Tratamentos para queimaduras por águas-vivas

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Queimaduras por águas-vivas são comuns nas regiões costeiras temperadas ao redor do mundo. Células específicas da água-viva, chamadas nematocistos, produzem a queimadura. Os venenos de diferentes espécies de águas-vivas produzem diferentes sintomas, de gravidade variável. Sintomas mais leves incluem dor e reações na pele, como vermelhidão e coceira no local da picada.

Esta revisão identificou sete estudos sobre o tratamento dos ferimentos causados por águas-vivas. Os estudos publicados, assim como os estudos em andamento, avaliaram principalmente duas espécies de águas-vivas: a Physalis (Bluebottle) e a Carybdea alata (Hawai box). Muitos tipos diferentes de tratamentos foram testados nesses estudos. Houve grande variação na duração do tratamento entre os estudos. Existe evidência de qualidade limitada, proveniente de um único estudo, sugerindo que a imersão em água quente alivia a dor. Devido à grande variabilidade dos efeitos dos venenos, esta evidência pode não se aplicar a outras espécies de águas-vivas. Mais pesquisas devem ser realizadas para que os profissionais de saúde possam entender melhor quais são os tratamentos mais efetivos para queimaduras por águas-vivas.

Conclusão dos autores: 

Esta revisão identificou poucos estudos que avaliaram uma variedade de intervenções diferentes, usadas de diversas formas e diferentes contextos. Embora o calor pareça ser um tratamento efetivo para a picada por Physalis (Bluebottle), esta evidência é baseada em um único estudo de baixa qualidade. Ainda não está claro qual forma de aplicar água morna, em qual temperatura, por quanto tempo e com que tipo de água (salgada ou doce) seria o tratamento mais efetivo. Ademais, estes resultados podem não se aplicar a outras espécies de águas-vivas com diferentes características e tipos de venenos. Os futuros estudos devem usar métodos de investigação padronizados para avaliar melhor as intervenções mais efetivas.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Os acidentes decorrentes do contato com águas-vivas são comuns nas regiões costeiras de clima temperado. A gravidade do problema depende da espécie. A queimadura por águas-vivas pode desencadear uma série de sinais e sintomas incluindo dor, reações dermatológicas e, dependendo da espécie, a síndrome de Irukandji (dor no abdome/dorso/peito, taquicardia, hipertensão, sudorese, pilo-ereção, agitação e, por vezes, complicações cardíacas). Muitos tratamentos têm sido sugeridos para tratar os sinais e sintomas das picadas por águas-vivas. No entanto, ainda não está claro quais intervenções seriam mais efetivas.

Objetivos: 

Avaliar os benefícios e riscos associados ao uso de intervenções para o tratamento de queimaduras por águas-vivas, em adultos e crianças, que tenham sido testadas em ensaios clínicos randomizados.

Métodos de busca: 

Realizamos buscas nas seguintes bases de dados eletrônicas em outubro de 2012 e novamente em outubro de 2013: the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL; The Cochrane Library, Issue 9, 2013); MEDLINE via Ovid SP (1948 a 22 de outubro de 2013); Embase via Ovid SP (1980 a 21 de outubro de 2013); e Web of Science (todas as bases de dados; 1899 a 21 de outubro de 2013). Nós também fizemos buscas nas listas de referências dos estudos elegíveis, em diretrizes, atas de conferências e na plataforma de registros de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde (International Clinical Trials Registry Platform-ICTRP) e entramos em contato com especialistas no assunto para identificar estudos.

Critério de seleção: 

Nós incluímos ensaios clínicos randomizados controlados que compararam qualquer intervenção(s) a controles ativos e/ou não ativos para o tratamento de sintomas e sinais decorrentes de picada por águas-vivas. Não houve restrição de idioma, data ou status de publicação.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores da revisão, trabalhando de forma independente, fizeram a seleção dos estudos, a extração dos dados e avaliaram o risco de viés usando um questionário padronizado. As discordâncias foram resolvidas por consenso entre os dois autores, com a intervenção de um terceiro autor quando necessário.

Principais resultados: 

Incluimos sete estudos com um total de 435 participantes. Três estudos focavam na água-viva Physalia (Bluebottle), um estudo na água-viva Carukia e três na água-viva Carybdea alata (Hawaii box). Dois estudos em andamento foram identificados.

Seis dos sete estudos foram classificados como tendo alto risco de viés. O mascaramento não foi possível em quatro dos estudos incluídos por causa da natureza das intervenções. Uma vasta gama de intervenções foi avaliada em todos os estudos, e uma ampla gama de resultados foi medida. Apresentamos os resultados dos dois estudos que tinham dados disponíveis e relatamos os efeitos das intervenções sobre nossos desfechos primários ou secundários.

A imersão em água quente foi superior ao uso de compressas de gelo para redução clinicamente significativa da dor (pelo menos 50%) em 10 minutos (1 estudo, 96 participantes, razão de risco, RR, 1,66, intervalo de confiança de 95%, IC, 1,01-2,72; evidência de baixa qualidade) e também em 20 minutos (1 estudo, 88 participantes, RR 2,66, IC 1,71-4,15; evidência de baixa qualidade). Para os desfechos dermatológicos, não houve diferença estatisticamente significativa entre imersão em água quente e compressas de gelo.

O tratamento com vinagre ou amaciante de carne de Adolph versus imersão em água quente fez a pele parecer pior (1 estudo, 25 participantes, RR 0,31, IC 0,14-0,72; evidência de baixa qualidade).

Nenhum estudo relatou eventos adversos devido ao tratamento.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Lara Faria Souza Dias)