Pilates para dor lombar

Pergunta da revisão

Avaliar os efeitos do método de Pilates em pacientes com dor lombar não específica aguda, subaguda ou crônica.

Introdução

A dor lombar é um problema de saúde importante em todo o mundo. Um dos tratamentos mais frequentes é a prática de exercícios físicos, e nos últimos anos, o Pilates tem sido uma opção comum para o tratamento da dor lombar.

Data da busca

Nós realizamos buscas de artigos publicados até março de 2014. Nós atualizamos as buscas em junho de 2015, mas esses resultados ainda não foram incluídos nesta revisão.

Características dos estudos

Essa revisão incluiu 10 estudos e 510 participantes ao todo.Todos os estudos incluíram pessoas com dor lombar não específica e crônica.O número de participantes por estudo variou entre 17 até 87 pessoas A duração dos programas de tratamento nos estudos incluídos variou de 10 a 90 dias. Esses pacientes foram seguidos pelos pesquisadores ao longo de um período de tempo que variou entre um mês até no máximo seis meses.

Resultados principais

Segundo os resultados dos estudos, no longo e médio prazo, o Pilates é provavelmente mais efetivo que intervenções mínimas para desfechos de dor e deficiência. A curto prazo, o Pilates é mais efetivo que intervenções mínimas para melhora da função e da impressão geral de recuperação. No curto e médio prazo, o Pilates provavelmente não é mais efetivo que outros exercícios para dor e deficiência. Os outros exercícios foram mais efetivos do que o Pilates para melhorar a função a médio prazo, mas não a curto prazo. Portanto, apesar de existirem algumas evidências indicando que o Pilates possa ser efetivo no tratamento da dor lombar, não há evidências conclusivas de que ele seja superior a outros tipos de exercícios. Os estudos incluídos nesta revisão relataram poucos ou nenhum efeito adverso associado com o uso do Pilates para dor lombar.

Qualidade da evidência

A qualidade geral da evidência nesta revisão foi baixa a moderada.

Conclusão dos autores: 

Nós não encontramos nenhuma evidência de alta qualidade para nenhuma das comparações entre os tratamentos, desfechos ou períodos investigados. Porém, existe evidência de qualidade baixa a moderada de que o Pilates é mais efetivo que uma intervenção mínima para dor e incapacidade. Na comparação do Pilates versus outros exercícios para melhora da função, ele mostrou ter um pequeno efeito sobre esse desfecho no médio prazo. Assim, enquanto existe alguma evidência da efetividade do Pilates para lombalgia, não existe evidência conclusiva de que ele seja superior a outras formas de exercícios. A decisão para se usar o Pilates para lombalgia pode ser baseada nas preferências dos pacientes ou dos profissionais de saúde e nos custos.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A lombalgia inespecífica é um dos maiores problemas de saúde em todo o mundo. O tratamento mais frequentemente usado para tratar os pacientes com esse problema são as intervenções baseadas em exercícios. Nos últimos anos, o método Pilates tem sido um dos programas de exercícios mais populares na prática clínica.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos do método Pilates sobre a lombalgia inespecífica aguda, subaguda ou crônica.

Métodos de busca: 

Nós realizamos as buscas nas seguintes bases eletrônicas de dados: CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, CINAHL, PEDro e SPORTDiscus, desde sua criação até março de 2014. Nós atualizamos as buscas em junho de 2015, mas estes resultados ainda não foram incorporados à revisão. Nós também buscamos nas bibliografias dos estudos incluídos e em seis bases eletrônicas de registros de ensaios clínicos. Nós não limitamos idioma ou data de publicação.

