Anti-inflamatórios não esteroidais para o resfriado comum

Pergunta da revisão:
Fizemos uma revisão sobre os efeitos dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para o tratamento da dor e dos sintomas respiratórios (como tosse) associados ao resfriado comum.

Introdução:
O resfriado comum é a doença mais comum e mais amplamente disseminada entre todas pessoas. Os AINEs (como a aspirina, o ibuprofeno e o naproxeno) têm efeitos analgésicos (reduzem a dor) e antipiréticos (reduzem a febre). Há mais de um século, os AINEs são amplamente utilizados para o tratamento da dor e da febre do resfriado comum.

Características do estudo:
A evidência desta revisão está atualizada até abril de 2015. Esta revisão encontrou 9 estudos envolvendo 1.069 participantes (homens ou mulheres, incluindo crianças, adultos e idosos) que viviam nos Estados Unidos, Japão, Bélgica e Dinamarca. Esses estudos compararam diferentes tipos de AINEs entre si ou um AINE com uma substância inativa que não tinha nenhum efeito (placebo).

Resultados principais:
Nossos resultados sugerem que os AINEs podem melhorar a maioria dos sintomas dolorosos do resfriado comum (dores de cabeça, dores de ouvido e dores nos músculos e nas juntas), mas não encontramos evidências claras que os AINEs são efetivos na melhora da tosse e da coriza do resfriado comum. Alguns estudos incluídos relataram que seus participantes que tomaram AINEs tiveram queixas gastrointestinais, coceiras e inchaço (retenção de líquido).

Qualidade da evidência:
Consideramos a qualidade da evidência como moderada por causa da imprecisão. As maiores limitações desta revisão são que os resultados dos estudos são diferentes entre si e que há poucos estudos para cada um dos desfechos.

Conclusão:
Os AINEs têm alguma efetividade para o alívio dos sintomas dolorosos causados pelo resfriado, mas não existe evidência clara dos seus efeitos na melhora dos sintomas respiratórios. O balanço entre os benefícios e malefícios do uso desses remédios precisa ser considerado quando usamos AINEs para resfriados.

Conclusão dos autores: 

Os AINEs têm algum efeito no alívio dos sintomas dolorosos associados ao resfriado comum, mas não há evidência clara do seu efeito no alívio dos sintomas respiratórios. Para usar AINEs em pessoas com resfriados, é preciso levar em consideração o equilíbrio entre os benefícios e malefícios desses medicamentos.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) têm sido amplamente utilizados para o tratamento da dor e da febre associadas ao resfriado comum.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos dos AINEs versus placebo (e outros tratamentos) sobre os sinais e sintomas do resfriado comum e avaliar os efeitos adverso dos AINEs em pessoas com resfriado comum.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: CENTRAL (edição 4, abril 2015, de janeiro de 1966 à terceira semana de abril de 2015), EMBASE (janeiro de 1980 a abril de 2015), CINAHL (de janeiro de 1982 a abril de 2015) e ProQuest Digital Dissertations (de janeiro de 1938 a abril de 2015).

Critério de seleção: 

Ensaios clínicos randomizados (ECRs) que avaliaram o uso de AINEs para o tratamento de adultos ou crianças com resfriado comum.

Coleta dos dados e análises: 

Quatro autores da revisão extraíram os dados. Os estudos foram subdivididos em ECRs que compararam AINEs versus placebo e ECRs que compararam diferentes tipos de AINEs entre si. Extraímos e resumimos os dados quanto aos seguintes desfechos: efeitos analgésicos gerais (como redução de cefaleia e mialgia), efeitos não analgésicos (como redução dos sintomas nasais, tosse, expectoração e espirros) e eventos adversos. Apresentamos as estimativas de efeito dos desfechos expressos na forma de dados dicotômicos como risco relativo (RR) com intervalos de confiança de 95% (IC) e dos desfechos expressos na forma de dados contínuos como diferença média (DM) ou diferença de média padronizada (DMP). Combinamos os dados usando os modelos de efeito fixo e randômico.

Principais resultados: 

Incluímos 9 ECR envolvendo um total de 1.069 participantes. Esses 9 estudos descreviam 37 comparações: 6 estudos compararam AINEs versus placebo e 3 estudos compararam um AINE versus outro AINE. No geral, o risco de viés dos estudos incluídos foi variável. Em uma das metanálises, os AINEs não reduziram significativamente o escore total dos sintomas (DMP -0,40, IC 95% -1,03 a 0,24, três estudos, modelo de efeito randômico), ou duração do resfriado (DM -0,23, IC 95% -1,75 a 1,29, dois estudos, modelo de efeito randômico). O uso de AINE não melhorou a tosse (DMP -0,05, IC 95% -0,66 a 0,56, dois estudos, modelos de efeito randômico), mas produziu uma melhora significativa no escore de espirros (DMP -0,44, IC 95% -0,75 a -0,12, dois estudos, modelo de efeito randômico). O tratamento com AINEs produziu benefícios significativos sobre os desfechos dolorosos (redução da cefaleia, dor de ouvido, dores musculares e nas juntas). O risco de eventos adversos não foi alto com os AINEs (RR 2,94, IC 95% 0,51 a 17,03, dois estudos, modelo de efeito randômico), porém é difícil concluir que essas drogas não sejam diferentes do placebo. A qualidade da evidência foi considerada moderada devido à imprecisão. As maiores limitações desta revisão são que os resultados dos estudos incluídos são bastante diferentes e que há poucos estudos para cada um dos desfechos.

Notas de tradução: 

Traduzido pelo Cochrane Brazil (Antonio José Grande e Carolina de Oliveira Cruz Latorraca). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br

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