países de rendimento alto e médio-alto.

Resultados principais

Morte por qualquer causa

As prostaglandinas podem reduzir a mortalidade por qualquer causa (11 estudos, 771 pessoas). Em 1.000 pessoas, podemos esperar que menos 21 pessoas morram com prostaglandinas em comparação com o tratamento padrão ou placebo.

As pessoas melhoraram com as prostaglandinas?

- As prostaglandinas podem resultar em pouca ou nenhuma diferença na necessidade de retransplante (6 estudos, 468 participantes).

- As prostaglandinas podem resultar em pouca ou nenhuma diferença no mau funcionamento inicial do fígado (1 estudo, 99 participantes).

- As prostaglandinas podem resultar em pouca ou nenhuma diferença na disfunção inicial do fígado (7 estudos, 624 participantes).

- As prostaglandinas podem resultar numa grande redução do desenvolvimento de lesões renais agudas que necessitam de diálise (5 estudos, 477 participantes).

As pessoas pioraram com as prostaglandinas?

Não encontrámos qualquer informação que sugira que as prostaglandinas causem danos.

Qualidade de vida

Nenhum dos estudos relatou a qualidade de vida.

Efeitos indesejados

Não encontrámos informações que sugiram que as prostaglandinas causem danos.

Quais são as limitações da evidência?

A nossa evidência é limitada porque os estudos utilizaram métodos diferentes para medir e registar os seus resultados, e não encontrámos estudos para alguns dos nossos resultados de interesse. Além disso, a nossa confiança na evidência foi baixa para todos os resultados, exceto para os acontecimentos adversos graves considerados não graves, para os quais a nossa confiança na evidência foi muito baixa. A confiança baixa e muito baixa nas provas significa que os resultados obtidos são incertos e que, quando forem efetuados mais estudos e forem acrescentados dados, os resultados poderão mudar ainda mais.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

A evidência encontra-se atualizada até 27 de dezembro de 2022.

Notas de tradução: 

Traduzido por: João Pedro Bandovas, Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

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