A fisioterapia melhora a dor e a incapacidade em adultos com síndrome da dor regional complexa?

Principais mensagens

Estamos muito incertos se os tratamentos de fisioterapia melhoram a dor e a incapacidade associadas à SDRC.

Estamos muito incertos porque os ensaios clínicos que encontramos:

- não foram conduzidos e/ou relatados da melhor maneira possível (ou ambos);

- incluía um pequeno número de pacientes com SDRC;

- avaliaram uma ampla variedade de diferentes tipos de tratamentos fisioterapêuticos; e

- porque havia um número limitado de estudos que investigavam qualquer tratamento fisioterapêutico específico.

Estamos muito incertos se os tratamentos fisioterapêuticos causam efeitos colaterais indesejados. São necessárias mais evidências para esclarecer essa questão.

São necessários ensaios clínicos de boa qualidade para investigar se os tratamentos fisioterapêuticos melhoram a dor e a incapacidade associadas à SDRC.

Tratando a dor e a deficiência em adultos com síndrome da dor regional complexa

A síndrome da dor regional complexa é uma condição dolorosa e incapacitante que pode ocorrer após um trauma ou cirurgia e está associada à dor e à incapacidade. A SDRC pode ser classificada em dois tipos: tipo I (SDRC I), no qual não foi identificada uma lesão nervosa específica, e tipo II (SDRC II), onde há uma lesão nervosa identificável. As diretrizes de recomendam que a reabilitação fisioterapêutica deve ser incluída como parte do tratamento da SDRC. A fisioterapia para a SDRC pode incluir uma variedade de tratamentos e abordagens de reabilitação, como exercícios, controle da dor, terapia manual, eletroterapia ou aconselhamento e educação, usados isoladamente ou em combinação. A fisioterapia é recomendada porque acredita-se que ela possa melhorar a dor e a incapacidade associadas à SDRC

O que queríamos descobrir?

Queríamos saber se os tratamentos fisioterapêuticos melhoram a dor e a incapacidade em adultos (maiores de 18 anos) com SDRC.

O que fizemos?

Procuramos por ensaios clínicos que avaliaram adultos com SDRC quando comparado à tratamentos fisioterapêuticos com placebo ou cuidados usuais, ou que comparassem tratamentos fisioterapêuticos entre si.

Comparamos e resumimos os resultados dos estudos e classificamos a certeza das evidências, com base em fatores como métodos do estudo, tamanho e duração do seguimento.

O que encontramos?

Encontramos 33 ensaios clínicos que envolveram um total de 1.317 pessoas com SDRC I nos membros superiores, membros inferiores ou ambos. Os ensaios investigaram o efeito de uma variedade de tratamentos fisioterapêuticos. Encontramos apenas um estudo envolvendo 22 pessoas com SDRC II.

Aqui apresentamos os resultados das comparações entre diferentes tratamentos fisioterapêuticos com tratamentos placebo, ou tratamentos usuais e para comparações entre tratamentos fisioterapêuticos.

Redução da dor

Não temos certeza se algum dos tratamentos fisioterapêuticos e tratamento de placebo ou cuidados de rotina, bem como as comparações entre diferentes tratamentos fisioterapêuticos entre si.

Redução da incapacidade

Não temos certeza se algum dos tratamentos fisioterapêuticos investigados nos ensaios clínicos ajuda a reduzir a incapacidade associada à SDRC.

Efeitos colaterais

Não temos certeza se algum dos tratamentos fisioterapêuticos investigados nos ensaios clínicos identificamos causa algum efeito colateral indesejável.

Quais são as limitações das evidências?

Os ensaios clínicos randomizados foram pequenos e a maioria foi conduzida de maneira que poderia introduzir erros em seus resultados. Esta conduta limitou nossa confiança nas evidências.

Até quando as evidências estão atualizadas?

As evidências estão atualizadas até Julho de 2021.