Critério de seleção: 

Nós apenas incluímos ensaios clínicos randomizados que avaliaram a efetividade do Pilates em adultos com lombalgia inespecífica aguda, subaguda ou crônica. Os desfechos primários foram dor, incapacidade, impressão global de recuperação e qualidade de vida.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores da revisão realizaram independentemente a avaliação do risco de viés dos estudos incluídos utilizando a ferramenta “risco de viés” recomendada pela Cochrane Collaboration. Nós também avaliamos a relevância clínica pela pontuação de cinco perguntas relacionadas a isso com as respostas “sim”, “não” e “não está claro”. Nós avaliamos a qualidade geral da evidência utilizando a ferramenta GRADE. Classificamos os tamanhos do efeito da intervenção em três níveis: pequeno (diferença média (DM) < 10% da escala), médio (DM de 10% a 20% da escala) ou grande (DM > 20% da escala). Quando os estudos usavam escalas diferentes, nós convertemos as medidas dos desfechos para uma escala única de 0 a 100.

Principais resultados: 

A busca encontrou 126 ensaios clínicos; 10 preencheram os critérios de seleção e foram incluídos na revisão (amostra total de 510 participantes). Consideramos que 7 estudos tinham baixo risco de viés e 3 tinham alto risco de viés.

Seis estudos compararam o Pilates com uma intervenção mínima. Existe evidência de baixa qualidade de que Pilates reduz a dor quando comparado com uma intervenção mínima. O tamanho do efeito dessa intervenção foi médio para as avaliações em um curto prazo (menos de três meses após a randomização) (DM -14,05, intervalo de confiança de 95% (95%CI) -18,91 a -9,19). No médio prazo (de 3 meses até menos de 12 meses após a randomização), 2 estudos forneceram evidência de moderada qualidade de que o Pilates reduz a dor em comparação com uma intervenção mínima; o tamanho do efeito foi médio (DM -10,54, 95% CI -18,46 a -2,62). Existe evidência de baixa qualidade, baseada em cinco estudos, de que o Pilates, comparado com uma intervenção mínima, melhora a incapacidade no curto prazo, , com um tamanho de efeito pequeno (DM -7,95, 95% CI -13,23 a -2,67). Esses cinco estudos também mostram que o Pilates tem um efeito na redução da lombalgia no médio prazo, sendo que o tamanho desse efeito é médio (DM -11,17, 95% CI -18,41 a -3,92, evidência de qualidade moderada). Existe evidência de baixa qualidade, proveniente de um único estudo, de que o Pilates melhora a função no curto prazo, sendo que o tamanho desse efeito é pequeno, (DM 1,10, 95% CI 0,23 a 1,97). O mesmo estudo indica que o Pilates melhora a impressão global de recuperação no curto prazo (DM 1,50, 95% CI 0,70 a 2,30; evidência de baixa qualidade; pequeno tamanho do efeito), mas não em médio prazo para nenhum desfecho.

Quatro estudos compararam Pilates com outros exercícios. Para o desfecho dor, nós apresentamos os resultados de forma narrativa devido ao alto grau de heterogeneidade entre os estudos. Em curto prazo, com base em evidência de baixa qualidade, dois estudos demonstraram efeito significante em favor do Pilates e um estudo não encontrou diferença significativa. Em médio prazo, com base em evidência de baixa qualidade, um estudo relatou efeito significante em favor do Pilates, e um estudo relatou diferença não significativa para esta comparação. Para incapacidade, existe evidência de moderada qualidade de que não existe diferença significativa entre o Pilates e outros exercícios, nem em curto prazo (DM -3,29, 95% CI -6,82 a 0,24) nem em prazo intermediário (DM -0,91, 95% CI -5,02 a 3,20) com base em dois estudos para cada comparação. Com base em evidência de baixa qualidade proveniente de um único estudo, não houve diferença significativa no curto prazo em relação à função do grupo que praticou Pilates comparado com o grupo que praticou outros exercícios (DM 0,10, 95% CI -2,44 a 2,64). Porém, houve melhora significante da função avaliada no médio prazo em favor dos outros exercícios apesar de o tamanho do efeito ser pequeno (MD -3,60, 95% CI -7,00 a -0,20). A impressão de melhora global não foi avaliada nesta comparação e nenhum dos estudos incluiu o desfecho qualidade de vida. Dois estudos incluídos nesta revisão avaliaram os efeitos adversos do Pilates: um não encontrou nenhum efeito adverso e o outro relatou efeitos adversos menores.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Julia Vajda de Albuquerque e Carolina de Oliveira Cruz)

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