Exercício físico para a claudicação intermitente

Contexto

A claudicação intermitente é uma dor tipo cãibra, na perna, que se desenvolve ao caminhar e alivia com o repouso. É causada pela chegada de sangue insuficiente aos músculos das pernas devido a aterosclerose (depósitos de gordura que limitam o fluxo sanguíneo através das artérias). Os doentes com claudicação ligeira a moderada são aconselhados a realizar caminhadas, deixar de fumar e reduzir os fatores de risco cardiovascular. Outros tratamentos incluem medicação antiagregante, pentoxifilina ou cilostazol, angioplastia (introdução de um balão dentro das artérias para as abrir) e cirurgia de bypass.

Estudos e resultados chave

Os autores desta revisão sistemática identificaram 32 ensaios clínicos controlados, que aleatorizaram 1835 adultos com dor estável nas pernas em diferentes braços de estudo: exercício físico, tratamento habitual ou placebo, ou outras intervenções (até Novembro 2016). Os autores analisaram os resultados num período de tempo de 2 semanas a 2 anos. O tipo de exercício físico variou desde treino de força até polestriding (caminhada com bastão, com um padrão de movimento semelhante ao ski) e exercícios dos membros superiores ou inferiores; em geral, as sessões supervisionadas ocorreram pelo menos duas vezes por semana. A qualidade dos estudos incluídos foi moderada, principalmente devido a ausência de informação relevante. Dez ensaios clínicos reportaram que, no grupo do exercício físico, a distância da caminhada sem dor e a distância máxima que os participantes conseguiram caminhar foi maior. A melhoria mantive-se até dois anos. O exercício físico não melhorou o índice de pressão arterial tornozelo-braço. Não foi observada evidência do efeito do exercício na morte ou necessidade de amputação porque os dados eram poucos. Os autores avaliaram a qualidade de vida usando o questionário SF-36 aos 3 e aos 6 meses. Aos três meses, os indicadores de qualidade de vida - "capacidade funcional", "vitalidade" e "aspetos físico" - melhoraram com o exercício, mas estes dados são limitados, já que apenas foram relatados em dois ensaios. Cinco estudos referiram melhoria da "pontuação do componente físico" e quatro estudos refeririam melhoria da "pontuação de saúde mental" após o exercício aos seis meses, com dois ensaios a reportar ainda melhoria na "função física" e "saúde geral". Todos os outros domínios não apresentaram melhoria 6 meses após o início do tratamento com exercício físico.

As comparações do exercício físico com medicação antiagregante, pentoxifilina, iloprost, vitamina E e compressão pneumática do pé e barriga da perna foram limitadas porque o número de ensaios clínicos e participantes identificados foi pequeno.

Qualidade da evidência

A presente revisão sistemática mostra que os programas de exercício físico parecem melhorar a distância máxima da caminhada para as pessoas consideradas aptas para a prática de exercício físico. Este benefício parece ser sustentado ao longo de dois anos. A evidência científica apresentada nesta revisão foi de qualidade moderada a alta. Embora as diferenças entre os ensaios clínicos fossem evidentes, as populações e os resultados são comparáveis em geral, e os achados são relevantes para doentes com claudicação intermitente. Os resultados combinados foram extraídos de amostras de grandes dimensões - mais de 300 participantes para a maioria dos resultados - usando métodos reprodutíveis.

Notas de tradução: 

Tradução por: Mariana Alves, Médica do Internato de Formação Específica de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Lisboa, Portugal; com o apoio da Cochrane Portugal

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