Conclusão dos autores: 

As evidências são muito incertas sobre os efeitos das intervenções de fisioterapia na dor e na incapacidade na SDRC. Esta conclusão é semelhante à nossa revisão de 2016. São necessários ECRs robusta e de alta qualidade, com seguimento a longo prazo, para avaliar a eficácia das intervenções fisioterapêuticas no tratamento da dor e incapacidade em adultos com SDRC I e II.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A síndrome da dor regional complexa (SDRC) é uma condição dolorosa e incapacitante que geralmente se manifesta em resposta a trauma ou cirurgia e está associada a dor significativa e incapacidade. A síndrome da dor regional complexa pode ser classificada em dois tipos: tipo I (SDRC I) -no qual uma lesão nervosa específica não foi identificada; e tipo II (SDRC II) onde existe a lesão nervosa foi identificável. As diretrizes recomendam a inclusão de diversas intervenções fisioterapêuticas como parte do tratamento multimodal de pessoas com SDRC. Esta é a primeira atualização da revisão originalmente publicada na Edição 2, em 2016.

Objetivos: 

Determinar a eficácia das intervenções fisioterapêuticas para o tratamento da dor e da incapacidade associadas à SDRC dos tipos I e II em adultos.

Métodos de busca: 

Para esta atualização, pesquisamos nas seguintes bases de dados: CENTRAL (Cochrane Library), MEDLINE, Embase, CINAHL, PsycINFO, LILACS, PEDro, Web of Science, DARE e Health Technology Assessments de fevereiro de 2015 a julho de 2021,sem restrições de idioma. Também examinamos nas lista de referências dos estudos incluídos e entramos em contato com um um especialista da área. Também pesquisamos em fontes on-lines adicionais para estudos não publicados e estudos em andamento.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados que avaliaram intervenções fisioterapêuticas comparadas com placebo, sem tratamento, outra intervenção ou cuidado usual, ou outras intervenções fisioterapêuticas em adultos com SDRC. Os desfechos primários foram a intensidade da dor e a incapacidade. Os desfechos secundários incluíram escores compostos para os sintomas da SDRC, qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), escalas de percepção global do paciente sobre a mudança (PGIC, na sigla em inglês) e efeitos adversos.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores, independentemente, conduziram a triagem dos estudos nas bases de dados quanto à elegibilidade, realizaram a extração de dados, avaliaram o risco de viés e classificaram a certeza das evidências utilizando a metodologia GRADE.

Principais resultados: 

Incluímos 16 novos estudos (600 participantes) juntamente com 18 os estudos da revisão original, totalizando 34 ECRs(1.339 participantes). Trinta e três estudos incluíram participantes com SDRC I e um estudo incluiu participantes com SDRC II. Os estudos incluídos compararam diversas intervenções incluindo reabilitação física, modalidades de eletroterapia, reabilitação direcionada corticalmente, eletroacupuntura e abordagens baseadas em exposição. A maioria das intervenções foi testada em estudos únicos e pequenos. A maioria apresentou alto risco de viés geral (27 estudos) e o restante tinha risco de viés incerto (sete estudos). Para todas as comparações e desfechos, classificamos a certeza da evidência como muito baixa, rebaixada devido a sérias limitações do estudo, imprecisão e inconsistência. Os estudos incluídos raramente, relataram efeitos adversos.

Fisioterapia versus cuidados mínimos para adultos com SDRC I

Um estudo (135 participantes) de fisioterapia multimodal, para o qual os dados de dor não estavam disponíveis, não encontrou diferenças entre grupos na intensidade da dor, no acompanhamento de 12 meses. A fisioterapia multimodal demonstrou uma pequena melhora entre grupos em relação à incapacidade no seguimento de 12 meses em comparação com um controle de atenção (pontuação de Nível de Prejuízo, escala de 5 a 50; diferença média (DM) -3,7, intervalo de confiança de 95% (IC) de -7,13 a -0,27) (evidência de muito baixa certeza). Os dados equivalentes para dor não estavam disponíveis e os detalhes sobre eventos adversos não foram relatados.

Fisioterapia versus cuidados mínimos para adultos com SDCR II

Não encontramos nenhum estudo avaliando a fisioterapia em comparação com os cuidados mínimos para adultos com SDRC II.

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil ( Aline Rocha e Jânio Luiz Correia Júnior). Contato: tradutores.cochrane.br@gmail.com

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